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Chegou-me ao conhecimento este poema de António Lobo Antunes, que não resisto a publicar, em tempo de gripes. Para mostrar como é o "sexo forte" (será que as gerações mais jovens ainda sabem o que esta definição queria dizer?):
Poema aos homens constipados
Pachos na testa, terço na mão,
Uma botija, chá de limão,
Zaragatoas, vinho com mel,
Três aspirinas, creme na pele
Grito de medo, chamo a mulher.
Ai Lurdes que vou morrer.
Mede-me a febre, olha-me a goela,
Cala os miúdos, fecha a janela,
Não quero canja, nem a salada,
Ai Lurdes, Lurdes, não vales nada.
Se tu sonhasses como me sinto,
Já vejo a morte nunca te minto,
Já vejo o inferno, chamas, diabos,
Anjos estranhos, cornos e rabos,
Vejo demónios nas suas danças
Tigres sem listras, bodes sem tranças
Choros de coruja, risos de grilo
Ai Lurdes, Lurdes fica comigo
Não é o pingo de uma torneira,
Põe-me a Santinha à cabeceira,
Compõe-me a colcha,
Fala ao prior,
Pousa o Jesus no cobertor.
Chama o Doutor, passa a chamada,
Ai Lurdes, Lurdes nem dás por nada.
Faz-me tisana e pão de ló,
Não te levantes que fico só,
Aqui sozinho a apodrecer,
Ai Lurdes, Lurdes que vou morrer.
5 comentários:
ESPECTACULAR.....
Mostra bem o que os homens são quando estão doentes....uns lamechas:))
Bjo e boa saúde, se não coitada da Catarina :))
Vitorino canta isto. É um de muitos poemas de A.L.A. que musicou. Gosto particularmente do Bolero do Coronel Sensível que fez Amor em Monsanto. Bjs
Já me pôs a rir à gargalhada, é muito bom!
Vou à procura do Vitorino para o ouvir cantar.
Esta família Cordeiro é uma enciclopédia!
"Eu que me comovo por tudo e por nada". É o título do excelente
disco de Vitorino, com letras de
A.Lobo Antunes.
É muito bom! Hilariante! Vou escutar a cantiga!
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