quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

ainda sobre a Amizade

A amizade
É como a poesia
Não sei se é realidade
Ou fantasia
Não sei se é ansiedade
Ou ironia

Não sei se é solidão
Ou companhia

Ou uma forma de magia,
Para dizer não
À realidade
E à monotonia


MC

saíram há 100 anos...



Há cem anos, precisamente, os Estados Unidos abandonavam Cuba, ocupada depois da Guerra Hispano-Americana, ficando apenas com a Base Naval de Guantanamo. Ficaram lá através das influências políticas e económicas, como foi o caso do tempo da ditadura de Fulgencio Baptista.

Cem anos depois, Guantanamo vai ser libertada. Só falta acabar o embargo e libertar Cuba.

Homenageio aqui todos os que cairam pela liberdade, num e no outro lado, e os inocentes que foram presos apenas por razões contextuais... ou por vezes nem isso.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Holocausto


Comemora-se hoje o Dia Internacional de Memória do Holocausto, de acordo com a Resolução 60/7 da Assembleia Geral da ONU.

O dia escolhido foi o da libertação do campo de concentração de Auschwitz-Birkenau.

Para que nunca mais se esqueça. E para que nunca mais se repita, seja na Alemanha, na Polónia, na ex-URSS ou no Zimbabwe.

domingo, 25 de janeiro de 2009

se eu conseguisse... qual o segredo, Père Hugo?


Desejo primeiro que ame,
E que amando, também seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer.
E que esquecendo, não guarde mágoa.

Desejo, pois, que não seja assim,
Mas se for, saiba ser sem desesperar.

Desejo também que tenha amigos,
Que mesmo maus e inconseqüentes,
Sejam corajosos e fiéis,
E que pelo menos num deles
Possa confiar sem duvidar.

E porque a vida é assim,
Desejo ainda que tenha inimigos.
Nem muitos, nem poucos,
Mas na medida exacta para que, algumas vezes,
Se interpele a respeito
De suas próprias certezas.
E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo,
Para que não se sinta demasiado seguro.

Desejo depois que seja útil.
Mas não insubstituível.
E que nos maus momentos,
Quando não restar mais nada,
Essa utilidade seja suficiente para o manter de pé.

Desejo ainda que seja tolerante,
Não com os que erram pouco, porque isso é fácil,
Mas com os que erram muito e irremediavelmente,
E que fazendo bom uso dessa tolerância,
Sirva de exemplo aos outros.

Desejo que, sendo jovem,
Não amadureça depressa demais,
E que sendo maduro, não insista em rejuvenescer
E que sendo velho, não se dedique ao desespero.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor
É preciso deixar que eles escorram por entre nós.

Desejo por sinal que seja triste,
Não o ano todo, mas apenas um dia.
Mas que nesse dia descubra
Que o riso diário é bom,
O riso habitual é insonso e o riso constante é insano.

Desejo que descubra,
Com a máximo urgência,
Acima e a respeito de tudo, que existem oprimidos,
Injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.

Desejo ainda que afague um gato,
Alimente um cuco e ouça o joão-de-barro
Erguer triunfante o seu canto matinal
Porque, assim, se sentirá bem por nada.

Desejo também que plante uma semente,
Por mais minúscula que seja,
E acompanhe o seu crescimento,
Para que saiba de quantas
Muitas vidas é feita uma árvore.

Desejo, outrossim, que tenha dinheiro,
Porque é preciso ser prático.
E que pelo menos uma vez por ano
Coloque um pouco dele
Na sua frente e diga “Isso é meu”,
Só para que fique bem claro quem é o dono de quem.

Desejo também que nenhum de seus afectos morra,
Por ele e por si,
Mas que se morrer, possa chorar
Sem se lamentar e sofrer sem se culpar.

Desejo por fim que sendo homem,
Tenha uma boa mulher,
E que sendo mulher,
Tenha um bom homem
E que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes,
E quando estiverem exaustos e sorridentes,
Ainda haja amor para recomeçar.

E se tudo isso acontecer,
Não tenho mais nada a desejar.


Tirando os gatos e substituindo por cães, concordo com tudo.
Grande Victor Hugo!

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

este é o primeiro dia...

Claro que me podem dizer que é apenas simbólico, que é mais fácil assinar do que fazer, etc, etc.

