terça-feira, 30 de novembro de 2010

75 anos da morte de Pessoa

Fernando Pessoa, Álvaro de Campos, Alberto Caeiro, Bernardo Soares, António Mora, Ricardo Reis... tantos e tão bons. O maior poeta de sempre, na minha opinião, foi Fernando Pessoa. A sua versatilidade, expressa nos magníficos heterónimos, é ímpar.


Faz hoje 75 anos que Pessoa morreu. Às 20h30h, no Hospital de São Luís, em Lisboa.  

A morte é a curva da estrada,
Morrer é só não ser visto.
Se escuto, eu te oiço a passada
existir como eu existo.

A terra é feita de céu.
A mentira não tem ninho.
Nunca ninguém se perdeu.
Tudo é verdade e caminho.

Obrigado, Grande Pessoa!

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

voto aos 16 - uma questão de justiça.


Crédito imagem: 4bp.blogspot

Antes dos 16 anos um jovem pode casar-se, ir para a prisão, comprar carro e tirar carta de motorizada. Ou ter filhos. Não pode contudo votar, pese embora ser o seu futuro, próximo e distante, que está em causa, bem como um OGE cuja grande fatia é a de serviços que lhe dizem directamente respeito, como os da Educação por exemplo.

Há muito que pediatras de todo o mundo, designadamente dos países nórdicos e dos EUA defendem o voto aos 15 ou 16 anos. Já o faço publicamente desde 1995.

Surge agora um projecto apoiado pelo BE e pela JSD. É de louvar. E espero que vingue, mesmo que os partidos se arrepiem de ver uam franja que não controlam poder contribuir para escolher os destinos do país. O argumento de que "os jovens não têm maturidade para votar" faz-me apenas pensar naquelas pessoas, bem maiores de idade, que aparecem na televisão e dizem que "Soares foi o último rei de Portugal", que "a culpa é toda desses malandros" ou que "os ricos paguem a crise".  Ou que apenas se interessam pela namorada do Ronaldo, pelo casamento do futuro rei do Reino Unido ou se a actriz não-se-quantas se separou do apresentador de televisão não-sei-quantos. Terão maturidade política para votar? Pelo menos, maior do que os jovens de 16 anos duvido que tenham.

Quem achar que "é uma idiotice" que pense se, aos 16 anos, não tinha já maturidade para escolher quem deveria ser governo, presidente ou autarca.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

melhor do que a obrigatoriedade de votar


Na Cartalunha, esta foi a maneira de apelar ao voto. Eficaz? Provavelmente não se saberá... mas a ideia é original, isso sim.

(E que o Barça ganhe ao Real na segunda-feira, com o memo "placer").

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

500 anos!

Escultura: Viggeland

Hoje os meus Pais estão de parabéns!. Os seus oito filhos somam 500 anos de idade. Meio milénio (e a prole deles ainda mais). O que significa que alcançarão a Eternidade e descobrirão o Infinito - estou certo! Parabéns, Pais.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

ground zero


Crédito imagem: mirror-uk-rb
Em 2008, Portugal teve pela primeira vez mais óbitos do que nascimentos, na sua população residente.

No ano passado tivemos um novo recorde: o número de nascimentos desceu, pela primeira vez em mais de cem anos, a menos de 100.000.
Não fôra o saldo migratório positivo, a população residente tinha decrescido.
 
A continuar assim, acabamos como país, mesmo sem a entrada do FMI (também se poderia chamar Fomento Materno-Infantil - talvez ajudasse as famílias na facilitação do projecto de planear, ter e criar filhos)

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

simplesmente Waca Waca


Foi fenomenal. Ela, os efeitos cénicos, ela, o som, ela, o ambiente, ela, as músicas...

