domingo, 10 de maio de 2009

25 anos - não será altura de aprender alguma coisa?

Joaquim Agostinho, o melhor ciclista português de sempre, morreu no dia 10 de Maio de 1984, depois de 10 dias em coma, em consequência de uma queda sofrida numa etapa da Volta ao Algarve, depois de "tropeçar" num cão.

Apesar de só começar a actividade aos 25 anos, esteve por diversas vezes à bica de ganhar o Tour de France.

Não usava capacete, e foi essa a razão de ter feito um hematoma subdural quando da queda. A assistência que lhe foi proporcionada também não terá sido das melhores, pois foi "mandado em paz" para o hotel, sem se cuidar que pudesse ser o intervalo livre de sintomas, comum nesta situação neuro-cirúrgica.

Mas neste país as coisas são assim. E se este Herói poderia ter servido, também, para mostrar a necessidade de utilização de capacete de bicicleta, tal não acontece, porque a segurança é tida, por muitos, como "uma minhoquice".
É por isso que, em estudos que temos feito no Departamento de Saúde Pública, a atitude relativamente ao capacete é ainda de sobranceria, e a prática da sua utilização muito pouca, apesar de os acidentes com bicicletas matarem todos os anos, e 85% dos internamentos e 95% das mortes se deverem a pancadas no crânio, as quais poderiam não ter consequências em mais de quatro quintos dos casos, se fosse utilizado capacete.

E isto explica também porque, tendo sido mandatado para, há dez anos, elaborar uma proposta de Lei sobre o assunto, me deparei com o maior obstáculo... a própria Federação Portuguesa de Ciclismo e a Associação de Ciclistas. Segundo eles, o capacete "faz calor" e "dá uma sensação de protecção". Pois dá. Tanta que até protege...

Que o exemplo de Joaquim Agostinho possa ser utilizado pelas crianças e adultos ciclistas, numa altura em que há um apelo a um uso maior da bicicleta - quem ler esta Entrada, pelo menos, não pode dizer que não sabe...

Capacete, cotoveleiras e joelheiras - SEMPRE!

5 comentários:

Larose disse...

"...o capacete "faz calor" e "dá uma sensação de protecção".


Típico!

Anónimo disse...

Ora nem de propósito...
A Beatriz chegou a casa na semana passada com um Skate emprestado, vinha toda animada.
Com aquela sabedoria que leva as filhas a conseguirem quase tudo do Pai ouvi o Miguel a dizer-lhe que lhe daríamos um Skate mas só cosm o kit completo de capacete e joelheiras e protecções para pulsos, resposta da menina:
- Ai não que horror isso não é nada cool.!! prefiro não ter skate.
Talvez se pudesse promover que morrer estupidamente por falta de um capacete é que definitivamente não será nada COOl é mesmo Frozen...
Ah e mais digo que sempre teve capacetes para a biclas para os patins etc..
Nesta idade a pressão do "cool" tem um peso pesado e os Pais, os capacetes, os vestidos, os ganchinhos e laçarotes estão "out"

ps: Já vim visitar!!
Rita Clara

Anónimo disse...

Os meus netos , mesmo no pátio da casa, usam sempre essas coisas para andar de skate ou de bicla e troti. É claro que se torna aborrecido para os pais andar com essa panoplia de coisas, mas acho essencial e vejo muitos miudos sem nada disso a fazer tropelias do caraças! A Casa da Musica é agora sítio de convívio e rinque de skates. Não há um que use capacete. Deve ser essa a razão: não é cool!! Que disparate, devia ser obrogatório como os cintos de segurança e os meninos admoestados ou proibidos de circular.

Virgínia

Mário disse...

NA Holanda, há muitos anos, foram ter com o grupo de pop/rock mais ouvido pelos adolescentes, e eles fizeram uma música com uma letra que gozava com aqueles que "tinham a mania que eram bons" e não se protegiam dos acidentes.
O videoclip era com desenhos animados, ridicularizando os comportamentos "machistas" ou de "imortalidade" - funcionou.
Os posters do Ministério da Saúde eram baseados numa figura - a andar de bibicleta, skate, etc - mostrando exactamente que era "cool" - a expressão era essa - com protecção, e que só o betos e caretas é que andavam da maneira desprotegida.
Por cá, iremos ver políticos e autarcas a andar de bicicleta para se mostrarem muito "ecologistas", mas quero ver quantos colocarão o capacete, de uma forma explícita - pois se nem o cinto de segurança no banco de trás muitos dos senhores deputados usam, depois de terem feito a Lei há precisametne 15 anos!!!

zé disse...

Realmente, só neste país... Só neste país é que se diz "só neste país!"

Também vou começar a andar de mota sem capacete: se os senhores da federação de ciclismo se quixam do calor com um capacete aberto que não tapa sequer as orelhas, que direi eu, qual Darth Vadder, com aquilo enfiado até ao pescoço? Depois multem-me, quero lá saber! É mais cool e atrai mais miúdas!