sexta-feira, 18 de junho de 2010

o ano da morte de José Saramago


A morte de Saramago ocupa os media, como é natural. Curioso, no entanto, é ver a ladaínha dizendo que "foi o maior e o melhor". Não alinho nesta coisa de "o melhor escritor de todos os tempos" ou de "o melhor romancista". Foi muito bom, escreveu livros geniais, outros menos bons. Outros não li. Recebeu o Nobel, e merecido, mas outros também o justificariam.

O livro de que gostei mais foi "O ano da morte de Ricardo Reis", seguido de "O memorial do convento" e de "Levantados do chão". Não li o famigerado "Cain".

Curiosa a declaração do presidente da República, na sua nota, afirmando "admiração pessoal" e coisas como "expoente da Literatura" ou "as gerações futuras têm de o conhecer", quando permitiu, sem qualquer reacção, que o seu secretário de Estado vetasse o nome do escritor para um prémio internacional, numa atitude discricionária como poucas houve. Também valerá a pena recordar as acções de Saramago enquanto director do DN (o pior tempo de censura e de exercício perverso de poder), quando se ouve dizer, ad nauseum, que esteve sempre do lado da justiça, da democracia, dos mais fracos.

De qualquer forma, um vulto incontornável da Literatura e da vida portuguesa.


4 comentários:

IsabelCunha disse...

O Cavaco falou palavras de outro qualquer... ou então é mesmo um grande mentirosos... senão não seria politico, não é verdade?!

Virginia disse...

Saramago não me diz nada em termos humanos, mas diz alguma coisa em termos culturais. Afinal ganhou um prémio Nobel e esse não é dado a qualquer um , embora na altura, houvesse mais candidatos portugueses, como José Cardoso Pires e outros. Não tenho grande estofo para ler os seus romances e foi dos poucos autores, que me levou a deixar livros a meio, sem paciência para aquela escrita. Penso que muitos dos que se dizem fas deste escritor o fazem por puro show off ou por ser da sua cor política. Como Homem, era um ser pequenino e mesquinho, enfunando as velas numa casca de noz. Seria o Rei de Lanzarote, como Allende o foi duma ilha na Sicília, só que Allende foi exilado e Saramago retirou-se de Portugal por sua alta recreação. Não respeito grandemente as pessoas que fogem do país, dizendo que este não lhes serve, prefiro os que aqui ficam e lutam para o fazer progredir.
RIP.

Anónimo disse...

Concordo com tudo o que está dito neste post.
Embora admirasse o Saramago como um "grande escritor", não o melhor ou o meu preferido, não gostava dele como pessoa. Pelas suas atitudes e pensamentos dogmáticos, pela sua arrogância intelectual, pela sua intolerância em relação aos outros e a opniões contrárias, pelo que fez no DN em termos de perseguições de despedimentos, por dizer-se ateu, mas ao mesmo tempo, ter uma raiva e um rancor enorme dos católicos e demias crentes, por achar-se um ser superior a qualquer outro, pela falta de humildade quamdo ganhou o Nobel, preocupado em que era o primeiro a receber o dinheiro que dali viria.
Sou totalmente a favor da liberdade de pensamento e de opinião, e de pensarmos pela nossa própria cabeça e convições, mas creio que o Saramgago tinha o dom da falta de empatia e da provocação gratuita.
Quanto ao PR, ou está de consciência pesada ou a ser politicamente correcto, mas, concordo que Sramago não poderá nem deverá ser esquecido pelas gerações futuras.

Catarina

Anónimo disse...

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Já opinei no post seguinte.

Como disse, não sou adepto do JS.

Acho que está tudo dito nos dois comentários anteriores com os quais concordo inteiramente.