sexta-feira, 22 de outubro de 2010

nem tanto ao mar, nem tanto à terra...

Crédito imagem: 1.bp.blogspot
Um estudo realizado em Espanha, em que participaram 948 crianças e adolescentes, permitiu concluir que um estilo parental mais tolerante produz jovens mais saudáveis do que uma educação autoritária e pouco flexível.

Os investigadores demonstram que o estilo com mais sucesso em Espanha é o tolerante, seguido daquele em que existem regras rígidas contrabalançadas com afectos. Segundo os investigadores, castigos, regras e sistemas educativos com uma disciplina muito rígida revelaram-se sinónimo de desenvolvimentos emocionais incompletos e níveis mais elevados de ressentimento com a família. Mais comunicação e diplomacia são alguns dos conselhos.

I-on line
Numa altura em que, muito bem, as vozes se levantam contra as crianças ditadoras e tiranas (como denuncia Javier Urra nos seus vários livros), e se fazem avisos para a prevenção do narcisismo omnipotente que perdura, em tanta gente, depois dos "legítimos" 18 meses de idade, também é bom revelar o outro lado da moeda: os males de educações rígidas, sem afecto e, sobretudo, sem entender o que são crianças ou esperar delas comportamentos semelhantes aos dos adultos. Para muitos pais e educadores (e adultos em geral) as crianças voltaram a ser "adultos em miniatura" - nada de mais errado e a Ciência demonstra-o à saciedade... e à Sociedade.

Regras, sim. Limites, sim. Mas com firmeza afectiva, e aceitando que toda a regra deve ter excepções e, também, de vez em quando, transgressões.

7 comentários:

Virginia disse...

Educar deve ser uma das tarefas mais dificeis que existem. A intuição , o bom senso, o equilíbrio são dofíceis de atingir e nunca sabemos bem se actuámos da melhor maneira. Mas quando se ama os filhos ou os alunos, há momentos em que parece que a nossa própria natureza nos ajuda a decidir qual a melhor atitude a tomar.
A autoridade arbitrária é adversa a um entendimento futuro. Uma vez exercida injustamente pode quebrar para sempre os elos que unem adultos e crianças ou adolescentes.

miguel disse...

Excelente comentário de Vrgínia. Leio e ouço com muita atenção tudo o que o editor tem a deizer sobre estas questões, já que el é um especialista da matéria. Estou atento a estudos que vão sendo feitos.
Informação não vai faltando. Não fôra eu um cultor militante da dúvida mais ou menos metódica ( nesta e noutras matérias )diria: " afinal em que é que ficamos?? :)

Mário disse...

Virgínia: estou de acordo com o Miguel - muito sumo em poucas palavras. E sabedoria, que é como que diz, experiência temperada com reflexão.
Miguel: creio que devemos ficar em sermos instintivos, intuitivos e espontâneos. Mas com a certeza de que, para os nossos filhos e educandos, somos faróis, modelos e semáforos. Para tal temos de dar indicações, entender perplexidades e inseguranças, perceber que não sabem tudo nem deveriam saber tudo, e que as pautas e regras que estabelecemos têm de ser inequívocas, sem ambiguidades, claras, coerentes e consistentes. Tarefa difícil? seguramente. Impossível? Creio que não. Que nos consome? Pergunta ao meu barbeiro o ritmo de crescimento do número de cabelos brancos...

joaopedrosantos disse...

Curiosamente, quando li isto no "i", pensei em si e em como reagiria a este artigo. Acabou por reagir como eu previ. E é essa abordagem que eu escolho face a este problema, cada vez mais presente.
É impossível, de facto, chegar-se a uma conclusão neste assunto. Pode extrapolar-se esta questão a pontos incríveis como, por exemplo, a forma como a diferença de filosofia educativa assegura uma variabilidade de comportamentos sociais que nos torna uma sociedade mais rica e diversa. Ou mesmo o exacto oposto, de que este problema deveria ser investigado ao pormenor e os pais instruídos em como educar as suas crianças de maneira a garantir um crescimento muito próximo do 100% saudável. Poderia até passar a existir uma "escola", onde aos pais seria explicado tudo sobre educação e pedagogia. Há uma infinidade de possibilidades curiosas neste ramo, e bem no fundo, todas as elas são prováveis num futuro mais ou menos próximo.

