segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Ruht wohl und bringt auch mich zur Ruh!


Tudo tem um fim, porque tudo - a começar pela Vida - é finito. O Tempo, esse elemento inerente à condição humana, não nos dá tréguas. E mostra-nos, desde que temos ano e meio de idade, que não somos omnipotentes nem eternos.

Nem o sultão do Brunei nem o Dr. Fausto, seja com a sua fortuna, seja vendendo a alma ao diabo, conseguem ter mais um segundo, sequer, do que o mais miserável dos indigentes. A imortalidade é fantasia de sonhadores, defesa de inseguros ou apenas um wishful thinking generoso mas ineficaz.

Para se começarem coisas é necessário terminar outras - ciclos normais e desejáveis, em que cada elemento cumpre os seus objectivos e finalidades. Os blogues não fogem a esta regra.

No dia 16 de Outubro de 2007, na primeira Entrada deste Blogue, escrevi: "As nuvens existem, porque os céus sempre azuis carregam consigo a monotonia e o conformismo. Mas entre elas existe um espaço azul. Entre elas surge o sol, como garante da ousadia, exemplo do desejo, imagem da fantasia, símbolo do hoje e do amanhã. A nossa vida é, na melhor das hipóteses, um sexto da de uma fralda descartável. Ou da de um saco de plástico. Mas a nossa eternidade alcança-se na partilha, na explosão da nossa vida em mil pedaços, repartida pelos filhos, pelo que fazemos, pela dádiva, pelas impressões digitais que deixamos nesta nossa passagem efémera".


Por condicionalismos vários, estive uma semana sem internet e não pude actualizar este Espaço. Foi bom, porque deu-me tempo para reflectir na pertinência da continuidade deste lugar (e de chegar à conclusão que... tudo tem um fim). Mantenho o que escrevi nesse primeiro dia e, ao rever as 1.232 Entradas e ao pensar nas quase 200.000 visitas, creio que valeu a pena. Falámos de muita coisa, trocaram-se ideias e opiniões, foram muitos os comentários.

Chegou a altura de dar corpo a outros projectos, iniciar novos ciclos. Para a posteridade, ficará este registo, neste domínio da net, bem como no "Música, Luar e Poesia". Continuem a vir, revejam coisas antigas, façam deste Espaço um espaço vosso, como sempre fizeram.

Termino com um verso de Torquato da Luz e com um excerto da Paixão de Bach - ambos as letras simbolizam de forma exemplar o que sinto..

Talvez o fim não seja o fim e ainda
haja mais qualquer coisa além do fim.
Talvez ao fim da noite que não finda
haja um dia sorrindo para mim.



Ruht wohl, ihr heiligen Gebeine, die ich nun weiter nicht beweine, ruht wohl und bringt auch mich zur Ruh!
(Repousem em paz os teus restos sagrados, que não chorarei.
Repousa em paz, e traz-me a mim, também, a paz)

É a sensação com que fico, ao terminar este Blogue: paz, tranquilidade, alegria e uma passagem para o futuro mas em continuidade com o passado. Assim se vive, goza e frui o presente.

Obrigado por tudo!

domingo, 5 de dezembro de 2010

30 anos...

Crédito imagem: 1bp. blog

 
Faz hoje 30 anos que fiquei sem Pai. Tanto tempo, já. Mas, curiosamente, descubro em cada dia a riqueza do que me transmitiu, regras, princípios, valores, e cada dia revejo mais e mais momentos - simples, pequenos, simbólicos -, em que me deu tanto.

Revejo-o em muito do pai que sou para os meus filhos e até dou comigo a repetir frases que ele dizia, fosse "a calma é a base da Ciência", quando estávamos apressados e pouco rigorosos para fazer alguma coisa, ou a perguntar se "éramos accionistas da companhia da electricidade" quando deixávamos as luzes todas acesas.

