quarta-feira, 31 de outubro de 2007

um incentivo à política do governo



O Público on-line noticia, em destaque, que os veados da Lousã estão a acasalar. Ao que parece, furiosa mas entusiasticamente.

Será desta que a política de natalidade deixa de ser um ramalhete de medidas avulsas "para o bom povo ver" e passa a algo de estruturado e sistémico?

Pelo menos no mundo dos veados há algo que mexe...

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Sarko-Sant



Mas, ao que parece - e por muito que me irrite - tiveram ambos razão.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

há sempre algo de novo na vida



Pois foi preciso chegar aos 52 anos para ver realizado um sonho de sempre: ter um violino.
Como canta o Chico Buarque: "alguém me adivinha os desejos".

Agora é... aprender e estudar. Mas a sensação de agarrar nele hoje e, pelo menos, fingir que era primo (muito afastado...) do Menuhin, foi muito boa. E o desafio é grande, mas assim é que tem graça!

Como escreveu Paul Verlaine: "Les sanglots longs des violons de l'automne blessent mon coeur d'une langueur monotone" - e foi assim que o dia D começou.

domingo, 28 de outubro de 2007

saramaguices

"Mesmo que me dê decepções, o comunismo é uma convicção", diz ao DN o "nobeliárquico" Sir Amargo.

Para muitos, o fascismo também...

sábado, 27 de outubro de 2007

hoje

Outono
Quase Inverno
Quae dormindo o sono
Eterno
Rejeito a trono
Rejeito o dono
Rejeito o Céu, a Morte
E o Inferno

Por sorte descubro
Que nasci em Outubro

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

reflexão para fim de semana

O Ministro da Justiça declarou que "condenados por abuso sexual de menores" serão impedidos de trabalhar com crianças, impedimento esse que "constará no seu registo criminal".

O JN anuncia: "Pedófilos proibidos de trabalhar com crianças".



Fica duas questões para reflexão: a pedofilia deve ser crime? esta medida é fundamental, necessária ou justa?

Fotografia: MC - Vicente Photografo, Funchal

variações


Se de Goldberg, apenas as de Gould
Porque as mais sinceras e singelas
O sofrimento divertindo-se com o ardor
Em cada nota a nossa vida sendo elas.


Um Collares, bem frio e seco como deve
A medida do que é nobre e do que é bom
Ao momento que é só sonho e que é só breve
Há que dar, de Bach e Gould, o semitom.





Fotos: Google

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

símbolos

Há quatro anos, no Blógica da Batata, Blogue meu e do meu filho Pedro, escrevíamos:

Catarina
O que se passou algures, num pequeno país chamado Portugal, em que a Catarina, de 3 anos, foi selvaticamente espancada, queimada com cigarros e batida, até morrer nos braços da polícia, mostra como algumas pessoas – políticos, profissionais de saúde, jornalistas, etc -, deveriam ter mais respeito quando perdem tanto tempo a falar de porcarias. Os abusos são, em 95% dos casos, cometidos em casa. As crianças abusadas sofrem perigo de morte, se não houver intervenção. Os abusadores têm que ser afastados e tratados antes de voltar a ter contacto com as crianças. Fartamo-nos de dizer isto, desde há mais de vinte anos.

A Catarina não era uma “presa pseudo-política”. Era uma criança de 3 anos, morta depois de barbaramente torturada, repetida e sadicamente, como o fazia a PIDE, a Stasi, os esbirros de Saddam, da Indonésia ou de Sharom. Soube disso aqui em Praga, pela net. E por uma jornalista do DN, extremamente comovida, que me telefonou. Assim como foram todos a correr para Castelo de Paiva, bem faziam em reservar um minuto de silêncio na AR. Para que não continuem a interessar-se só pelo que lhes interessa, em termos pessoais, de lobbies e de interesses de grupo. Ai, que vontade de dizer “porra!”.