Mas exactamente por ser simbólico é que é importante e significativo. O primeiro acto de Obama foi fechar Guantanamo. O segundo, cancelar por 4 meses os "julgamentos" que aí estavam a ser feitos. O terceiro, encerrar as prisões da CIA por esse mundo fora (e que parece terem até comprometido Portugal nos célebres voos).

"Um homem define-se pelo seu carácter, não pela cor da pele" - grande Obama. O primeiro dia e não nos desiludiste, pelo contrário. Só por isto já valeu a pena ser eleito.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

desperta a dor

Quem me dera não estar sujeito a esta ditadura. Poder deitar-me à hora que me apetecesse, sem ter de dar justificações à minha própria consciência e aos meus bioritmos de melatonina.

Quem me dera não ter horas para acordar, ou acordar por acordar, tranquilamente, sem fazer a mínima ideia de que horas eram.

Mas não. Ele está aí, para relembrar a existência do Tempo, que é como quem diz, a nossa condição de mortais. Cada minuto que passa é um minuto que passou... dores que despertam em cada manhã.

PS. a hora marcada na fotografia, NÃO é infelizmente a hora em que o meu berra... pelo menos pelo nosso fuso horário...

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

um nascimento e quatro funerais


Foi num dia 21 de Janeiro, em 1976, que o Concorde fez o seu primeiro voo comercial, com dois aviões saindo simultaneamente de Heathrow e Orly com destino Bahrain e Rio de Janeiro, respectivamente.

Era o culminar de doze anos de investigação aeronúatica franco-britânica. Nunca foi um êxito comercial, fazendo quase exclusivamente voos transatlânticos para os EUA.
Em Julho de 2000, uma tragédia (causada por uma mísera peça de outro avião deixada na pista e que, com a força do impacto, furou o depósito de combustível e causou danos no motor) levou à morte 109 pessoas. Em Outubro de 2003, o Concorde despedia-se dos ares. Era um avião muito bonito!

Menos bonito era (e é) Kadafi, o renegado e "condenado à morte" (lembram-se dos raides americanos a Tripoli?), que agora é a mascotezinha do mundo ocidental. Mas num dia 21 de Janeiro, em 1992, as Nações Unidas acusaram a Líbia de ser (como se provou) a mentora do atentado de Lockerbie e de vários outras bombas colocadas em aviões, sob as ordens directas de Kadafi.

Alguns anos antes, em 1950, morria Georges Orwell, aliás Eric Arthur Blair, com 46 anos, vítima de tuberculose.
Jornalista, ensaísta e romancista britânico, tinha como "marca da casa" o desprezo pelo poder e pelas autoridades - Animal Farm, em que critica as revoluções de tipo estalinista, e 1984, em que critica o autoritarismo, foram os seus romances mais conhecidos. Foi enterrado em Oxford e na sua lápide não consta o pseudónimo. Apenas o nome.

Em 1924 quem morria de AVC era Vladimir Ilich Ulianov - o tenebroso Lenin.

E em 1793, Luís XVI, rei de França, "perdia a cabeça", guilhotinado depois de ser considerado como culpado de alta traição.



Tanta coisa num simples dia 21 de Janeiro, em que Portugal morrerão 300 pessoas e nascerão outras tantas.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Martin Luther... dream

Hoje o Dia também é dele.

Ainda bem que há Homens que sonham. Porque a obra nasce.

Parabéns Obama, boa sorte. Parabéns Martin Luther-King, pelo sonho e pelo exemplo de vida.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Jan Palach

Nunca me esquecerei. Os jornais noticiaram, faz hoje 40 anos. Jan Palach, um estudante checo, imolara-se pelo fogo na Praça Venceslau, como protesto pela invasão da Checoslováquia pelos tanques do Pacto de Varsóvia.

O que leva um jovem a decidir-se por isto? Suicídio? Incapacidade de viver com uma realidade externa insuportável? Sacrífício para que a liberdade ganhasse mais força? Heroísmo? Cobardia? Não sei responder.

Mas sei que, com 13 anos, passei muito tempo a pensar no assunto. Impressionou-me. E fez-me pensar que a liberdade não é compatível com certas formas de poder. O que aconteceu na Checoslováquia, em 1968, foi talvez o click para a minha tomada de consciência social e política.

O exemplo de Jan Palach foi seguido, nas semanas posteriores, por quase uma dezena de jovens. O seu corpo foi cremado e as cinzas entregues à mãe, para que nada restasse e não se fizesse dele um mártir. Vinte anos depois, em 1989, a Semana Palach, organizada pela resistência, foi brutalmente reprimida, e tornou-se num catalizador das mudanças políticas na Checoslováquia que levaram à "Revolução de Veludo".