Recordo esperar pela chegada dele, do consultório, para ter a oportunidade deainda  ir ver as roseiras ou apanhar caracóis dos agapantos - tantos e tantos momentos singelos mas cheios de amor. É isso que sinto, e é isso que me faz falta, mesmo que apenas alguns escassos meses antes dele morrer tivéssemos encontrado as "palavras-chave" para abrir as portas das nossas respectivas timidezes. O amor do meu Pai foi feito de silêncios carregados de sentimentos. Não foi perfeito, mas foi o melhor Pai que eu alguma vez pudesse ter tido. E para mim, é quanto basta.

atchim!


Crédito imagem: imgres.com

Chegou-me ao conhecimento este poema de António Lobo Antunes, que não resisto a publicar, em tempo de gripes. Para mostrar como é o "sexo forte" (será que as gerações mais jovens ainda sabem o que esta definição queria dizer?):

Poema aos homens constipados

Pachos na testa, terço na mão,
Uma botija, chá de limão,
Zaragatoas, vinho com mel,
Três aspirinas, creme na pele
Grito de medo, chamo a mulher.
Ai Lurdes que vou morrer.

Mede-me a febre, olha-me a goela,
Cala os miúdos, fecha a janela,
Não quero canja, nem a salada,
Ai Lurdes, Lurdes, não vales nada.
Se tu sonhasses como me sinto,
Já vejo a morte nunca te minto,
Já vejo o inferno, chamas, diabos,
Anjos estranhos, cornos e rabos,
Vejo demónios nas suas danças
Tigres sem listras, bodes sem tranças
Choros de coruja, risos de grilo
Ai Lurdes, Lurdes fica comigo

Não é o pingo de uma torneira,
Põe-me a Santinha à cabeceira,
Compõe-me a colcha,
Fala ao prior,
Pousa o Jesus no cobertor.
Chama o Doutor, passa a chamada,
Ai Lurdes, Lurdes nem dás por nada.
Faz-me tisana e pão de ló,
Não te levantes que fico só,
Aqui sozinho a apodrecer,
Ai Lurdes, Lurdes que vou morrer.

sábado, 4 de dezembro de 2010

a greve dos controladores espanhóis

Crédito imagem: El Pais


A greve dos controladores espanhóis, que está a lançar a Europa, designadamente Portugal, no caos (para lá da neve e do frio), é simplesmente indecente, obscena e injusta. E a democracia não pode contemporizar com estes atentados, sob pena de ceder a novas formas de barbárie e de chantagem terrorista.

A greve é um direito. Tramar a vida dos outros, designadamente dos que não são os patrões dos grevistas, é uma flata de respeito e uma, desculpem o termo, "sacanice".

Este é um exemplo (entre muitos que se podem dar) da necessidade de intervenção atempada (não o está a ser) do governo e das forças militares, enquanto garantes da estabilidade democrática. Se os grevistas reclamam haver certos serviços que não podem ser privatizados, então têm de se submeter ao interesse público. 

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

velho mas bonito


Ouvi hoje esta música e não resisti a trazê-la aqui., Velhinha, cantada por dois "monstros sagrados". Barbara e Moustaki. La dâme brune.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

tão unidos que eles estão...

Crédito de imagem: Público on-line

Talvez para relembrar o 1º de Dezembro, a neve quase que ia tramando a ida dos dois primeiros-ministros, de Portugal e Espanha, a Zurique, onde hpoje se decide quem vai organizar o Mundial de 2018. A Inglaterra e a Rússia são os adversários.

O que é mais engraçado é que, tal como o aeroporto de Beja, o "Alqueva-construam-me-porra" e outras coisas mais, o cidadão pagante não sabe (nem pode ter acesso a essa informação) quanto vai custar, quanto se vai ganhar e quem vai ganhar com esta organização que, concordo, é um ex-libris (é o evento que mais dinheiro faz correr e mais jornalistas traz a qualquer local onde se organize), mas que deixa um país a pensar no que é que se vai meter.

Será grandioso, com certeza, Mundial, submarinos, TGV e outras coisas mais. Acredito que, no caso vertente, dois políticos à beira do colapso vejam na "candidatura ibérica" um balão de oxigénio. Junte-se-lhe Madail (e porventura Mourinho, depois dos 5-0), mas... quanto vai custar a um país debilitado? E quem bvai ganhar, repito? E quantas comissões, de organização, recepção, fiscalização, com os respectivos presidentes, vogais, conselhos consultivos, comissão de apoio à comi~ssão... e com que ordenados, porventura exclusão de dimninuição de salário, mordomias e cartões de crédito?

