sexta-feira, 11 de junho de 2010

estar só

Abby Sunderland tem 16 anos. E resolveu meter-se na sua embarcação e tentar dar a volta ao mundo, partindo da Califórnia.

Ontem emitiu sinais de emergência, algures entre a África do Sul e a Austrália, e foi referenciada, depois de ter estado incomunicável. Vai receber assistência dentro de escassas horas.

Muito poderão considerar uma inconsciência, uma irresponsabilidade, o facto de uma rapariga de 16 anos se atrever, só, a navegar dias e dias pelos oceanos. Sinceramente, não sei o que pensar. Sei que, se fosse minha filha, estaria aflito, mas ela não é minha filha.

E, de algum modo, posso compreender a atracção pelo mar, a necessidade de afirmar a si própria que é capaz, o apelo do sentimento de autonomia e, porventura, o imperioso sentido de estar só, numa sociedade onde se torna quase impossível, no dia-a-dia, esta coisa tão necessária que é estar só. Estamos rodeados de gente em casa, no trabalho, nas ruas, nos parques, nos transportes, em todo o lado. Ter momentos a só é uma necessidade e um instinto, em animais gregários. Talvez por isso é que tantas pessoas preferem andar de carro, sós, do que partilhar o meio de transporte com outros ou andar de transporte público, apesar de todas as "evidências" económicas e estruturais apontarem para estas segundas opções.  Abby preferiu o barco. Que continue, depois deste susto...

5 comentários:

Catpad disse...

grande mulher!

Virginia disse...

Acredito que a dolescente tenha necessidade de estar só, mas para isso entra num retiro, vai para uma ilha deserta ( com telemóvel por perto), procura refúgio na natureza. Não vai para o meio do mar onde os perigos são enormes e a morte é quase certa. Bem sei que muitos foram os que se afoitaram a grandes feitos sozinhos, mas sujeitar a família a esta tortura não é de pessoa com cabeça, mas com um ego do tamanho dum elefante. Quer dar nas vistas, não quer solidão...oxalá não venha a tornar-se mártir...os pais merecem mais e melhor.

sofia costa disse...

Pois eu já acho que a culpa disto tudo é dos pais! Quem é que pagou e paga esta "pequena" loucura?? Duvido que ela já trabalhe e que pague a sua própria loucura!

Mas lá que a miúda é corajosa é!

Anónimo disse...

Gosto da sensação de liberdade que o cabelo dela dá, na fotografia.
Joana

Paulo disse...

Quem já navegou à bolina entende a força e a magia desta aventura. Perigos são muitos, experimentem atravessar a avenida da liberdade. É várias vezes mais perigoso do que dobrar o cabo Horn.