Tudo tem um fim, porque tudo - a começar pela Vida - é finito. O Tempo, esse elemento inerente à condição humana, não nos dá tréguas. E mostra-nos, desde que temos ano e meio de idade, que não somos omnipotentes nem eternos.
Nem o sultão do Brunei nem o Dr. Fausto, seja com a sua fortuna, seja vendendo a alma ao diabo, conseguem ter mais um segundo, sequer, do que o mais miserável dos indigentes. A imortalidade é fantasia de sonhadores, defesa de inseguros ou apenas um wishful thinking generoso mas ineficaz.
Para se começarem coisas é necessário terminar outras - ciclos normais e desejáveis, em que cada elemento cumpre os seus objectivos e finalidades. Os blogues não fogem a esta regra.
No dia 16 de Outubro de 2007, na primeira Entrada deste Blogue, escrevi: "As nuvens existem, porque os céus sempre azuis carregam consigo a monotonia e o conformismo. Mas entre elas existe um espaço azul. Entre elas surge o sol, como garante da ousadia, exemplo do desejo, imagem da fantasia, símbolo do hoje e do amanhã. A nossa vida é, na melhor das hipóteses, um sexto da de uma fralda descartável. Ou da de um saco de plástico. Mas a nossa eternidade alcança-se na partilha, na explosão da nossa vida em mil pedaços, repartida pelos filhos, pelo que fazemos, pela dádiva, pelas impressões digitais que deixamos nesta nossa passagem efémera".
Por condicionalismos vários, estive uma semana sem internet e não pude actualizar este Espaço. Foi bom, porque deu-me tempo para reflectir na pertinência da continuidade deste lugar (e de chegar à conclusão que... tudo tem um fim). Mantenho o que escrevi nesse primeiro dia e, ao rever as 1.232 Entradas e ao pensar nas quase 200.000 visitas, creio que valeu a pena. Falámos de muita coisa, trocaram-se ideias e opiniões, foram muitos os comentários.
Chegou a altura de dar corpo a outros projectos, iniciar novos ciclos. Para a posteridade, ficará este registo, neste domínio da net, bem como no "Música, Luar e Poesia". Continuem a vir, revejam coisas antigas, façam deste Espaço um espaço vosso, como sempre fizeram.
Termino com um verso de Torquato da Luz e com um excerto da Paixão de Bach - ambos as letras simbolizam de forma exemplar o que sinto..
Talvez o fim não seja o fim e ainda
haja mais qualquer coisa além do fim.
Talvez ao fim da noite que não finda
haja um dia sorrindo para mim.
Ruht wohl, ihr heiligen Gebeine, die ich nun weiter nicht beweine, ruht wohl und bringt auch mich zur Ruh!
(Repousem em paz os teus restos sagrados, que não chorarei.
Repousa em paz, e traz-me a mim, também, a paz)
É a sensação com que fico, ao terminar este Blogue: paz, tranquilidade, alegria e uma passagem para o futuro mas em continuidade com o passado. Assim se vive, goza e frui o presente.
Obrigado por tudo!