Se alguém souber, por favor, "mi liga"... é que no Magalhães dos meus filhos não se consegue saber...

terça-feira, 30 de novembro de 2010

75 anos da morte de Pessoa

Fernando Pessoa, Álvaro de Campos, Alberto Caeiro, Bernardo Soares, António Mora, Ricardo Reis... tantos e tão bons. O maior poeta de sempre, na minha opinião, foi Fernando Pessoa. A sua versatilidade, expressa nos magníficos heterónimos, é ímpar.


Faz hoje 75 anos que Pessoa morreu. Às 20h30h, no Hospital de São Luís, em Lisboa.  

A morte é a curva da estrada,
Morrer é só não ser visto.
Se escuto, eu te oiço a passada
existir como eu existo.

A terra é feita de céu.
A mentira não tem ninho.
Nunca ninguém se perdeu.
Tudo é verdade e caminho.

Obrigado, Grande Pessoa!

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

voto aos 16 - uma questão de justiça.


Crédito imagem: 4bp.blogspot

Antes dos 16 anos um jovem pode casar-se, ir para a prisão, comprar carro e tirar carta de motorizada. Ou ter filhos. Não pode contudo votar, pese embora ser o seu futuro, próximo e distante, que está em causa, bem como um OGE cuja grande fatia é a de serviços que lhe dizem directamente respeito, como os da Educação por exemplo.

Há muito que pediatras de todo o mundo, designadamente dos países nórdicos e dos EUA defendem o voto aos 15 ou 16 anos. Já o faço publicamente desde 1995.

Surge agora um projecto apoiado pelo BE e pela JSD. É de louvar. E espero que vingue, mesmo que os partidos se arrepiem de ver uam franja que não controlam poder contribuir para escolher os destinos do país. O argumento de que "os jovens não têm maturidade para votar" faz-me apenas pensar naquelas pessoas, bem maiores de idade, que aparecem na televisão e dizem que "Soares foi o último rei de Portugal", que "a culpa é toda desses malandros" ou que "os ricos paguem a crise".  Ou que apenas se interessam pela namorada do Ronaldo, pelo casamento do futuro rei do Reino Unido ou se a actriz não-se-quantas se separou do apresentador de televisão não-sei-quantos. Terão maturidade política para votar? Pelo menos, maior do que os jovens de 16 anos duvido que tenham.

Quem achar que "é uma idiotice" que pense se, aos 16 anos, não tinha já maturidade para escolher quem deveria ser governo, presidente ou autarca.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

melhor do que a obrigatoriedade de votar


Na Cartalunha, esta foi a maneira de apelar ao voto. Eficaz? Provavelmente não se saberá... mas a ideia é original, isso sim.

(E que o Barça ganhe ao Real na segunda-feira, com o memo "placer").

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

500 anos!

Escultura: Viggeland

Hoje os meus Pais estão de parabéns!. Os seus oito filhos somam 500 anos de idade. Meio milénio (e a prole deles ainda mais). O que significa que alcançarão a Eternidade e descobrirão o Infinito - estou certo! Parabéns, Pais.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

ground zero


Crédito imagem: mirror-uk-rb
Em 2008, Portugal teve pela primeira vez mais óbitos do que nascimentos, na sua população residente.

No ano passado tivemos um novo recorde: o número de nascimentos desceu, pela primeira vez em mais de cem anos, a menos de 100.000.
Não fôra o saldo migratório positivo, a população residente tinha decrescido.
 
A continuar assim, acabamos como país, mesmo sem a entrada do FMI (também se poderia chamar Fomento Materno-Infantil - talvez ajudasse as famílias na facilitação do projecto de planear, ter e criar filhos)

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

simplesmente Waca Waca


Foi fenomenal. Ela, os efeitos cénicos, ela, o som, ela, o ambiente, ela, as músicas...

