segunda-feira, 18 de maio de 2009

Dia dos Museus

Para comemorar o Dia Mundial dos Museus, fomos ao Museu da Lourinhã, que recomendo a todos.



Além dos dinossauros - quatro dos quais especimens genuinos da Lourinhã e únicos no Mundo, como o Lourinhanosaurus antunesi, Dinheirosauros lourinhanensis (da praia de Porto Dinheiro... não era um banqueiro do BPN...), Lourinhasaurus alenquerensis e Miragaia Longicollus, o Museu tem um excelente repositório etnográfrico das variadas profissões, desde o tanoeiro ao oleiro, passando pelo pitrolino ou pela rendilheira, tudo muito bem documentado com fotografias e utensílios. O Museu tem também uma parte reservada à evolução do Homem.

Vaut le voyage!

13 comentários:

Unknown disse...

Apesar do interesse e respeito que Museus e Dinossauros me despertam, fico ainda com mais curiosidade pela parte reservada à evolução do Homem: será que evoluímos assim tanto???

Mário disse...

Milene. Acho que a única evolução é "pensarmos que evoluímos"... mas a pasagem das sociedades de sobrevivência ás de abundância, coincidentes com o aparecimento das cidades, que trouxeram consigo os mercados, a educação, a arte organizada e o tempo de lazer e de conversa, a economia e a política, trouxe, realmente, um valor acrescentado em termos de conforto e de direitos dos cidadãos. Claro qeu também trouxe a ascendência do "vil metal" e do "show-off"...

Anónimo disse...

Acho que a evolução foi sobretudo no sentido de tornar o Homem - a espécie humana - cada vez mais senhora do que o rodeia e menos vulnerável às condições naturais. O homem começou a saber dominar as intempéries, cultivar o solo de um modo inteligente e produtivo, organizar e organizar-se, transformar uma sociedade inculta numa semi-educada ou mesmo evoluida, estudando as tecnologias e inventando o que lhe fazia falta para poder ter mais conforto ou diversão.
Também evoluiu em termos sociais, passando de sociedades patriarcais ou tribais para sociedades democráticas - ainda que aqui já tenha estado melhor do que agora, na minha opinião.
Quero acreditar que o futuro dos filhos e netos será melhor em certos aspectos do que foi no tempo dos meus pais e avós e que a inteligência humana servirá para melhorar a saúde - o principal - e gerir os recursos, sem os esbanjar como tem feito até aqui.

Isto escrito às 5.30 da manhã...numa noite de insónia. É bom estar por aqui...

Virgínia

Unknown disse...

Mário, é visível toda uma evolução em termos de conforto, direitos e condições gerais de vida, mas acredito que não basta pensar apenas que evoluimos. Senão note-se a quase "involução" a que temos assistido nas últimas décadas em termos de valores, respeito, sentimentos... Compra-se quase tudo e guardamos bens, sentimentos, ressentimentos. Vive-se de aparências com as gavetas da alma repletas de coisas inúteis e esquece-se que a maior herança que podemos deixar à Humanidade é o amor que oferecemos das mais diversas formas, as "pequenas felicidades" que vamos distribuindo com os sonhos, as visitas, os afectos....

Anónimo disse...

Milene, reconheço que alguns valores se perderam e que se dá demasiada importãncia ao que é material e palpável. Mas não terá sido assim noutros tempos? É claro que as pessoas não podiam ambicionar possuir certas coisas, mas o dinheiro foi sempre essencial para moldar o futuro das gerações. Lembro-me de muitos filmes e séries vitorianas, em que as raparigas eram obrigadas a casar com os homens mais ricos - e mais velhos, alguns - só para poder aguentar a família e as propriedades.
Não me parece que houvesse mais solidariedade então do que agora. O que é necessário é dar aos filhos e netos a noção de que temos muita sorte de poder usufruir de certos bens, mas que estes podem desaparecer de um momento para o outro, ninguém sabe o que a vida nos espera.

Para mim, o sinal mais evidente da evolução do homem está no progresso da ciencia e cuidados de saude.
Hoje vi uma notícia na TV que me comobveu enormemente. Médicos do Porto resolveram ir para Vinhais ( em trás os Montes) fazer um dia de consultas grátis a pessoas sem possibilidade de se movimentarem para longe. O médico que entrevistaram era prescisamente o Prof. José Carlos Noronha, o meu médico, que me operou à artrose do joelho, reputadissimo nos meios desportivos, uma sumidade. Com a simpatia que lhe é nata, explicou que é muito mais recompensante estar ali do que "lá em baixo" ( Porto), pois pode-se ajudar muitas pessoas abandonadas pela sorte.
Estas notícias é que se deviam dar todos os dias.

Virgínia

Mário disse...

Não sei se se perderam valores, pelo contrário, acho que os valores essenciais da Humanidade - vida, qualidade de vida, respeito pelo corpo, direito de posse, liberdade, auto-determinação, sexualidade - são muito mais incrementados e respeitados agora do que em qualquer época. Por muito mais pessoas e consagrados nas "leis da sociedade", bem como nas práticas. Mesmo em países "ultra-sub-desenvolvidos". A título de exemplo, em 1974, na Madeira, os colonos eram propriedade dos senhores, podendo ser chamados a ir viver aqui ou ali, e a terem que dar uma eprcentagem do que produziam, além de ainda haver o direito de pernada. Acabou, felizmente.

Relativamente ao que a Virgínia conta, recordo-me do saudoso Serviço Médico à Periferia, que fiz em 1980-82 em Óbidos, e onde conseguimos fazer um centro de saúde novo e mudar as práticas das pessoas e dos serviços, associando a saúde à cultura e aos costumes da comunidade. Foi um dos raros momentos em que senti que "se faltasse havia muita gente que ficava carente". Um excelente sentimento para um médico. Talvez por isso enveredei, depois, pela saúde pública pediátrica e pela pediatria social e comunitária.