Curiosamente, já em 1969, o astrónomo Luboš Kohoutek (no exílio) tinha baptizado um asteróide com o nome de Palach.

Recomendo vivamente a leitura de "A insustentável leveza do ser", de Milan Kundera, e de "Rock´n Roll", de Tom Stoppard. Talvez consigamos entrar um pouco na mente de Jan Palach.

Viva a Liberdade!

Não foi milagre... foi o piloto!



Neste fim de semana - a propósito deste título que vinha num dos jornais, relativo à queda do avião em Nova Iorque, estive entretido a pensar no que são os milagres e, por associação de ideias, as traições, mais do que os simples pecadilhos de omissão, mentirolas ou esquecimentos.

Voltarei ao tema, mas queria deixar aqui um pontapé de saída: como há tempos escrevi, creio que Deus foi um mau pai, tendo abandonado o filho na cruz. Por arrogância dos deuses, mas perante um filho homem.

Agora, dei por mim a pensar, também baseado em algo que já escrevi, que Judas é que foi traído por Cristo, e não o contrário. Cristo traíu-o, porque sabendo o que se iria passar, conforme o relato da Última Ceia, deveria ter aconselhado Judas, actuado, feito alguma coisa que evitasse que Judas o entregasse e, depois, se enforcasse na figueira, cheio de remorsos e sentimento de culpa.
Cristo agiu mal, e agiu porque Judas representava um perigo - o único homem letrado entre os Apóstolos, o que poderia denunciar todo o obscurantismo que estava inerente à religião, e dar ao movimento cristão as bases teóricas e programáticas a que Cristo queria fugir.

Um péssimo exemplo - prefiro Santo Agostinho, Gandhi, Olof Palme, Obama, tantos outros.

Não se abandonam filhos, não se traem companheiros. Vade retro!

domingo, 18 de janeiro de 2009

Ary - um grande poeta

Ary dos Santos. Um grande Poeta português. Morreu faz hoje vinte e cinco anos.
Nasceu em Lisboa em 1937, e saiu de casa aos 16 anos, exercendo várias actividades para sobreviver.

Publicou vários livros: Asas (1953), Liturgia de Sangue (1964) Azul Existe, Tempo de Lenda das Amendoeiras e Adereços, Endereços (todos de 1965), Insofrimento In Sofrimento (1969), Fotos-Grafias (1971), Resumo (1973), As Portas que Abril Abriu (1975), O Sangue das Palavras (1979) e 20 Anos de Poesia (1983). Em 1994, foi editada uma colectânea das suas obras.

Em 1969, colaborou na campanha da Comissão Democrática Eleitoral e, mais tarde, filiou-se no Partido Comunista Português, mantendo embora um estilo muito pessoal de fazer política - a palavra.

Conhecido também como autor de poemas para canções dos Concursos da RTP (basta relembrar Desfolhada, Cavalo à Solta ou Tourada, entre outras. Irreverente, corajoso, satírico, politica e socialmente incorrecto, apaixonado, vibrante, triste, desiludido, sonhador, deixou cerca de 600 textos destinados a canções.


Original é o poeta
que se origina a si mesmo
que numa sílaba é seta
noutro pasmo ou cataclismo
o que se atira ao poema
como se fosse um abismo
e faz um filho às palavras
na cama do romantismo.
Original é o poeta
capaz de escrever um sismo.

Original é o poeta
de origem clara e comum
que sendo de toda a parte
não é de lugar algum.
O que gera a própria arte
na força de ser só um
por todos a quem a sorte faz
devorar um jejum.
Original é o poeta
que de todos for só um.

Original é o poeta
expulso do paraíso
por saber compreender
o que é o choro e o riso;
aquele que desce á rua
bebe copos quebra nozes
e ferra em quem tem juízo
versos brancos e ferozes.
Original é o poeta
que é gato de sete vozes.

Original é o poeta
que chegar ao despudor
de escrever todos os dias
como se fizesse amor.
Esse que despe a poesia
como se fosse uma mulher
e nela emprenha a alegria
de ser um homem qualquer.

sábado, 17 de janeiro de 2009

1,24 golos por jogo, digo, 1,24 gramas por litro...

