sexta-feira, 18 de junho de 2010

o oportunismo comuna, como sempre

Porque é que o PCP tem sempre de vir dizer que quem morreu (neste caso Saramago) era militante do PCP e chamar o partido à colação? Não vejo outros partidos fazerem isso com pessoas do campo das artes ou da cultura que morrem. Parece que mais importante do que ter sido escritor e Prémio Nobel é ter sido do PCP.

Só falta cobrirem o caixão com a bandeira do partido (e já agora encomendar a alma ao Querido Líder, tão querido de Bernardino Soares e de outros). O que deverá ser realçado é que, apesar de ser comunista, conseguiu a liberdade de pensamento para escrever. Mérito dele e não do partido, velho, arcaico e empedernido. É também contra o PCP e as suas práticas, que os pensamentos de Saramago, escritos nos livros, devem ser entendidos.

3 comentários:

Anónimo disse...

completamente de acordo!!!
Helena Freitas

Anónimo disse...

.
Não sei muito bem o que dizer... Não gosto da prosa. Li três obras e, francamente, cheguei ao fim de qualquer delas com sacrifício. Mas também não 'vou à bola' com o Lobo Antunes...

Não concordo também com os dias de luto nacional. Foi um escritor de relevo, para alguns o máximo, mas não me parece que a sua perda seja tal para dez milhões estarem de luto durante dois dias. E se o País possa ter 'lucrado' muito com as suas obras e o inerente Prémio Nóbel, a verdade é que, ùltimamente, sobretudo espicaçado pela Dª Pilar, pronunciava-se 'contra' Portugal e preferia Lanzarote.

Quanto à 'colagem' do PCP, é o costume...

Mário disse...

Há que, primeiro, separar o autor do homem e do político. Estes dois, para mim, não merecem grande consideração. Foi arrogante, discricionário, incapaz de fazer uma auto-crítica e, ainda há escasso tempo (não em 1975) chamou "país fascista" aos EUA e defendeu Cuba como expoente da liberdade. Sendo um escritor e Nobel, o uso promíscuo e insensato da palavra é incompreensível e só pode querer dizer que as queria usar mesmo.
Curioso é ter tido o seu primeiro livro aos 14 anos, de um autor francês, e oferecido pela mãe que era quase analfabeta. Andou na Escola pública EB14 do Largo do Leão - que ainda hoje existe. E o seu primeiro grande livro foi escrito aos 56 anos. Se tivesse continuado a dirigir jornais possivelmente teria escrito menos ou mesmo nada.

Quanto a ser "uma perda irreparável para Portugal", permito-me discordar. Porque dizer isso será dizer que o que deixa é incompleto. Não acho. A sua obra literária, coroada com o Nobel, está feita. Saramago poderia escrever ainda mais livros, mas duvido que acrescentasse algo mais, em inovação, estilo literário ou mesmo narrativo. Morreu aos 87 anos, "naturalmente", e deixa uma obra literária completa. Não é uma perda.

Quanto ao luto nacional, não sei qual o critério, mas penso que é dado aos que, de alguma forma, exaltaram o nome de Portugal no mundo, e se é assim, justifica-se. Amália teve. A Irmã Lúcia idem (francamente não entendo porquê...), e outros terão tido. Não me recordo se houve luto por Sophia.