segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Ruht wohl und bringt auch mich zur Ruh!


Tudo tem um fim, porque tudo - a começar pela Vida - é finito. O Tempo, esse elemento inerente à condição humana, não nos dá tréguas. E mostra-nos, desde que temos ano e meio de idade, que não somos omnipotentes nem eternos.

Nem o sultão do Brunei nem o Dr. Fausto, seja com a sua fortuna, seja vendendo a alma ao diabo, conseguem ter mais um segundo, sequer, do que o mais miserável dos indigentes. A imortalidade é fantasia de sonhadores, defesa de inseguros ou apenas um wishful thinking generoso mas ineficaz.

Para se começarem coisas é necessário terminar outras - ciclos normais e desejáveis, em que cada elemento cumpre os seus objectivos e finalidades. Os blogues não fogem a esta regra.

No dia 16 de Outubro de 2007, na primeira Entrada deste Blogue, escrevi: "As nuvens existem, porque os céus sempre azuis carregam consigo a monotonia e o conformismo. Mas entre elas existe um espaço azul. Entre elas surge o sol, como garante da ousadia, exemplo do desejo, imagem da fantasia, símbolo do hoje e do amanhã. A nossa vida é, na melhor das hipóteses, um sexto da de uma fralda descartável. Ou da de um saco de plástico. Mas a nossa eternidade alcança-se na partilha, na explosão da nossa vida em mil pedaços, repartida pelos filhos, pelo que fazemos, pela dádiva, pelas impressões digitais que deixamos nesta nossa passagem efémera".


Por condicionalismos vários, estive uma semana sem internet e não pude actualizar este Espaço. Foi bom, porque deu-me tempo para reflectir na pertinência da continuidade deste lugar (e de chegar à conclusão que... tudo tem um fim). Mantenho o que escrevi nesse primeiro dia e, ao rever as 1.232 Entradas e ao pensar nas quase 200.000 visitas, creio que valeu a pena. Falámos de muita coisa, trocaram-se ideias e opiniões, foram muitos os comentários.

Chegou a altura de dar corpo a outros projectos, iniciar novos ciclos. Para a posteridade, ficará este registo, neste domínio da net, bem como no "Música, Luar e Poesia". Continuem a vir, revejam coisas antigas, façam deste Espaço um espaço vosso, como sempre fizeram.

Termino com um verso de Torquato da Luz e com um excerto da Paixão de Bach - ambos as letras simbolizam de forma exemplar o que sinto..

Talvez o fim não seja o fim e ainda
haja mais qualquer coisa além do fim.
Talvez ao fim da noite que não finda
haja um dia sorrindo para mim.



Ruht wohl, ihr heiligen Gebeine, die ich nun weiter nicht beweine, ruht wohl und bringt auch mich zur Ruh!
(Repousem em paz os teus restos sagrados, que não chorarei.
Repousa em paz, e traz-me a mim, também, a paz)

É a sensação com que fico, ao terminar este Blogue: paz, tranquilidade, alegria e uma passagem para o futuro mas em continuidade com o passado. Assim se vive, goza e frui o presente.

Obrigado por tudo!

domingo, 5 de dezembro de 2010

30 anos...

Crédito imagem: 1bp. blog

 
Faz hoje 30 anos que fiquei sem Pai. Tanto tempo, já. Mas, curiosamente, descubro em cada dia a riqueza do que me transmitiu, regras, princípios, valores, e cada dia revejo mais e mais momentos - simples, pequenos, simbólicos -, em que me deu tanto.

Revejo-o em muito do pai que sou para os meus filhos e até dou comigo a repetir frases que ele dizia, fosse "a calma é a base da Ciência", quando estávamos apressados e pouco rigorosos para fazer alguma coisa, ou a perguntar se "éramos accionistas da companhia da electricidade" quando deixávamos as luzes todas acesas.

Recordo esperar pela chegada dele, do consultório, para ter a oportunidade deainda  ir ver as roseiras ou apanhar caracóis dos agapantos - tantos e tantos momentos singelos mas cheios de amor. É isso que sinto, e é isso que me faz falta, mesmo que apenas alguns escassos meses antes dele morrer tivéssemos encontrado as "palavras-chave" para abrir as portas das nossas respectivas timidezes. O amor do meu Pai foi feito de silêncios carregados de sentimentos. Não foi perfeito, mas foi o melhor Pai que eu alguma vez pudesse ter tido. E para mim, é quanto basta.

atchim!