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

engolir sapos


Crédito de imagem: Prazer das artes

Beja foi uma cidade governada pelo PCP, por mais de 30 anos, tendo mudado depois para o PS. Sempre foi um bastião da resistência antifascista e da luta pelos direitos dos "humilhados e ofendidos". Mas, ao contrário do que este chavão possa sugerir, não tem sido, pelo menos nos últimos tempos, um exemplo de tolerância ou de modernidade. Pelo contrário, algumas das suas práticas lembram a mais negra idade medieval.

Já uma vez mencionei aqui o muro que estava a ser construído, em parte da cidade, para isolar a comunidade "dos outros". Agora, li no Público que alguns comerciantes e habitantes da cidade andam a colocar sapos de barro ou de madeira às portas de casa porque sabem que, para a cultura cigana, esse animal é sinónimo de azar e de doença. Ainda há dias, um rapaz dessa zona me falava de como, na escola, havia "além das pessoas, os ciganos".

Não duvido que os problemas com a comunidade cigana sejam alguns. Mas as pessoas ciganas são, que eu saiba, portugueses como qualquer um de nós. Mais, a COnstituição da República proibe terminantemente a menção da "raça" da pessoa, como acontece por exemplo em estudos epidemiológicos em que não é permitido incluir nenhuma pergunta relativamente a esse ponto

Os problemas terão de ser resolvidos e, como são plurifactoriais e complexos, a solução não sairá de nenhuma cartola. No entanto, parece-me que não será através de práticas quase satânicas que se chegará lá.

vale a pena rever cada um...

Edison "Edson" Arantes do Nascimento, nascido há 70 anos. Pelé, para os aficcionados e para o público em geral. Chegou a ser ministro do Desporto, quando da restauração da democracia no Brasil.

No dia 19 de Novembro de 1969 marcava o seu milésimo golo, um feito nunca ultrapassado (no total da carreira marcou 1284 golos). Foi mesmo o Rei!

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

retomamos...

Pois é. Isto de mudar de casa não é nada fácil... e daí este Blogue ter estado em stand-by. Mas agora vai retomar as actividades. Obrigado pela paciência e desculpem a interrupção.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

para ler ao fim da tarde

Vale a pena ler porque e, interiormente, tentarmos responder às questões...

11 do 11 às 11

11 de Novembro, às 11h. O Dia da Memória (Remembrance Day), que celebra o momento da assinatura do Armistício de Compiègne, no final da I Guerra Mundial, em 1918. Foi num vagão de um combóio, na floresta de Compiègne, que o marechal Foch e Matthias Erzberger assinaram a rendição alemã, na qual o povo germânico, para lá de sofrer uma enorme humilhação, teve de contrair dívidas de guerra incalculáveis (a última tranche foi paga há escassos dias... quase um século depois).

Há quem diga que esta humilhação, provavelmente feita com o objectivo de "domar" a Alemanha, associada às enormes carências económicas subsequentes às indemnizações de guerra, contribuiram para exacerbar o nacionalismo e o sentimento anti-judeu que permitiu coisas como a eleição de Hitler. Aliás, foi no mesmo combóio e no mesmo local que o ditador alemão fez o primeiro-ministro Reynaud assinar a rendição de França, em 1940 (ficam imagens históricas):


Fica a imagem do Cenotaph, ao lado de Downing Street, onde todos os anos decorre a cerimónia evocativa, mostrando que Inglaterra, uma vez mais, esteve do lado certo da História.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

as moscas é que mudam... mas haverá outras?


Crédito imagem: portuguesbrasileiro.istockphoto.com

Os juros da dívida portuguesa não param de subir. Os especuladores (também chamados "mercados", uma entidade cinzenta que escapa a qualquer controlo, mas que sabe bem como ganhar dinheiro, especialmente em tempo de crise - apontando armas sobre os países mais em crise) não ficaram muito "incomodados" com a aprovação do OGE. O festival impressionou mais o povoléu do que os referidos mercados.