Hoje, a palavra Catarina é para mim reconfortante, apaziguadora, estruturante.
Como símbolos idênticos podem ter significados tão diferentes. Inquieta-me a morte de Catarina. Tranquiliza-me a vida de Catarina.

Fotografia: MC, Imagem: Google

um balcão perto do Céu


Entra-se numa vereda, que aponta "Balcões", o miradouro que pretendemos alcançar.
O caminho está forrado a plátanos e cedros, folhas castanhas e alaranjaradas que atapetam os nossos passos.

De repente o abismo - os abismos - de um e do outro lado. Falésias atapetadas com arbustos e folhas, que nos conduzem às escarpas do vulcão. E o nevoeiro sempre presente, abrindo de quando em quando um espaço azul entre as nuvens.

De súbito o vazio. Estamos num pináculo várias centenas de metros acima do vácuo. As pequenas povoações,os palheiros das vacas, as casas dos homens, tudo parece igual, da Penha d´Àguia ao Pico Ruivo. A esmagadora presença da Terra, relembrando-nos quem sonos e a nossa eterna pequenez.

Há um momento efémero em que entendemos que somos um átomo a mais que se animou. Uma peça a mais que ganhou corpo. Mas nunca redundante. Mas nunca dispensável ou descratável. Mas nunca sem sentido ou sem razão de vida.

No Miradouro dos Balcões respiramos a Terra e os seus elementos. Sentimo-nos minúsculos, mas ao mesmo tempo grandes.
Porque somos parte da Natureza que pode ser - e é -, tão magnífica, esmagadora e encantadora.

"Um lugarzinho perto de Deus"...


Fotografias: MC (Outubro 2007)

evasão



Era tão bom, que pudéssemos agarrar os nossos sonhos, e lançá-los ao ar, para que encontrassem rapidamente os destinos prometidos.

Mas pensando bem, talvez fosse perigosa tanta realidade e, afinal, tão pouco desejo não concretizado. Por outro lado, poderia haver sempre uma greve de pilotos que nos boicotaria a realização e a felicidade. E António Gedeão teria que rever (coitado!) o seu poema: "e o mundo pula e avança, como um A320, entre as mãos de uma criança"...

Fico a ansiar pela próxima viagem...

Foto: MC, num passeio "para ver os aviões"

terça-feira, 23 de outubro de 2007

o Livro, no seu esplendor


Olha-se e não se acredita.
O fascínio é imenso. A cor inebria-nos. O aspecto é quase bizarro. E a vastidão, esmagadora.


Livros, livros e livros. Nas escadas, no tecto, nas paredes, nas estantes.

Falo-vos da Livraria Esperança, no Funchal, a maior livraria de Portugal e uma das maiores do Mundo.


Mas não é a dimensão que a distingue, mas sim dois conceitos que nunca vi em parte alguma: 1º: tem um exemplar de praticamente todas as obras publicadas em português, repondo imediatamente o título a não ser que esgotado na editora; 2º recusa-se a mostrar os livros pela lombada, mas sempre de frente. De capa. Porque se vê a cara de uma pessoa... pela face, e não pelo perfil - é uma homenagem ao Livro, mas também aos Autores, Capistas e Grafistas.


Fundada em 1886, por Jacintho Figueira de Sousa, tem passado de pais para filhos. Foi o primeiro estabelecimento comercial na Madeira a vender apenas livros. Actualmente, com perto de cem mil títulos disponíveis, a Livraria Esperança dá metade dos seus lucros às crianças da Região, na forma de livros, para incentivar o gosto e a prática da Leitura.



Se forem ao Funchal, não deixem de a visitar, na Rua dos Ferreiros 157, um pouco acima do Largo do Município. E de caminho podem provar um Madeira de qualquer tipo e qualquer ano, no armazém que fica à direita de quem sobe.

Haja (e sempre) Esperança!

Fotografias: MC, última: Livraria Esperança

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

quentes e boas...


