Fechou hoje portas, ma há muito que vinha a ser abastardado, desde os seus velhos tempos de glória, no tempo dos Drummond.
Primeiro, deram cabo do Restaurante Panorâmico do 8º andar; depois, transformaram o Lido e a zona das piscinas em lugares com palmeiras de plástico, e arrasaram parte do jardim tropical para fazer mais apartamentos.
Hoje fechou, lançando uma centena de trabalhadores no desemprego.
Tocava-se piano, bebia-se chá ou gin ao fim da tarde; na decoração, os géneros britânicos misturavam-se, lembrando o puzzle que interiormente somos. Comia-se bem, os quartos eram bons, o pequeno-almoço espantoso, a decadência era esperada mas controlada.
O actual dono, que deu cabo da tradição e do culto, chama-se Joe Berardo. Está tudo dito. Antes de fechar, o Hotel Savoy, do Funchal, já tinha morrido...
4 comentários:
Partilho este sentimento e agradeço a quem tantas ocasiões me deu de conhecer o velhinho Savoy...
Que saudades dos pequenos-almoços lá em cima (íamos lá mesmo quando ficávamos em casa de amigos), da vista sobre o Atlântico com as Desertas ao fundo... as esculturas de açúcar, o barzito cá de baixo, o jardim com sumaúmas e jacarandás por onde se descia para as piscinas, com balneários à veneziana e uma ilhota a desafiar as ondas, o prego em bolo do caco
o terraço aos quadrados vermelhos e brancos, a discoteca Galáctica onde não nos deixavam entrar de ténis e, sim, esse bendito piano dos nossos fins de tarde!
Um beijinho triste.
PS: O comendador vai demolir o Savoy para construir uma torre de 16 andares. Alberto João aplaude, diz que os milhões de Berardo e Horácio Roque "calham bem".
O Joe vai guardar um pedaço da fachada para expor no Museu Colecção Berardo, no C.C.B.
O velho Savoy... Passei lá a lua de mel e encontrámo-nos ao pequeno almoço na sala panorâmica, lembram-se tio e Pedro? Uma lua de mel em família, foi engraçado.
Conseguimos um preço especial através de um Sr. qualquer coisa (não me lembro do nome, seria Agostinho?), de uma agência, que o tio conhecia há anos apenas por telefone e descrevia como um Sr. já com alguma idade. Nunca mais me esqueci que, quando lá estávamos, apresentámo-los um ao outro pessoalmente pela 1ª vez. O “Sr. qualquer coisa” acabou por dizer "Sr. Professor, confesso que o imaginava bastante mais velho", ao que tio respondeu "deixe estar, eu também pensava o mesmo em relação a si".
Quanto ao Savoy, já na altura se falava em decadência. Será sempre especial para nós e deixa saudades. Espero que o fecho não seja um mau presságio...
Tb passei a minha Lua de Mel na Madeira, mas fui para a Residencial Bela Vista que era cinco estrelas na altura. Foi o Pai que me pagou de prenda. Por coincidência, trinta e sete anos mais tarde o João foi aconselhado por uns amigos a ir para a mesma residencial - agora mais modernizada - sem saber que nós lá tinhamos estado em 1973. Foi muito engraçado. Voltei à Madeira duas vezes e a Porto Santo, mas nunca fui ao Savoy.
Virgínia
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