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Joaquim Agostinho, o melhor ciclista português de sempre, morreu no dia 10 de Maio de 1984, depois de 10 dias em coma, em consequência de uma queda sofrida numa etapa da Volta ao Algarve, depois de "tropeçar" num cão.
Apesar de só começar a actividade aos 25 anos, esteve por diversas vezes à bica de ganhar o
Tour de France.
Não usava capacete, e foi essa a razão de ter feito um hematoma subdural quando da queda. A assistência que lhe foi proporcionada também não terá sido das melhores, pois foi "mandado em paz" para o hotel, sem se cuidar que pudesse ser o intervalo livre de sintomas, comum nesta situação neuro-cirúrgica.
Mas neste país as coisas são assim. E se este Herói poderia ter servido, também, para mostrar a necessidade de utilização de capacete de bicicleta, tal não acontece, porque a segurança é tida, por muitos, como "uma minhoquice".
É por isso que, em estudos que temos feito no Departamento de Saúde Pública, a atitude relativamente ao capacete é ainda de sobranceria, e a prática da sua utilização muito pouca, apesar de os acidentes com bicicletas matarem todos os anos, e 85% dos internamentos e 95% das mortes se deverem a pancadas no crânio, as quais poderiam não ter consequências em mais de quatro quintos dos casos, se fosse utilizado capacete.
E isto explica também porque, tendo sido mandatado para, há dez anos, elaborar uma proposta de Lei sobre o assunto, me deparei com o maior obstáculo... a própria Federação Portuguesa de Ciclismo e a Associação de Ciclistas. Segundo eles, o capacete "faz calor" e "dá uma sensação de protecção". Pois dá. Tanta que até protege...
Que o exemplo de Joaquim Agostinho possa ser utilizado pelas crianças e adultos ciclistas, numa altura em que há um apelo a um uso maior da bicicleta - quem ler esta Entrada, pelo menos, não pode dizer que não sabe...
Capacete, cotoveleiras e joelheiras - SEMPRE!