terça-feira, 23 de novembro de 2010

ground zero


Crédito imagem: mirror-uk-rb
Em 2008, Portugal teve pela primeira vez mais óbitos do que nascimentos, na sua população residente.

No ano passado tivemos um novo recorde: o número de nascimentos desceu, pela primeira vez em mais de cem anos, a menos de 100.000.
Não fôra o saldo migratório positivo, a população residente tinha decrescido.
 
A continuar assim, acabamos como país, mesmo sem a entrada do FMI (também se poderia chamar Fomento Materno-Infantil - talvez ajudasse as famílias na facilitação do projecto de planear, ter e criar filhos)

8 comentários:

Anónimo disse...

Não acredito que o país acabe, até porque há sempre uns que têm filhos "de sobra" para compensar os que não têm.
E nem a vida, nem a felicidade, passam obrigatoriamente por ter filhos. Cada um sabe de si, e ninguém tem de ser "fomentado" a nada.

Catarina

Virginia disse...

Penso que o governo não ajuda, mas também há muito casais que não querem ter filhos, muitos não querem assumir compromissos, outros não podem assumi-los por falta de condições estáveis para os criar, alguns gostariam de os ter e não podem...há inúmeras razões que levam as pessoas a não ter filhos, só posso falar do meu caso para não ser injusta.
Tive três em condições um pouco difíceis. Dois dos partos forma fora da terra onde vivia - na província não havia hospitais onde pudesse tê-los em segurança e durante mais de quinze anos não soube o que era sair à noite para uma diversão - o último veio por acréscimo ( e ele sabe-o) num ano horribilis da minha vida, em que nem sequer casa tinha. Chorei quando me soube grávida, tivera uma filha seis meses antes.
Ter filhos é uma enorme responsabilidade e quando olho para as revistas cor de rosa e vejo os casais - ou as mulheres emancipadas de hoje - a dizerem que "os filhos foram a melhor "coisa" que lhes aconteceu - pergunto-me quantas destas famílias ou pessoas se sacrificaram realmente pelos filhos, não para lhes dar tudo o que eles exigem ( devem tê-lo) mas para os ajudar a ser um dia cidadãos activos, criativos e trabalhadores, independentes dos pais, capazes de se sacrificar também eles para que o "mundo pule e avance".

Mário disse...

Em termos individuais, claro que a vida e a felicidade não passam por ter filhos, nem creio ter dito ou escrito alguma vez uma coisa dessas. Pelo contrário, acho que já por diversas vezes escrevi que qualquer projecto ou quaslquer "afiliação de alguém" é o equivalente psicológico de ter filhos - e isso fazemo-lo todos os dias, várias vezes. No entanto, ter filhos também não deve ser visto como "pecado" ou "extravagância". E se é politicamente correcto criticar quem decide ter vários filhos, já o é menos - sinto-o eu, pelo menos -, criticar quem não os tem por opção.

Em termos sociais, as coisas são porventura diferentes, dado que a renovação geracional e a pirâmide populacional são essenciais para a manutenção da estrutura nacional, aos vários níveis. A nossa pirâmide nada tem actualmente de pirâmide, pelo que se adivinham complicações futuras, já identificadas pela totalidade de analistas, sociólogos, psicólogos e economistas, de todos os quadrantes políticos.
A Alemanha, a Finlândia e restantes escandinavos, França, Holanbda, etc, âssumiram políticas de apoio integrado á infância, não pelos lindos olhos das criancinhas mas sim como factor de estabilização económica e social. Basta fazer as contas e ver que, sem massa produtiva, será complicado gerir as prestações sociais e o modelo de sociedade em que, eu pelo menos, acredito - democrática e social-democrata na sua versão nórdica.

A questão de ter ou não filhos, que é da exclusividade íntima de cada um e de cada casal, não colide com o registo de um facto histórico que citei, baseado no relatório de hoje do INE.
Quanto a cada família, como gere, se sacrifica, etc, disso não sei e sobre isso não escrevo - que sei eu deles para os julgar? Nem me interessa, devo dizer...

sofia costa disse...

Eu acho piada a estas pessoas que fazem um comentário anónimo, tanta é a segurança no que estão a dizer!

