quinta-feira, 4 de novembro de 2010

os ventos da História, ninguém os consegue parar.


Foi a 4 de Novembro de 1956 que as tropas soviéticas esmagaram com violência a tentativa húngara de estabelecer uma democracia multipartidária e de dar ao povo húngaro o direito de decidir do seu próprio futuro.

Mais de 50 anos depois, mesmo com o desaparecimento da URSS, do Pacto de Varsóvia e do falhanço total (político, económico e social) do sistema ditatorial comunista da "Europa de Leste", ainda há, em Portugal, quem tenha a desfaçatez de se sentar na Assembleia da República e de glorificar a violência comunista, seja relativamente a estes eventos, seja nos seus ersatzs de Cuba, Coreia do Norte ou tantos outros.

Parafraseando o excelente poeta (que não o banal candidato):

(...)
Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.


Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.


A Hungria é hoje um país livre e democrata. Porque muitos resistiram. Porque muitos disseram "não!". Enquanto os adeptos dos regimes ditatoriais continuam prisioneiros dentro de si mesmos. Aberrantes e pequeninos. Não entrarão na porta grande da História.

1 comentário:

Mário disse...

Fica aqui um poema de Egito Gonçalves, sobre a Hungria.

BUDAPESTE

Isabel da Hungria nunca atropelaria um gato, nem com o seu
delicado borzeguim, ao olhar o Danúbio do alto da cidadela.
Isabel fazia milagres e transmitiu os genes à sua neta para
fazer com que aparecessem rosas no avental que D. Dinis
comprara uma manhã na feira de Coimbra.

Isabel olhou as pontes do Danúbio, uma das quais tinha o seu
nome, exclamou extasiada Oh! Ah! e arrancou no Opel no momento
em que o gato atravessava, correndo, para apanhar a melhor
réstea solar na vetusta muralha. Senti o inesperado sobressalto
do pneu e pensei, amargurado: Turismo oblige!

Mas vi o felino sair do outro lado e percebi que o lugar se
mantinha marcado pelo espírito de Isabel da Hungria
- ou então
o gato saíra de um poema de György Somlyó.