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

engolir sapos


Crédito de imagem: Prazer das artes

Beja foi uma cidade governada pelo PCP, por mais de 30 anos, tendo mudado depois para o PS. Sempre foi um bastião da resistência antifascista e da luta pelos direitos dos "humilhados e ofendidos". Mas, ao contrário do que este chavão possa sugerir, não tem sido, pelo menos nos últimos tempos, um exemplo de tolerância ou de modernidade. Pelo contrário, algumas das suas práticas lembram a mais negra idade medieval.

Já uma vez mencionei aqui o muro que estava a ser construído, em parte da cidade, para isolar a comunidade "dos outros". Agora, li no Público que alguns comerciantes e habitantes da cidade andam a colocar sapos de barro ou de madeira às portas de casa porque sabem que, para a cultura cigana, esse animal é sinónimo de azar e de doença. Ainda há dias, um rapaz dessa zona me falava de como, na escola, havia "além das pessoas, os ciganos".

Não duvido que os problemas com a comunidade cigana sejam alguns. Mas as pessoas ciganas são, que eu saiba, portugueses como qualquer um de nós. Mais, a COnstituição da República proibe terminantemente a menção da "raça" da pessoa, como acontece por exemplo em estudos epidemiológicos em que não é permitido incluir nenhuma pergunta relativamente a esse ponto

Os problemas terão de ser resolvidos e, como são plurifactoriais e complexos, a solução não sairá de nenhuma cartola. No entanto, parece-me que não será através de práticas quase satânicas que se chegará lá.

vale a pena rever cada um...

Edison "Edson" Arantes do Nascimento, nascido há 70 anos. Pelé, para os aficcionados e para o público em geral. Chegou a ser ministro do Desporto, quando da restauração da democracia no Brasil.

No dia 19 de Novembro de 1969 marcava o seu milésimo golo, um feito nunca ultrapassado (no total da carreira marcou 1284 golos). Foi mesmo o Rei!

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

retomamos...

Pois é. Isto de mudar de casa não é nada fácil... e daí este Blogue ter estado em stand-by. Mas agora vai retomar as actividades. Obrigado pela paciência e desculpem a interrupção.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

para ler ao fim da tarde

Vale a pena ler porque e, interiormente, tentarmos responder às questões...

11 do 11 às 11

11 de Novembro, às 11h. O Dia da Memória (Remembrance Day), que celebra o momento da assinatura do Armistício de Compiègne, no final da I Guerra Mundial, em 1918. Foi num vagão de um combóio, na floresta de Compiègne, que o marechal Foch e Matthias Erzberger assinaram a rendição alemã, na qual o povo germânico, para lá de sofrer uma enorme humilhação, teve de contrair dívidas de guerra incalculáveis (a última tranche foi paga há escassos dias... quase um século depois).

Há quem diga que esta humilhação, provavelmente feita com o objectivo de "domar" a Alemanha, associada às enormes carências económicas subsequentes às indemnizações de guerra, contribuiram para exacerbar o nacionalismo e o sentimento anti-judeu que permitiu coisas como a eleição de Hitler. Aliás, foi no mesmo combóio e no mesmo local que o ditador alemão fez o primeiro-ministro Reynaud assinar a rendição de França, em 1940 (ficam imagens históricas):


Fica a imagem do Cenotaph, ao lado de Downing Street, onde todos os anos decorre a cerimónia evocativa, mostrando que Inglaterra, uma vez mais, esteve do lado certo da História.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

as moscas é que mudam... mas haverá outras?


Crédito imagem: portuguesbrasileiro.istockphoto.com

Os juros da dívida portuguesa não param de subir. Os especuladores (também chamados "mercados", uma entidade cinzenta que escapa a qualquer controlo, mas que sabe bem como ganhar dinheiro, especialmente em tempo de crise - apontando armas sobre os países mais em crise) não ficaram muito "incomodados" com a aprovação do OGE. O festival impressionou mais o povoléu do que os referidos mercados.

