domingo, 5 de dezembro de 2010

30 anos...

Crédito imagem: 1bp. blog

 
Faz hoje 30 anos que fiquei sem Pai. Tanto tempo, já. Mas, curiosamente, descubro em cada dia a riqueza do que me transmitiu, regras, princípios, valores, e cada dia revejo mais e mais momentos - simples, pequenos, simbólicos -, em que me deu tanto.

Revejo-o em muito do pai que sou para os meus filhos e até dou comigo a repetir frases que ele dizia, fosse "a calma é a base da Ciência", quando estávamos apressados e pouco rigorosos para fazer alguma coisa, ou a perguntar se "éramos accionistas da companhia da electricidade" quando deixávamos as luzes todas acesas.

Recordo esperar pela chegada dele, do consultório, para ter a oportunidade deainda  ir ver as roseiras ou apanhar caracóis dos agapantos - tantos e tantos momentos singelos mas cheios de amor. É isso que sinto, e é isso que me faz falta, mesmo que apenas alguns escassos meses antes dele morrer tivéssemos encontrado as "palavras-chave" para abrir as portas das nossas respectivas timidezes. O amor do meu Pai foi feito de silêncios carregados de sentimentos. Não foi perfeito, mas foi o melhor Pai que eu alguma vez pudesse ter tido. E para mim, é quanto basta.

2 comentários:

Pat disse...

O melhor Pai que podias ter tido, o melhor avô que eu alguma vez terei... São tantas as recordações e todas tão boas...

Virginia disse...

Já o homenageei à minha maneira no meu blog e tu respondeste-lhe, o que agradeço e me comoveu.

Temos uma tendencia para santificar os que partem, no caso do nosso Pai, o tempo tem-lhe dado tantas vezes razão...era um homem recto, exigente consigo e com os filhos, parco em manifestações gestuais, mas rico em demonstrações de afecto, como o de nos levar a viajar com ele várias vezes, insistir para que ficássemos em hoteis excelentes e víssemos tudo o que estava no plano feito por ele. Nós não merecíamos tanto mimo e por vezes não percebiamos a diferença entre o Deutsches Museum e o Kaufhof!!
As viagens que fiz com eles dois ficaram-me na memória dum modo tão nítido que um dia hei-de escrever algo sobre isso. Fui com eles a Andorra, à Alemanha, França, Holanda e Espanha. Ainda estive com eles em Viena e Praga.
Passeámos pelo Minho quando eu estava em Esposende.

Nunca me esqueço das nossas paixões comuns: fotografia ( ambos tivemos uma Leica) e filmes ( sem falar da música).Como professor foi um exemplo para mim, vinha muitas vezes com ele para a FLUL e conversávamos sobre o meu futuro.

Ficaria aqui a escrever eternamente, mas são duas da manhã.

bjo