Parece quase surreal estar de mangas de camisa e calções, com um Verão madeirense, a passear na Avenida do Mar e a ver as pessoas a comer castanhas.
“Quentes e boas!”.


Comer castanhas em fato de banho “não é normal”.

Mas, em Lisboa, na Praça de Londres, o Senhor Eduardo já assentou arraiais – vamos visitá-lo amiúde, neste Outono!



Fotografias: MC

domingo, 21 de outubro de 2007

um pensamento - três mulheres







Grace Kelly. Nathalie Wood. Romy Schneider.
Três Mulheres - com "M" maiúsculo.

Três destinos trágicos, três mortes ambíguas, não completamente esclarecidas.
Três monstros sagrados. Três belezas. Três actrizes versáteis e prodigiosas. Sensuais. Ternas. Belas.

Lembrei-me delas durante um passeio pela Avenida do Mar, no Funchal, com tempo de Verão e uma ligeira brisa salgada a temperar os pensamentos.

Talvez porque olhei para o Monte e vi o sanatório (hoje hospital) onde a raínha Sissi, da Áustria, esteve internada. Ou apenas porque... três mulheres bonitas ocupam sempre espaço na nossa cabeça, e o nosso cérebro tudo faz para arranjar um pretexto para se lembrar delas, especialmente quando se passeia com o mar, o vento leve, o sol e a pessoa amada como companhia.

fotos: Google

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

será que a Polónia não se opôs?



"Sócrates discute Maddie com Gordon Brown"... pois se está tudo em segredo de justiça, o que poderão eles discutir? Se ela era bonita? Que foi uma pena? Que não se devem deixar crianças sozinhas para ir beber uns copos? A notícia do DN não esclarece, porque nada haveria a esclarecer.

Mas fica por esclarecer a desigualdade de tratamento do PM em relação a outros casos idênticos. Isso fica. E a desproporção de um caso destes ser "discutido" por dois primeiros ministros. Ainda se fosse o "pequeno Mugabe" que tivesse desaparecido...

chilreada

Não há melhor do que acordar ao som da chilreada dos pássaros que fizeram lar nas árvores da Praça Pasteur.

Lembro-me de, quando estava de "banco", o som da passarada em Santa Maria, às seis da manhã, nos dias quentes de Verão, depois das terríveis noites sem dormir e a atender casos que, àquela hora, eram sempre graves, me provocava náuseas, quase piores do que os primeiros surtos de luz ou o café com leite a saber a sabão do Toxinas-Bar.



A sensação agora é outra. De sinfonia e de companhia. E de graça.
Ao entardecer também lá estão, aos magotes, escolhendo criteriosamente algumas árvores, mas enchendo-as completamente. E chilreiam, chilreiam, chilream. Cantam, cantam, cantam.

Mais tarde, pelas duas ou três, virão os rouxinóis fazer o seu solo.

Tenho muita sorte!

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

abaixo a pobreza... e quem a apoiar...



Confesso que gostei de ver, ontem, o nosso Presidente preocupado com a luta contra a pobreza, com as desigualdades gritantes entre pobres e ricos, e com a aplicação dos fundos comunitários em betão e não em projectos de índole social.

Mas se Sócrates ficou com as orelhas a arder, há uma pessoa, que foi primeiro-ministro durante dez anos, justamente quando a torneira comunitária debitava vários milhões de contos por dia, que deve ter ficado "com tudo a arder".

ADN e há dias...



Desde os meus tempos da Faculdade que ouvi falar nele. Estudei-o e aprendi a admirar as descobertas de Crick e Watson - a espiral do ADN, que tanta coisa explica (mais ainda do que Freud!).

Mas as declarações recentes de James Watson, são um exemplo de outra descoberta: o princípio de Peter, ou de outra teoria que finalmente se demonstra: ganhar o Prémio Nobel não quer dizer humanismo e inteligência.