No fundo, os fazedores de dinheiro estão-se nas tintas para Portugal e, mais, sabem que não cumpriremos nenhum compromisso nem a nossa economia se erguerá a ponto de pagarmos o que devemos (mais os juros) e ainda produzir o que consumimos (a ideia do orçamento de baze zero, aprovada na AR por sugestão do BE, parece uma excelente ideia mas duvido que alguém a aplique).

Contudo, o que mais impressiona (ou não) é que a desconfiança é tanto para o PS (por razões óbvias e legítimas) como para o PSD (que viabilizou o orçamento e será governo dentro de escassos meses).

Especuladores são especuladores... mas "vampirismo" à parte, são capazes de ter razão: mesmo que o governo mude, a ineficácia e a incompetência serão provavelmente as mesmas e os boys diferentes mas iguais. O que nos deixa um travo bem amargo na boca, e um sentimento de inquietação relativamente ao futuro, sobretudo dos nossos filhos e netos...

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Chico vence Prémio Portugal Telecom

Um grande escritor, um grande poeta, um grande cantor, um grande Homem (para muitas mulheres, um gold standard do que deve ser um exemplar masculino). Venceu o Prémio Portugal Telecom com um excelente romance que recomendo vivamente. Nostáligo, bem narrado, entusiasmante, com humor, triste e intenso... como Chico...

domingo, 7 de novembro de 2010

BENFICA 2 - grande MEC

Parafraseando Miguel Esteves Cardoso, grande benfiquista: "O Benfica é como eu: vai ao Porto para não fazer nada e comer bem". Ou "É expulso Luisão. Os benfiquistas começam a querer ir para casa. Quem os pode condenar?" Ou, ainda, ao intervalo: "A humilhação não é perder por pouco ou muito - a humilhação é uma equipa que já está a ganhar por 3-0 jogar como se ainda tivesse de marcar mais três para não ficar mal vista.".

Grande MEC. Assim é que é (somos). Isto é só futebol e (supostamente) é para divertir (hoje, enfim, o gozo não foi muito mas melhores dias virão). SLBBBBBBBBBBB!

BENFICA 1 - uma mão cheia de nada, e a outra de coisa nenhuma...

Pois é. Razão tinha o Luís Filipe Vieira: falta de comparência só dava 3-0 e poupavam-se uns amarelos e encarnados.
Ao terceiro desisti de ver e optei por música, mas ao que dizem foi um banho-de-bola. Há que reconhecê-lo, mesmo quando sabe a tortura...

Parabéns aos tripeiros.
PS. se alguém encontrar a equipa do ano passado, ligue por favor para o Dói-dói, Trim-trim...

sábado, 6 de novembro de 2010

va te faire fute.. bol

A construção do Estádio Internacional da cidade de Al-Kahder, nos arredores de Belém, Cisjordânia, foi financiada por Portugal, através do Instituto Português de Cooperação para o Desenvolvimento (IPAD). Ficou bonito!

Considerado pelo governo como "uma oferta de Portugal aos desportistas palestinianos", custou dois milhões de dólares, tem capacidade para 6.000 espectadores, e dispõe de piso sintético e de iluminação.

Ah. Esta oferta de um "bem essencial "a um povo realmente  carenciado de bens essenciais, é própria de um país rico, e foi feita em 2007, mas, claro, nessa altura não havia crise e nadávamos todos em dinheiro.
E, por falar em futebol, vejam como o tão democrata presidente Evo Morales, da Bolívia, resolveu uma jogada num "amigável" de futebol...


Ui! Até até aqui doeu!

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

o hábito de mandar parlamentos pelos ares não é recente


Quem frequentou colégios ingleses sabe quem foi Guy Fawkes, ou Guido Fawkes, nome que adoptou por solidariedade com os católicos de Espanha. Soldado inglês católico, participou na "Conspiração da pólvora" que tinha como objectivo  assassinar o rei Jaime I de Inglaterra e todos os membros do parlamento, aproveitando a sessão de 5 de Novembro de 1605.




Preso e torturado durante uma semana, Guy Fawkes assinou uma confissão e foi enforcado por traição. Ainda hoje o seu fim é celebrado na Bonfire Night (Noite das Fogueiras).