O lateral do Sporting, Grimi, foi apanhado ao volante com 1,24 g/L.
Seguiu em liberdade e já regressou aos treinos.

O director de comunicação do SCP diz que "não querem fazer deste assunto um caso".


Não. Não faremos um caso. E tanto que não se fez é que, apesar de 1,24 ser CRIME, foi libertado e voltou à normalidade. Não se faz deste assunto um caso, não. E se Grimi atropelasse alguém ou esbarrondasse um carro, também não era um caso (mesmo que a vítima fosse um filho de outro jogador do SCP).

Nem um cartãozinho amarelo da SAD para o seu jogador? (NOTA: o comentário seria o mesmo se fosse do Benfica ou do Olhanense, ou de outro clube qualquer).

Quando for grande (leia-se, quando for ao volante) quero ser um Gremlin, digo, um Gormitti, ou um Grimi.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

a crise bate a todos...

Manuela Ferreira Leite: “Sendo Governo riscarei imediatamente o TGV”
Entrevista à RTP


a menos que o Sócrates me dê uma moedinha para eu o ajudar a estacionar...

500

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

a propósito de um pesadelo que tive ontem


"Se houver problemas que sejam agora, para que os meus filhos possam viver em paz."

Thomas Payne - sec XVIII

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Torquemada ataca outra vez...


Falando na tertúlia "125 minutos com Fátima Campos Ferreira", que decorreu no Casino da Figueira da Foz, D. José Policarpo deixou um conselho às jovens portuguesas quanto a eventuais relações amorosas com muçulmanos, afirmando: "Cautela com os amores. Pensem duas vezes em casar com um muçulmano, pensem muito seriamente, é meter-se num monte de sarilhos que nem Alá sabe onde é que acabam".


A Igreja no seu melhor (e logo num casino!!!). Depois do Papa condenar os homossexuais por não terem filhos, vem Dom José Policarpo dizer isto - um homem que conheci pessoalmente e que admirei pela sua clarividência e sentido de humor. A primeira parece que se esvaíu, o segundo anda muito rasca.

Jovens: cautela, ou seja, comprem o amor no cauteleiro - pode ser que saia a taluda, ou um taludo. Ou um padre pedófilo, por exemplo.

PS: Quando nos podemos alistar para as Cruzadas contra os Infiéis???

sem palavras...

Gerry McCann em Portugal para tentar encontrar a Maddie

dos Jornais



Eh pá! Já não me lembro onde é que a...

Julius Caesar Augustus

Hoje começa o Ano, para os que seguem ainda o Calendário Juliano. Por cá, seguimos o Gregoriano, e já lá vão 14 dias do ano.

O que fizemos dele? Em que foi diferente do anterior? Quantas promessas já cumprimos? Quantas falhámos? Ainda faltam muitos dias - toca a acelerar o passo e a reparar os erros!

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

custará assim tanto dar felicidade?

Ontem dei comigo a pensar numa coisa: há anos fui a uma reunião em Jersey, nas Ilhas do Canal, onde existe uma enorme comunidade madeirense - a questão que se colocava era debater a melhor abordagem para as crianças e adolescentes que experimentavam algumas dificuldades: desejavam ser portugueses, mas ao mesmo tempo esconder as suas raízes de pobreza e a sua origem rural, e precisavam de ser ingleses, mas sabendo que seriam tratados como estrangeiros.

A solução foi pensar que as sociedades estão sempre em mudança, e que se Jersey agora era predominantemente britânica, há escassos séculos era francesa, e daqui a uns anos, sabe-se lá, eventualmente portuguesa e dos países de leste. Assim, uma das recomendações foi que os britânicos aprendessem o "survival Portuguese" e que não fossem apenas os portugueses a ter de falar inglês.


Ocorreu-me isso ontem, porque os meus filhos têm em casa da Mãe uma empregada ucraniana e constatei que não sabiam sequer dizer "bom dia" em ucraniano. Assim, o nosso "trabalho de casa" de domingo foi descobrir doze palavras fundamentais: "bom dia", "boa noite", obrigado", "por favor", etc. e treiná-las.

Um país que tem 4 milhões de emigrantes e luso-descendentes, e que há menos de meio século vivia em bidonvilles, mostra por vezes um desprezo e uma arrogância enormes perante os emigrantes.