O mesmo homem que, há dez anos, afirmou que "uma mulher deveria poder abortar se algum teste mostrasse que o seu filho seria homossexual" ou que "o rastreio genético curaria a estupidez", acaba de dizer que "os africanos são menos inteligentes do que os caucasianos", mostrando-se também contra a mistura de etnias e de populações.

Pobre Watson - ou ele tem razão e é preto, ou não é preto retinto, e (não o sendo efectivamente) é digno de pena.
Fica para a História a sua descoberta. Para os anais da dita (in veru sensu) estas declarações, autênticos monumentos de estupidez - talvez um dia algum geneticista encontre a cura...

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

longe mas perto. Distante e bom.

Tão perto de nós e afinal tão longe. Tão distante mas tão bom.

Estou a falar da Serra de Montejunto, mesmo aqui ao lado de Lisboa, lugar quase esquecido, com vertentes várias e todas elas encantadoras, paisagens magníficas que nos supreendem ao virar da estrada, aldeias bucólicas e vinhedos cor de fogo.

No topo, junto à Estação Meteorológica, a capela da Senhora das Neves, que data do séc.XVIII, as ruínas do primeiro convento dominicano construído em Portugal (séc.XIII) e as do Convento da Reforma do Montejunto. Um pouco mais além, o remanescente da Real Fábrica do Gelo.

Vale a pena mudar de rumo e passear em Montejunto. É um monte mesmo junto, mas talvez por isso, ignorado e distante. Afinal, tão distante mas tão bom...









pica, pica, picapau...



O inefável Betencourt Picanço invadiu ontem, mais uma vez, as televisões e rádios, entrando-nos pela sala ou no carro "sem pedir licença".
Desculpem o azedume, mas embora não tenha nenhum ódio de estimação, sempre que o vejo não posso deixar de pensar duas coisas:

1. como é que o discurso de uma pessoa pode não mudar durante várias décadas;

2. como é que se pode manter no lugar as mesmas décadas, se continua a exigir o mesmo - ou seja, mostra a sua ineficácia total. Diz sempre mal das políticas sectoriais, está sempre contra o governo (qualquer que ele seja), mas pelos vistos, a sua actuação como dirigente sindical é um fracasso - em tanto tempo, se fosse bom sindicalista, já deveria ter conseguido alguma coisa. Mas é ele próprio a dizer que não.

Assim vai o movimento sindical português...

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Olivença, ao menos, não se rendeu...



Escreve-se no Diário de Notícias: "Capital comunista rendida ao 'charme' da realeza espanhola".

Não sabia que existia uma capital comunista (afinal é Beja, sim, a "nossa" Beja, onde esteve a base da Força Aérea alemã). Mas não deixa de ser curiosa esta rendição, no país da padeira de Aljubarrota. E Putin, aceitará isto? Ah, ele já não é comunista.
Mas a existência de uma capital comunista em plena presidência europeia poderá provocar problemas com a representação gemelar da Polónia.

Enfim, o DN, com este título, arrisca-se a criar imbróglios de todo o tamanho... pelo menos do tamanho do ridículo do título desta notícia...

nascer de um espaço


As nuvens existem, porque os céus sempre azuis carregam consigo a monotonia e o conformismo.


Mas entre elas existe um espaço azul. Entre elas surge o sol, como garante da ousadia, exemplo do desejo, imagem da fantasia, símbolo do hoje e do amanhã.


A nossa vida é, na melhor das hipóteses, um sexto da de uma fralda descartável. Ou da de um saco de plástico. Mas a nossa eternidade alcança-se na partilha, na explosão da nossa vida em mil pedaços, repartida pelos filhos, pelo que fazemos, pela dádiva, pelas impressões digitais que deixamos nesta nossa passagem efémera.


Hoje nasce "O espaço azul", porque o seu autor tem algo para dizer e muito para escutar. Mesmo que as palavras e os sons, as imagens e a luz se percam (ou se ganhem?) no espaço azul entre as nuvens.


Aqui estou, quando for o caso, e sempre convosco, sem ser por acaso...