Pelos vistos, a ideia de mandar os deputados pelos ares não é nenhuma novidade - não havia era televisões a darem a notícia em directo...

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

e Obama perdeu as intercalares...


E dizemos nós mal de Portugal... mas afinal, imbecis há-os em todo o lado.

os ventos da História, ninguém os consegue parar.


Foi a 4 de Novembro de 1956 que as tropas soviéticas esmagaram com violência a tentativa húngara de estabelecer uma democracia multipartidária e de dar ao povo húngaro o direito de decidir do seu próprio futuro.

Mais de 50 anos depois, mesmo com o desaparecimento da URSS, do Pacto de Varsóvia e do falhanço total (político, económico e social) do sistema ditatorial comunista da "Europa de Leste", ainda há, em Portugal, quem tenha a desfaçatez de se sentar na Assembleia da República e de glorificar a violência comunista, seja relativamente a estes eventos, seja nos seus ersatzs de Cuba, Coreia do Norte ou tantos outros.

Parafraseando o excelente poeta (que não o banal candidato):

(...)
Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.


Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.


A Hungria é hoje um país livre e democrata. Porque muitos resistiram. Porque muitos disseram "não!". Enquanto os adeptos dos regimes ditatoriais continuam prisioneiros dentro de si mesmos. Aberrantes e pequeninos. Não entrarão na porta grande da História.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

o bazar alemão

Lê-se avidamente. Depois de "O último cais" (o que mais tinha gostado até agora), Helena Marques consegue tele-transportar-nos para uma terra, uma data e para o entrecruzamento de várias vidas.

Não é preciso ser-se complicado na escrita para se contar uma boa história, com sentimentos em catadupa, mas com o rigor histórico necessário. Recomendo!

terça-feira, 2 de novembro de 2010

dia de Finados

Crédito imagem: coisa util.com


De tudo, ao meu amor serei atento
antes e com tal zelo, e sempre e tanto
que mesmo em face do maior encanto
dele se encante mais meu pensamento.

Quero vive-lo em cada vão momento
e em seu louvor hei de espalhar meu canto
e rir meu riso e derramar meu pranto
ao seu pesar ou ao seu contentamento.

E assim quando mais tarde me procure
quem sabe a morte, angustia de quem vive
quem sabe a solidão, fim de quem ama.

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.


Vinicius de Moraes - Soneto do amor eterno


Segundo o Diário de Notícias de hoje, há por dia 72 divórcios em Portugal. Sem contar com todas as separações que, por não ter havido casamento, não entram nas estatísticas. Não sei o que um número assim, desenquadrado do resto, significa, mas sei que, segundo o INE, 40% dos casamentos terminam em divórcios. Será bom? Será mau? Depende, de cada caso, de cada casal, de cada casamento.

Muitas explicações - algumas delas catastrofistas - podem ser adiantadas. Não me vou (agora) debruçar sobre elas, mas quanto a mim as relações (conjugais, familiares, comerciais, de amizade, políticas, religiosas, etc) devem durar "nem mais nem menos tempo do que devem durar". Pleonasmo? Redundância? Lapalissada? Porventura. Mas acredito que a transparência relacional corresponde a um aperfeiçoamento da Humanidade e a um salto qualitativo na dignidade e na liberdade individuais e colectivas. O amor é eterno enquanto dura. Se durar para sempre, óptimo. Se não durar, óptimo na mesma. Com os lutos necessários e indispensáveis. Mas com a certeza de que os amanhãs são sempre oportunidades, de que o nosso percurso de vida somos (também) nós que o fazemos... e que o nosso melhor amigo é aquele que nos olha quando olhamos para o espelho.

O amor é eterno enquanto dura, escreveu Vinicius, mas para mim, prestando homenagem à genialidade do poeta, o que importa é que, também, o amor seja terno enquanto dura.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

ler... mas será mesmo ler?


Crédito imagem: inconstanza.files.wordpress.com

Sem emitir nenhum juízo de valor e com o máximo respeito pela pessoa em causa, atrevo-me a perguntar: será que o Professor Marcelo sabe ler? No sentido essencial do termo, claro, e referindo-me a poesia, romances e ficcão em geral.