E eles ficaram já felizes ao imaginar a felicidade da empregada, quando lhe disserem "bom dia!" na sua língua materna. Há coisas tão fáceis e tão óbvias, que podem contribuir para sermos felizes - porquê esquecermo-nos sistematicamente delas?

domingo, 11 de janeiro de 2009

para passar bem o tempo

Aconselhável a quem lida com crianças - pais, educadores, psicólogos, médicos - ou aos adultos que já não se lembram muito bem (ou têm vergonha) do tempo "em que os animais falavam".

Recomenda-se: Gramática da Fantasia, da Caminho. Lê-se bem, diverte e ensina. Que mais poderemos querer?

temos Homem!

Barack Obama recusou entregar o seu telemóvel pessoal ao Estado, uma obrigação presidencial americana.

"Têm de arrancá-lo das minhas mãos", avisa o novo Presidente dos Estados Unidos.

sábado, 10 de janeiro de 2009

bateu leve, levemente...




Que saudades. Hoje, felizmente, tivemos a ideia de ir passear para a Baixa. A neve foi a melhor recompensa. Quero lá saber dos engarrafamentos de eléctricos - íamos a pé. Com frio e botas de neve, mas a pé. Foi bom.

Faz-me lembrar há 21 anos, em Oxford, com 18 graus negativos. Que saudades!

depois do ponto final, pronuncio-me.


Picasso - Maya com uma boneca

Factos
12.02.02 Nasce Esmeralda
28.05.02 É entregue ao casal Gomes num consultório dentário da Sertã, pela mãe biológica. PERGUNTA: em que condições? Já havia uma Lei da Adopção em Portugal e há muito que se falava de adopções "pela porta do cavalo". Houve dinheiro envolvido?

11.07.02 Baltazar diz que assumirá a paternidade após fazer exames de ADN. PERGUNTA: O que ganharia este rapaz, quase desempregado, em ter uma filha? Na altura não era a "Esmeralda dos media". Se não foi por amor e responsabilidade paternal, porque seria?

08.01.03 Testes confirmam paternidade e Baltazar perfilha a menor em Fevereiro. PERGUNTA: porque insistem alguns em dizer que a miúda teria "morrido à fome" se não fosse o tribunal? Acaso saberão que, na altura, um teste de ADN pedido por particular custava 1500€? E que, mal o tribunal propôs, Baltazar aceitou? E não acham que seria legítimo duvidar que o filho fosse seu quando o motivo de abandonar a namorada tinha sido, precisamente, o facto de ela andar com vários homens?

13.07.04 Sentença de regulação do poder paternal dá guarda da menor a Baltazar. Casal recusa entrega. PERGUNTA: o casal não deveria ter sido imediatamente forçado, pelas autoridades, a cumprir a decisão do tribunal? Estavam acima da Lei?

03.08 Iniciam-se contactos da menor com os pais

19.12.08 A menina é entregue ao pai para passar férias de Natal



05.01.09 Tribunal prolonga estadia por mais uma semana e entrega a guarda provisória da menor ao pai.
PERGUNTA: quase cinco anos para fazer cumprir uma decisão do tribunal que envolvia uma menor... a Justiça não deve meter a mão na consciência? Bem como os que, durante anos "não sabia," do paradeiro da miúda apesar do sargento se apresentar ao serviço todos os dias?

CONCLUSÃO: fez-se Justiça. O Tribunal agiu bem. As espertezas saloias do casal Gomes prejudicaram a criança. O pai demonstrou um carinho e uma luta espantosa, apenas por amor à filha. Está de parabéns. Quanto ao sargento e à mulher, que se alistassem nas filas para adopção, como fazem tantos e tantas. Quiseram ir pela "via verde", num anódino consultório dentário da Sertã... (e como, volto a perguntar? Não lhes terá cheirado a esturro agarrar numa criança assim? Não teria pai? Só mãe?).
Vergonha também para todas as grandes cabeças pensantes que debitaram ciência na TV e nos meios de comunicação em geral. Houve quem até dissesse que se este pai amava a filha verdadeiramente, a desse ao casal - a pergunta deveria ser devolvida a quem a fez, relativamente aos seus próprios filhos ou netos...

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

ao Pedro, pelos seus trinta anos.

Poema ao Filho


Jorge Reis-Sá


Cresceste tanto que deixaste os meus braços para trás.
Dantes, chamavas e eu ia levantar-te do berço, preocupado
com o teu choro.
Deixava-a a dormir e dava-me todo a ti.
Tu, nos meus braços, deitado e tão pequeno, abraçavas-te
muito à minha preocupação. Dizias baixinho: vamos ouvir
música, quero dançar contigo até que os demónios da noite
sejam longe. E eu ia.