Sou optimista prudente, mas acredito no ser humano, como capaz de melhorar sempre o seu próprio destino, individual e colectivo.

Unknown disse...

Mário e Virgínia: Oxalá aqui e ali, possamos todos ter um pouco de razão naquilo que escrevemos, sentimos e acreditamos. É sinal que estamos de facto todos a evoluir, e à procura de algo melhor todos os dias.
Mas afinal não veio tudo isto a propósito do dia dos Museus? Não deveríamos estar a falar de Dinossauros???

catuxa disse...

Para além dos momentos agradáveis e produtivos que são as visitas aos museus, por aquilo que a história nos ensina, felizmente continuamos a querer evoluir. Concordo que o progresso tem aspectos que são "o reverso da medalha" mas acho que o mundo está melhor hoje, incluindo em termos de valores. Gostava de salientar o papel dos Mass Media (incluindo a internet) e as possibilidades que hoje temos de chegar a quase todo o lado num instante, o que permite uma transmissão de boas práticas, a troca de experiências e de conhecimentos (e dos valores essenciais de o tio fala), uma percepção do que se passa noutros locais (os abusos são, apesar de tudo, mais fáceis de denunciar), uma maior ajuda aos que precisam, etc., a um nível sem precedentes. Muito do que vemos despoleta em nós sentimentos fundamentais, de solidariedade, etc., que nos tornam melhores seres humanos. Sentimo-lo em termos pessoais e globais.
Cada vez há menos grupos desfavorecidos ou com menos direitos, e continuamos a querer caminhar mais além, embora ainda haja muito a fazer, obviamente. Espero que se faça mais, por exemplo, em relação à integração (que não é sinónimo de ajuda) das pessoas com deficiência (que me toca particularmente) e dos idosos, dois grupos cada vez maiores e igualmente importantes na nossa sociedade. Por vezes, é preciso olharmos mais à volta e abdicarmos de hábitos, comodismos de coisas de que gostamos e até de sonhos, mas vale a pena, sobretudo se formos cada vez mais a remar o barco para bom porto.
Tudo isto... a propósito de museus.

Anónimo disse...

Catuxa: Penso que a integração de crianças com deficiências é muito mais difícil para os professores do que para os colegas - alunos. Tive alguns no liceu e depois na Escola Carolina Michaelis. As turmas eram grandes nessa altura e era impossível para o professor manter a disciplina e ainda velar em especial pelos alunos com deficiencia - alguns motora, outros invisuais. Acho que nunca tive o cuidado suficiente e a capacidade pedagógica para lidar com esses casos, embora tivesse algumas alunas com médias razoáveis. Em termos afectivos, nunca notei que os colegas os ostracizassem, pelo contrário , eram desvelados, paternalistas alguns profs queixavam-se de que os colegas faziam tudo por esses deficientes, o que tb era mau.

Visitei logo a seguir ao 25 de Abril uma unidade de miudos com paralisia cerebral em Lisboa e fiquei admirada com a paciência das educadoras e o seu entusiasmo nos progressos de cada criança. Mas lá não havia crianças normais, todos eram deficientes e isso tornava as coisas mais fáceis (?). Penso que a integração total tem de ser progressiva e que as turmas tem de ser muito pequenas para poder haver atenção redobrada.
Tive um aluno cego brilhante que teve vários 20s no 12º ano, tirou o curso de Clássicas; era muito inteligente, discutia de tudo e ficou assistente na Faculdade. Era duma família de cinco filhos e a mãe professora como eu. Um exemplo que nunca esquecerei.

Virgínia

zé disse...

Há um tempinho que não cá vinha...
Já muito se disse e seria redundante estar a falar novamente de valores e tudo o mais. Concordo convosco. Particularmente com a Virgínia quando diz que a Democracia (que é o pior de todos os sistemas com excepção de todos os outros) já conheceu melhores tempos. Pois, há cerca de 24 ou 25 séculos, na Grécia...
Deu aulas na Carolina M., Virgínia? Não fazendo de si velha (que isso é coisa que, nem que tenha 200 anos, alguma vez será!), foi uma sorte não haver ainda telemóveis... Se bem que tenho a certeza de que a atitude da Virgínia seria muito diferente da colega...
Um abraço para o Porto e até breve!

Mário disse...

Catuxa: plenamente de acordo, afilhada.

Zé: hoje foi o último dia de um encontro, mas o primeiro do resto da sua vida! Abraços e sucesso e felicidade no seu percurso, quer o de mota, quer o de vida.

Anónimo disse...

Para onde vai o Zé?

Esta deixou-me um pouco desmoralizada...contava conhece-lo, no ESCA ou noutro lado qualquer.

Posso perguntar o que vai fazer a seguir?

Virgínia

disse...

Olá! Virgínia, logo que possa (quero ver se ainda este ano) vou ao Porto! Não vou a lado algum! E se fosse, não iria sem antes conhecer a mana Virgínia do Mário! Apenas saí do ESCA para me dedicar à música. Aliás, dentro de uns três meses irei tocar à Nazaré!
Obrigado pelas suas palavras, Mário. O ESCA deu-me (MUITO) mais do eu alguma vez poderia imaginar... E não se esqueça do que acordámos! Agradeço os votos de "felicidade no seu percurso", mas o combinado foi "felicidades no TEU percurso!"
Muito obrigado por tudo! Hum esta frase até soa a despedida... Até já, manos Mário e Virgínia!