No fundo, os fazedores de dinheiro estão-se nas tintas para Portugal e, mais, sabem que não cumpriremos nenhum compromisso nem a nossa economia se erguerá a ponto de pagarmos o que devemos (mais os juros) e ainda produzir o que consumimos (a ideia do orçamento de baze zero, aprovada na AR por sugestão do BE, parece uma excelente ideia mas duvido que alguém a aplique).

Contudo, o que mais impressiona (ou não) é que a desconfiança é tanto para o PS (por razões óbvias e legítimas) como para o PSD (que viabilizou o orçamento e será governo dentro de escassos meses).

Especuladores são especuladores... mas "vampirismo" à parte, são capazes de ter razão: mesmo que o governo mude, a ineficácia e a incompetência serão provavelmente as mesmas e os boys diferentes mas iguais. O que nos deixa um travo bem amargo na boca, e um sentimento de inquietação relativamente ao futuro, sobretudo dos nossos filhos e netos...

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Chico vence Prémio Portugal Telecom

Um grande escritor, um grande poeta, um grande cantor, um grande Homem (para muitas mulheres, um gold standard do que deve ser um exemplar masculino). Venceu o Prémio Portugal Telecom com um excelente romance que recomendo vivamente. Nostáligo, bem narrado, entusiasmante, com humor, triste e intenso... como Chico...

domingo, 7 de novembro de 2010

BENFICA 2 - grande MEC

Parafraseando Miguel Esteves Cardoso, grande benfiquista: "O Benfica é como eu: vai ao Porto para não fazer nada e comer bem". Ou "É expulso Luisão. Os benfiquistas começam a querer ir para casa. Quem os pode condenar?" Ou, ainda, ao intervalo: "A humilhação não é perder por pouco ou muito - a humilhação é uma equipa que já está a ganhar por 3-0 jogar como se ainda tivesse de marcar mais três para não ficar mal vista.".

Grande MEC. Assim é que é (somos). Isto é só futebol e (supostamente) é para divertir (hoje, enfim, o gozo não foi muito mas melhores dias virão). SLBBBBBBBBBBB!

BENFICA 1 - uma mão cheia de nada, e a outra de coisa nenhuma...

Pois é. Razão tinha o Luís Filipe Vieira: falta de comparência só dava 3-0 e poupavam-se uns amarelos e encarnados.
Ao terceiro desisti de ver e optei por música, mas ao que dizem foi um banho-de-bola. Há que reconhecê-lo, mesmo quando sabe a tortura...

Parabéns aos tripeiros.
PS. se alguém encontrar a equipa do ano passado, ligue por favor para o Dói-dói, Trim-trim...

sábado, 6 de novembro de 2010

va te faire fute.. bol

A construção do Estádio Internacional da cidade de Al-Kahder, nos arredores de Belém, Cisjordânia, foi financiada por Portugal, através do Instituto Português de Cooperação para o Desenvolvimento (IPAD). Ficou bonito!

Considerado pelo governo como "uma oferta de Portugal aos desportistas palestinianos", custou dois milhões de dólares, tem capacidade para 6.000 espectadores, e dispõe de piso sintético e de iluminação.

Ah. Esta oferta de um "bem essencial "a um povo realmente  carenciado de bens essenciais, é própria de um país rico, e foi feita em 2007, mas, claro, nessa altura não havia crise e nadávamos todos em dinheiro.
E, por falar em futebol, vejam como o tão democrata presidente Evo Morales, da Bolívia, resolveu uma jogada num "amigável" de futebol...


Ui! Até até aqui doeu!

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

o hábito de mandar parlamentos pelos ares não é recente


Quem frequentou colégios ingleses sabe quem foi Guy Fawkes, ou Guido Fawkes, nome que adoptou por solidariedade com os católicos de Espanha. Soldado inglês católico, participou na "Conspiração da pólvora" que tinha como objectivo  assassinar o rei Jaime I de Inglaterra e todos os membros do parlamento, aproveitando a sessão de 5 de Novembro de 1605.