Ia tanto como nunca, eu que nunca dancei para ninguém.
Ligava a música, colocava-a baixinho, tão baixinho que só nós sentíamos o seu som
: A rare and blistering sun shines down on Grace Cathedral Park, e dançávamos.

Ao som da música eu era o Pai, ao som da
música tu eras o Filho.
Dançávamos como dois anjos, sabes?, mas isso não te digo porque é muito expressivo e fica mal no Poema.
Dançávamos heróis, é mais bonito. Eu era o teu herói, aquele que te abraçava o corpo pequeno, muito nu e encostado a mim. Tu eras o meu herói, as mãos jovens ainda
te seguravam com a força toda do mundo.
Podem dizer que dançarias com qualquer um que te levantasse do berço e te sossegasse o sono.


Mas não. Quem diz isso nunca foi teu pai e nunca te sentiu filho.
Nós éramos um só, um lugar-comum, eu sei, mas éramos.
Eu apenas contigo nos braços, minha única roupa, meu único conforto, minha única protecção.
Tu embrulhado em mim pela tua pequena pele, inseguro e tímido.


E a noite, a longuíssima noite, eterna noite que eu desejava nunca terminada.
O céu no seu lugar devido,
a terra no seu lugar devido, e nós, nós os dois no lugar que devemos para sempre um ao outro: um no outro, um para o outro como duas peças de um jogo universal.



Agora, filho, agora cresceste e saíste dos meus braços.
Terás um dia alguém que te embale o sono como eu embalei, mas
nunca este amor que nasceu comigo e desabrochou contigo,
nunca este amor que só eu, teu pai, posso oferecer ao longo da noite.






Quadros:
1 -Pai com filhos - Antigo Egipto
2 -Hermes com o bebé Dionisius - Praxiteles
3 -Homem com filho - Salvador Dali
4 -Pai com filho - Vladimir Bourrec
5 -Pai - Lindsay Dawson
6- Pai e filho - Glory Wolfe
7- Pai - Charles White

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

algum do 4º poder pensa que escapa...

O Tribunal da Relação de Lisboa condenou a jornalista Inês Serra Lopes a um ano de prisão pelo crime de favorecimento pessoal na forma tentada no caso do alegado sósia de Carlos Cruz, arguido no processo Casa Pia.


A mesma Jornalista foi condenada em 2007, no "meu" caso das meningites, chegando-se no Tribunal a acordo, dado que o Independente estava falido, e foi obrigada a escrever uma carta que eu poderei divulgar quando desejar, em que confessava ter agido levianamente e por interesses políticos, obliterando a verdade técnica, para favorecer o ministro Correia de Campos.

Teve ainda a lata de, enquanto esperávamos pela decisão da Juíza, me dizer que "estava arrependida e que se tivesse um filho eu seria o pediatra dele".

Fernando Esteves, actual jornalista da Sábado, que desempenhou o papel de escriba, foi obrigado também pelo Tribunal a escrever uma carta de teor semelhante, e testemunhou esta falta de... tudo!

dia da Tricolore

Esta é a bandeira de Itália... digo...

... esta é a bandeira de Itália, adoptada faz agora 60 anos, e que passou a representar o estado italiano - a Tricolore, como o spaghetti ou o penne.

Rerpresentando as cores da Repubblica Cispadana, de 1797, as cores representam a bandeira de Milão (vermelho e branco) e o uniforme da guarda civil milanesa (verde).

Auguri!

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Dia de Reis

Segundo a tradição, neste Dia, em que se comemoram uma de duas coisas: ou a chegada dos reis Magos ao Presépio, ou o dia em que os Reis Magos foram santificados, as crianças antes de dormir deixariam sapatos à janela, com ervas, para que os camelos dos Reis Magos se pudessem alimentar e seguir a viagem. Em troca, os Reis deixariam doces que as crianças encontrariam ao acordar, no sapato onde estavam as ervas.

É engraçado como estas tradições se foram misturando: os sapatos para o Pai Natal, em alguns países (e com toda a lógica) é no Dia de Reis que se dão os presentes, as crianças e os doces ("gostosuras ou travessuras", do Halloween, ou o saco do Pão por Deus).

