Como é que um bom filme pode ter erros que acabam por o devorar e causar uma impressão de irritabilidade? Foi o que me aconteceu com "O Leitor".
Saí do filme com a sensação de ter visto um bom filme, com extraordinários desempenhos, mas senti uma pedra no sapato, e não foi da calçada portuguesa.
Já dou de barato cenas como estar a chover torrencialmente, com ventania, quando Michael se refugia no prédio de Hanna, e alguns minutos depois, quando é levado a casa, estar a nevar e o passeio coberto de neve (esta incongruência repete-se quando está à espera de entrar para a visita prisional) - qualquer meteorologista dirá que não é posivel passar-se de uma situação a outra em minutos.
Mas o que estraga tudo e devora o enredo, tornando-o impossível - e portanto, forçado -, é admitir-se que uma mulher possa ser funcionária dos Eléctricos, ser promovida pelos chefes a "trabalho de secretaria", ser citada a Tribunal, comparecer, ser julgada, ter um advogado de defesa... e ninguém saber que não sabe assinar. Não estamos a falar do tempo da Alemanha Nazi, mas da Alemanha de Adenauer - primeiro em 1958, depois já em 1965 ou 1968. Se já seria bizarro uma mulher não saber pelo menos o nome, nunca seria possível ninguém descobrir, ao longo deste processo.
Se os indianos se revoltaram com Slumdog Millionaire, acho que os alemães se deveriam revoltar com O Leitor... ainda bem que não ganhou o Óscar.
segunda-feira, 11 de maio de 2009
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1 comentário:
Na altura em que vi, não reparei que a primeira parte se passava nos anos 50, achei que era antes da guerra....vi mal!!
Realmente estive na Alemanha em 1964 e aquilo já era um outro mundo, já havia reciclagem, imagine-se. Não é possível, realmente , que a fulaninha pudesse ir para os electricos sem saber ler , nem escrever....
Se fores ao IMDB - o site de filmes, procura as goofies e aparecem mil e uma incongruencias do filme...que até dão vontade de rir ...e muitas delas não estão no livro, que li e gostei.
De qualquer forma, a interpretação da actriz é irrepreensível e a história, uma boa história se não tivesse esses anacronismos!!
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