Eu tenho uma filha e pretendo ter mais um filho e adoraria ter mais um ou dois mas a vida que tenho não me permite, não pelo menos com as condições que lhes pretendo dar. Não quero dar o melhor do mundo aos meus filhos mas gostava de lhes dar uma vida que lhes permita (como disse a Virgina) estudarem, trabalharem, serem independentes. Infelizmente o nosso estado em nada apoia os casais a terem filhos. Não acho que ninguém tenha que convencer um casal a ter filhos se não o quiser. Cada um sabe de si. Mas sei de muitas pessoas que ficaram por um filho por não terem condições para ter mais. Um estado que corta abonos de família, que cobra 21% em cadeiras auto (obrigatórias), que não tem infantários públicos (com vagas) a preços decentes e horários decentes, não é certamente um estado preocupado com a natalidade do país.

Importa lembrar que são os bebés de hoje que nos vão pagar as reformas, se as houver...

zé disse...

Dá-me vontade de escrever o que escrevi na entrada "As moscas mudam"
Já Cavaco Silva perguntava no seu jeito ceceoso: "O que é que é preciso fazer para que nasçam crianças em Portugal?"
Ó senhor presidente... Não tem filhos? E como é que os fez?
Se perguntar o que é que é preciso fazer pelos portugueses para que nasçam mais crianças em Portugal, aí já podemos conversar. Mas o Senhor Presidente sabe bem melhor do que todos nós, não é seu malandreco? Portanto, Senhor Presidente, calce a pantufinha e toca a ir levar a vacina da gripe sazonal que o espaço para ceceosos intelectuais que dizem coisas que mais ninguém sabe dizer está já ocupado pelo monstro dos livros, Professor Marcelo Rebelo de Sousa.

Anónimo disse...

Ó Sofia Costa, o autor do comentário "anónimo" como diz está bem identificado abaixo, chama-se Catarina, e ao contrário também do que diz, posso garantir-lhe que não me falta segurança nas minhas ideias, valores e convições. Todos nós temos as nossa ideias e é bom podermos exprimi-las livremente sem termos que ser alvo de acusações e comentários irónicos gratuitos.

Catarina

catuxa disse...

Acho absurdo criticar quem quer ter filhos ou quem não quer tê-los, ou ter filhos com o argumento de que é preciso aumentar a natalidade. Mas acho que podemos desejar ter uma população jovem, é importante a todos os níveis, embora também defenda um investimento maior na população mais velha (há pessoas até muito maltratados, como se já não valessem nada ou não fossem úteis, o que é absolutamente falso). Ter filhos obriga-nos a abdicar de muita coisa e há momentos de dificuldades, preocupação, insegurança, perda de liberdade, etc. Mas também nos dá outras oportunidades e ensinamentos, e uma coisa é inegável: a relação que se tem com um filho é inegualável, um amor incondicional, uma experiência única no que toca a sentimentos. Bom era que quem quer ter, pudesse ter e fosse apoiado, e que quem não quer ter, não tivesse. Mas nem sempre é assim.

Virginia disse...

Só mais um comentário. Não acho bem os jovens de hoje em dia queixarem-se de que vão ter de trabalhar imenso para pagar as reformas dos pais. Na realidade, muitos destes pais - a nossa família é exemplo disso - trabalharam durante trinta e seis ou mais anos, em condições difíceis, ainda antes do 25 de Abril em que um professor ganhava uma ninharia, e agora são eles que ajudam os filhos em tudo: suporte financeiro para casas ou automóveis, infantários, viagens, actividades extra, etc. e ainda tomam conta dos netos para os pais poderem ir trabalhar. Quantos e quantos avós não ficam com os netos ( nos dias de greves!!) durante horas, fins de semana, noites, etc?
Nem todos tem essas benesses, eu não tive sorte nenhuma porque saí da minha cidade, mas muitos casais tem os pais por perto e contam com eles ( for granted) para tudo, o que acho mal. Pessoalmente gosto dos meus netos e de estar com eles, mas detesto obrigações e quero gozar os anos que me restam sem sacrifícios e restrições.

Desculpa o arrazoado, mas o tema é interessante.