Ficam, como elementos comuns, a dádiva, a troca, a entre-ajuda, a simplicidade e as crianças (e, actualmente, com o exagero que caracteriza alguns sectores desta sociedade, a obesidade, a cárie dentária e a exigência de alguns "pequenos monstros").

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

a valsa de Bashir e outras tantas recordações...



Não sou nem ateniense, nem grego, mas sim um cidadão do mundo.

Sócrates (o que não era Pinto de Sousa)


Em 1983, tivemos, eu e a Isabel Catanho de Menezes, um encontro secreto, no antigo Hotel Penta, com um dirigente da OLP, que estava em Portugal clandestinamente, e que pretendia ver traduzido para português um livro ("L´affaire Israel")de um conhecido autor/jornalista/filósofo francês, Roger Garaudy, sobre o conflito israelo-palestiniano que abordava, com grande detalhe e rigor factual, o massacre de Sabra e Chatila, perpetrado no Líbano pelas Falanges católicas ultra-direitistas, com a cumplicidade directa de Ariel Sharon.

O Livro foi traduzido e levou-nos a interessantes pesquisas e, consequentemente, a um conhecimento mais profundo das origens do conflito israelo-palestiniano, uma guerra entre povos que conviveram, durante milénios, no mesmo território, "onde os laranjais floriam e a água corria, como floria e corria a paz". Infelizmente, o editor que se tinha mostrado muito interessado, deixou por razões políticas cair o projecto, e a OLP não conseguiu ninguém que pudesse colocar o livro nos escaparates, na versão portuguesa.

Passados vinte e cinco anos, surge um filme sobre o assunto - Valsa com Bashir. Penso agora exactamente o que pensava na altura: basta! chega! é possível (con)viver em paz!

A valsa de Bashir não pode continuar eternamente, mesmo que o que se passa em Gaza nos deixe pessimistas.

PS. durante estes últimos dias comuniquei algumas vezes com um pediatra israelita, de quem sou amigo, e tentei falar com um que trabalha em Gaza (mas deste não consegui obter resposta). Encontrei-os em Barcelona, há mais de dez anos onde, sob a organização de Pasqual Maragall, na altura presidente da Câmara, e de Oriol Vall, um pediatra muito dinâmico da Catalunha, se pretendia lançar um programa de Saúde Infantil no Mediterrâneo, com intercâmbio científico, técnico e o uso das "novas tecnologias" para que os países mais pobres pudessem ter possibilidade de acesso a saúde mais eficiente. Tomámos muitas "copas" juntos, conversámos, discordámos, discutimos e concordámos. E concordámos numa coisa - que a paz é possível - e foi à Paz que brindámos, no Els Quatre Gats, num momento que nunca esquecerei.

O meu amigo israelita disse-me ontem estar a tentar lançar um movimento que possa, de alguma forma, proteger as crianças da Região, sejam de que Estado ou religião forem, dos efeitos da Guerra e da instabilidade. Espero que o consiga - comigo ele já sabe que pode contar!

Sabra, Chatila, Bashir Gemayel. Até quando? Se há Deus, que tenha dó e não seja tão perverso nem se divirta com o sofrimento alheio. Se não há, porquê matarmo-nos por alguém que não existe?

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

libertad o muerte


Cuba. 50 anos de "revolução" - começou como uma revolta justa, contra um ditador corrupto e decadente, avalizado pelos ianques.

Meio século depois, a penúria é total e o clã Castro tornou-se igual aos que derrubaram. Che Guevara revela, dia após dia, mais lados negros e odiosos - herói? Para mim são torcionários iguais aos outros, com as mãos sujas de sangue!

O embargo americano é una mierda e tem sido um apoiante factual do regime cubano. Não é por acaso que Guantánamo fica em Cuba - é o conceito de "inimigos-amigos".

Confio em Obama - que revela, dia a dia, mais postura de estadista, ideias, objectivos, estratégia, realismo. Quanto aos cubanos, duvido que "os tenham no sítio" para mudar alguma coisa.

efeitos do champagne?


Hoje tive um sonho. E pensei que o mundo se tinha tornado num gigantesco cacho de amoras silvestres, umas mais ácidas, outas mais saborosas; as primeiras menos agradáveis ao paladar, mas as segundas manchando tudo e transformando a boca de quem as come numa boca a comer também.

Afinal, para grande desilusão minha, limitei-me a sonhar com a condição humana...

Fotografia: MC

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

desejos para o Ano Novo




Recomeça...
Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.

E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças…


Miguel Torga