Mais um aspecto, um comentário rápido ao que a Virgínia escreveu acima:

"A autoridade arbitrária é adversa a um entendimento futuro. Uma vez exercida injustamente pode quebrar para sempre os elos que unem adultos e crianças ou adolescentes."

No meu ponto de vista, esse já é um ponto de desequilíbrio. Assim que a autoridade se torne um instrumento, já está a corromper uma relação educativa. É essencial que o educando sinta que a influência que o adulto exerce sobre ele é no sentido do seu melhor interesse. Só assim, satisfazendo um interesse mais ou menos profundamente egoísta, se pode assegurar o respeito mútuo, que advém da utilidade de, alternadamente, haver momentos em que se ouve e outros em que se educa. A criança/adolescente deve ser munida/o de ferramentas de análise que lhe permitam perceber o que está em jogo quando segue ou não as regras. Deste modo, quando segue as regras estará, provavelmente, a segui-las convictamente e está centrada em si a responsabilidade no caso de algo correr mal. A culpa e a revolta não serão canalizadas para o educador.
Este é só um dos mil aspectos positivos de uma educação focada na fomentação do pensamento crítico. A dissidência, mesmo que surja, vai ensinar, pelo resultado da mesma, as situações em que se deve aplicá-la ou não. E aí, não haverá culpabilização, só introspecção.

joaopedrosantos disse...

(Parte I)

Curiosamente, quando li isto no "i", pensei em si e em como reagiria a este artigo. Acabou por reagir como eu previ. E é essa abordagem que eu escolho face a este problema, cada vez mais presente.
É impossível, de facto, chegar-se a uma conclusão neste assunto. Pode extrapolar-se esta questão a pontos incríveis como, por exemplo, a forma como a diferença de filosofia educativa assegura uma variabilidade de comportamentos sociais que nos torna uma sociedade mais rica e diversa. Ou mesmo o exacto oposto, de que este problema deveria ser investigado ao pormenor e os pais instruídos em como educar as suas crianças de maneira a garantir um crescimento muito próximo do 100% saudável. Poderia até passar a existir uma "escola", onde aos pais seria explicado tudo sobre educação e pedagogia. Há uma infinidade de possibilidades curiosas neste ramo, e bem no fundo, todas as elas são prováveis num futuro mais ou menos próximo.

joaopedrosantos disse...

(Parte II)

Mais um aspecto, um comentário rápido ao que a Virgínia escreveu acima:

"A autoridade arbitrária é adversa a um entendimento futuro. Uma vez exercida injustamente pode quebrar para sempre os elos que unem adultos e crianças ou adolescentes."

No meu ponto de vista, esse já é um ponto de desequilíbrio. Assim que a autoridade se torne um instrumento, já está a corromper uma relação educativa. É essencial que o educando sinta que a influência que o adulto exerce sobre ele É no sentido do seu melhor interesse. Só assim, satisfazendo um interesse mais ou menos profundamente egoísta, se pode assegurar o respeito mútuo, que advém da utilidade de, alternadamente, haver momentos em que se ouve e outros em que se educa. A criança ou adolescente deve ser munida/o de ferramentas de análise que lhe permitam perceber o que está em jogo quando segue ou não as regras. Deste modo, quando segue as regras estará, provavelmente, a segui-las convictamente e está centrada em si a responsabilidade no caso de algo correr mal. A culpa e a revolta não serão canalizadas para o educador.
Este é só um dos mil aspectos positivos de uma educação focada na fomentação do pensamento crítico. A dissidência, mesmo que surja, vai ensinar, pelo resultado da mesma, as situações em que se deve aplicá-la ou não. E aí, não haverá culpabilização, só introspecção.

miguel disse...

Riquíssima abordagem, aquela que foi feita pelo João Pedro. Mais a mais, tanto quanto sei ( embora de maneira nenhuma faça transparecer), ela seja ainda um jovem.