É que, na minha modesta opinião, ler não é apenas soletrar ou descodificar símbolos alfabéticos, mas encontrar um espaço e um tempo para viver e fruir o que está escrito - afinal, as memórias vivas dos escritores e das personagens. A "leitura em diagonal" que permite a Marcelo saber o interior (com algumas reticências e muitas invenções e "cortes") de "n" livros numa noite, não é, na minha opinião, verdadeiramente ler.
Ler é recuperar o ritmo humano, é parar para reflectir e saborear, é fechar os olhos e ser senhor do Tempo - quase um deus, portanto -, e também voltar atrás, reler e rever. Marcelo descodifica símbolos, mas isso também faz qualquer robot de primeira geração.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

a ver...

O Governo aprovou esta quinta-feira, na generalidade, uma proposta que cria o crime de violência escolar para actos de violência como maus tratos físicos ou psíquicos, incluindo ofensas sexuais e castigos corporais.

TSF on-line

A ideia é muito boa... mas depende da definição de caso, de como vão ser avaliados os hipotéticos episódios, de as pessoas entenderem o que são arrufos normais entre crianças do verdadeiro bullying, de perceber que agressividade não é violência... enfim, de tanta coisa que... e mais não digo... fico à espera das cenas dos próximos capítulos...

PS: e que seja extensível às praxes...

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

hoje


- Mestre: como é que podemos não cometer erros, no nosso percurso de vida? - perguntou o discípulo.
- Tornando-nos sábios. - respondeu o visado.
E como é que nos tornamos sábios? - quis saber o discípulo.
- Cometendo erros... - esclareceu o Mestre.


E reflectindo sobre eles, aprendendo com eles e tentando não os repetir, acrescento eu.

E, já agora, tendo como ponto de honra que nunca mais deixarei ninguém me magoar (e, na mesma medida, tentarei não magoar ninguém), uso a frase de Rimbaud para declarar a minha total rejeição ao seu enunciado: "par des delicatèsses j´ai perdu ma vie!". Não! As cerimónias, os faz-de-conta e a "sociedade" não me farão perder a vida, não manipularão os anos que me restam nem cercearão a minha liberdade.

No dia em que fiz 10 anos - lembro-me como se fosse hoje , apostei comigo próprio que morreria aos 54. A conta, creio eu, terá sido pensar que no ano 2000 (mítico!) teria 44, ao que adicionei os 10 que já tinha. Hoje Delfos, o oráculo e as pitonisas foram derrrotadas, num processo já negociado desde há anos (pior do que o OGE). Mas, por muito parvo que tudo isto possa parecer, desenhei o meu percurso de vida, nos seus vários níveis, tendo em conta esta fatalidade cósmica. Encontro-me, assim, com folhas em branco á minha frente, relembrando a frase da canção de Sérgio Godinho e Ivan Lins: "Já fizemos tanto e tão pouco, que há-de ser de nós?!"

Acordo assim para um novo dia, mas também para uma nova vida. A sensação de liberdade é enorme e transcendente. E a consequente alegria, também. Obrigado Catarina, Pedro, Filipa, Eduardo, Zé Maria, Tomás, Sofia, Tiago, António, Helena e Maria, Filipe, Teresa, Virgínia e tantos e tantos outros. Eles sabem quem são. Eu sei quem eles são. Alguns já morreram mas estão dentro de mim, nas minhas memórias, no meu inconsciente, nas partículas de que sou composto e que, um dia (afinal não aos 54) explodirão e renascerão noutras formas de vida, aqui e ali, no reino animal e no reino vegetal, segundo as leis enunciadas por Lavoisier.

Nasci em 55,  faço 55. Sinto-me livre - hoje renasci verdadeiramente para uma nova vida. Oxalá possa ser (ainda mais )feliz e contribuir também para a felicidade daqueles por quem tenho estima e que me dizem alguma coisa afectivamente. Obrigado a todos os que me deram algo e que me ajudaram a melhorar. Aos outros, agradecer não posso, perdoar não quero, ignorar desejo e consigo.