Preso e torturado durante uma semana, Guy Fawkes assinou uma confissão e foi enforcado por traição. Ainda hoje o seu fim é celebrado na Bonfire Night (Noite das Fogueiras).

Pelos vistos, a ideia de mandar os deputados pelos ares não é nenhuma novidade - não havia era televisões a darem a notícia em directo...

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

e Obama perdeu as intercalares...


E dizemos nós mal de Portugal... mas afinal, imbecis há-os em todo o lado.

os ventos da História, ninguém os consegue parar.


Foi a 4 de Novembro de 1956 que as tropas soviéticas esmagaram com violência a tentativa húngara de estabelecer uma democracia multipartidária e de dar ao povo húngaro o direito de decidir do seu próprio futuro.

Mais de 50 anos depois, mesmo com o desaparecimento da URSS, do Pacto de Varsóvia e do falhanço total (político, económico e social) do sistema ditatorial comunista da "Europa de Leste", ainda há, em Portugal, quem tenha a desfaçatez de se sentar na Assembleia da República e de glorificar a violência comunista, seja relativamente a estes eventos, seja nos seus ersatzs de Cuba, Coreia do Norte ou tantos outros.

Parafraseando o excelente poeta (que não o banal candidato):

(...)
Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.


Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.


A Hungria é hoje um país livre e democrata. Porque muitos resistiram. Porque muitos disseram "não!". Enquanto os adeptos dos regimes ditatoriais continuam prisioneiros dentro de si mesmos. Aberrantes e pequeninos. Não entrarão na porta grande da História.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

o bazar alemão

Lê-se avidamente. Depois de "O último cais" (o que mais tinha gostado até agora), Helena Marques consegue tele-transportar-nos para uma terra, uma data e para o entrecruzamento de várias vidas.

Não é preciso ser-se complicado na escrita para se contar uma boa história, com sentimentos em catadupa, mas com o rigor histórico necessário. Recomendo!

terça-feira, 2 de novembro de 2010

dia de Finados

Crédito imagem: coisa util.com


De tudo, ao meu amor serei atento
antes e com tal zelo, e sempre e tanto
que mesmo em face do maior encanto
dele se encante mais meu pensamento.

Quero vive-lo em cada vão momento
e em seu louvor hei de espalhar meu canto
e rir meu riso e derramar meu pranto
ao seu pesar ou ao seu contentamento.

E assim quando mais tarde me procure
quem sabe a morte, angustia de quem vive
quem sabe a solidão, fim de quem ama.

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.


Vinicius de Moraes - Soneto do amor eterno


Segundo o Diário de Notícias de hoje, há por dia 72 divórcios em Portugal. Sem contar com todas as separações que, por não ter havido casamento, não entram nas estatísticas. Não sei o que um número assim, desenquadrado do resto, significa, mas sei que, segundo o INE, 40% dos casamentos terminam em divórcios. Será bom? Será mau? Depende, de cada caso, de cada casal, de cada casamento.

Muitas explicações - algumas delas catastrofistas - podem ser adiantadas. Não me vou (agora) debruçar sobre elas, mas quanto a mim as relações (conjugais, familiares, comerciais, de amizade, políticas, religiosas, etc) devem durar "nem mais nem menos tempo do que devem durar". Pleonasmo? Redundância? Lapalissada? Porventura. Mas acredito que a transparência relacional corresponde a um aperfeiçoamento da Humanidade e a um salto qualitativo na dignidade e na liberdade individuais e colectivas. O amor é eterno enquanto dura. Se durar para sempre, óptimo. Se não durar, óptimo na mesma. Com os lutos necessários e indispensáveis. Mas com a certeza de que os amanhãs são sempre oportunidades, de que o nosso percurso de vida somos (também) nós que o fazemos... e que o nosso melhor amigo é aquele que nos olha quando olhamos para o espelho.

O amor é eterno enquanto dura, escreveu Vinicius, mas para mim, prestando homenagem à genialidade do poeta, o que importa é que, também, o amor seja terno enquanto dura.