Crédito imagem: imgres.com

Chegou-me ao conhecimento este poema de António Lobo Antunes, que não resisto a publicar, em tempo de gripes. Para mostrar como é o "sexo forte" (será que as gerações mais jovens ainda sabem o que esta definição queria dizer?):

Poema aos homens constipados

Pachos na testa, terço na mão,
Uma botija, chá de limão,
Zaragatoas, vinho com mel,
Três aspirinas, creme na pele
Grito de medo, chamo a mulher.
Ai Lurdes que vou morrer.

Mede-me a febre, olha-me a goela,
Cala os miúdos, fecha a janela,
Não quero canja, nem a salada,
Ai Lurdes, Lurdes, não vales nada.
Se tu sonhasses como me sinto,
Já vejo a morte nunca te minto,
Já vejo o inferno, chamas, diabos,
Anjos estranhos, cornos e rabos,
Vejo demónios nas suas danças
Tigres sem listras, bodes sem tranças
Choros de coruja, risos de grilo
Ai Lurdes, Lurdes fica comigo

Não é o pingo de uma torneira,
Põe-me a Santinha à cabeceira,
Compõe-me a colcha,
Fala ao prior,
Pousa o Jesus no cobertor.
Chama o Doutor, passa a chamada,
Ai Lurdes, Lurdes nem dás por nada.
Faz-me tisana e pão de ló,
Não te levantes que fico só,
Aqui sozinho a apodrecer,
Ai Lurdes, Lurdes que vou morrer.

sábado, 4 de dezembro de 2010

a greve dos controladores espanhóis

Crédito imagem: El Pais


A greve dos controladores espanhóis, que está a lançar a Europa, designadamente Portugal, no caos (para lá da neve e do frio), é simplesmente indecente, obscena e injusta. E a democracia não pode contemporizar com estes atentados, sob pena de ceder a novas formas de barbárie e de chantagem terrorista.

A greve é um direito. Tramar a vida dos outros, designadamente dos que não são os patrões dos grevistas, é uma flata de respeito e uma, desculpem o termo, "sacanice".

Este é um exemplo (entre muitos que se podem dar) da necessidade de intervenção atempada (não o está a ser) do governo e das forças militares, enquanto garantes da estabilidade democrática. Se os grevistas reclamam haver certos serviços que não podem ser privatizados, então têm de se submeter ao interesse público. 

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

velho mas bonito


Ouvi hoje esta música e não resisti a trazê-la aqui., Velhinha, cantada por dois "monstros sagrados". Barbara e Moustaki. La dâme brune.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

tão unidos que eles estão...

Crédito de imagem: Público on-line

Talvez para relembrar o 1º de Dezembro, a neve quase que ia tramando a ida dos dois primeiros-ministros, de Portugal e Espanha, a Zurique, onde hpoje se decide quem vai organizar o Mundial de 2018. A Inglaterra e a Rússia são os adversários.

O que é mais engraçado é que, tal como o aeroporto de Beja, o "Alqueva-construam-me-porra" e outras coisas mais, o cidadão pagante não sabe (nem pode ter acesso a essa informação) quanto vai custar, quanto se vai ganhar e quem vai ganhar com esta organização que, concordo, é um ex-libris (é o evento que mais dinheiro faz correr e mais jornalistas traz a qualquer local onde se organize), mas que deixa um país a pensar no que é que se vai meter.

Será grandioso, com certeza, Mundial, submarinos, TGV e outras coisas mais. Acredito que, no caso vertente, dois políticos à beira do colapso vejam na "candidatura ibérica" um balão de oxigénio. Junte-se-lhe Madail (e porventura Mourinho, depois dos 5-0), mas... quanto vai custar a um país debilitado? E quem bvai ganhar, repito? E quantas comissões, de organização, recepção, fiscalização, com os respectivos presidentes, vogais, conselhos consultivos, comissão de apoio à comi~ssão... e com que ordenados, porventura exclusão de dimninuição de salário, mordomias e cartões de crédito?

Se alguém souber, por favor, "mi liga"... é que no Magalhães dos meus filhos não se consegue saber...