quinta-feira, 28 de maio de 2009

peso de ouro?



Devem ser imposto aos gordos e obesos pagar dois bilhetes de avião, para conforto dos outros passageiros? A discussão está a ganhar cada vez mais força, com a atitude de algumas companhias aéreas. Comparando aos fumadores, que causavam mal-estar e maior risco de doença nos outros, alguns acham que quem é gordo deve pagar por isso. Outros acham que uma pessoa é uma pessoa, independentemente do peso, e que os aviões é que deveriam contemplar assentos para maiores dimensões.

Fica a questão para polémica, se quiserem aceitar o desafio.

15 comentários:

Sofia MJ disse...

Eu inclino-me completamente para a versão segundo a qual cada pessoa é uma pessoa diferente e ao mesmo tempo parecida com as restantes. A questão referente aos fumadores era completamente diferente, na medida em que o fumo dos seus cigarros era nocivo para os outros. Quanto aos gordos e obesos, pergunto como é possível fazer o mesmo raciocínio? como podem fazer mal aos outros? onde é que fica o direito que cada um tem de ser como é ou como quer ser? na verdade, termos todos que obedecer a parâmetros determinados de peso e medida parece-me assustador. A maior parte dos obesos tem concerteza pena de o ser. Já basta isso, caramba!
Sofia

Mário disse...

Há uns anos a British Arways foi processada porque cobrou dois bilhetes a uma adolescente com cardiopatia, que tinha de viajar sempre com bala de oxigénio.

Na Nova Zelândia já há normas para não autorizar a emigração a pessoas com índice de massa corporal indicador de obesidade.
Ou seja, tudo isto está a acontecer AGORA...

PS: a palavra que o computador me pede é "Ressone", o que talvez seja um outro aviso: os gordos ressonam muito mais pelo que, qualquer dia, será caso para os cônjuges os processarem...

joaopedrosantos disse...

Volume I ( :P )

Ser gordo não implica:
- que se seja mais feliz;
- que se seja mais simpático;
- que se tenha melhor voz;
- que se aprecia mais a vida ou a comida.

Ser gordo pode trazer:
- Problemas de auto-estima;
- Problemas de saúde.

Assim sendo, e assumindo que ninguém pode estar orgulhoso por ser gordo,creio que cabe à sociedade fazer um pouco de pressão para que a má-educação alimentar e/ou a aplicação de práticas saudáveis seja devidamente feita. Atenção, não digo que devemos repreender ou gozar com os gordos ou lembrá-los disso muitas vezes. Apenas deveríamos continuar a enfatizar que se uma pessoa for mais equilibrada tem tudo a ganhar com isso.

Tendo em conta o que referi acima, se se tomar algumas medidas que desencoragem hábitos de vida pouco saudáveis vem-se não só ajudar a população afectada por certos erros como contribuir para um bem-estar mais generalizado. Obviamente nestas, como em muitas outras matérias, não se pode apenas contar ou com o Estado ou com a Sociedade Civil. O trabalho deverá ser conjunto e cada uma destas partes deverá cooperar exercendo actividades diferentes.

Esclarecida a matéria das relações Estado/Instituições-Pessoas obesas, penso que se poderá considerar uma outra perspectiva essencial: a de pessoas obesas-restante sociedade. A Obesidade é um problema de saúde grave que transcende a barreira biológica e penetra bem em consequências sociais. Todos somos afectados por ela. Ora vejamos. Em média, uma pessoa obesa vai necessitar de mais cuidados de saúde. Logo, sendo o nosso sistema de saúde público, as despesas serão partilhadas por todos nós, que sendo ou não obesos teremos de a suportar. Aqui temos uma consequência indirecta e nefasta. Agora uma mais directa: o caso do avião. Se eu comprar um bilhete para dado avião, estou a ter variados factores em conta, dependendo do preço que pago. O factor mais popular é o preço-qualidade. Pagando certo preço, estou a pagar por um determinado conforto que me será atribuido de forma estandardizada. Assim sendo, deverei, pagando o mesmo, ter o mesmo conforto que todos os passageiros que viajam na mesma modalidade que eu. Se tiver uma pessoa obesa ao lado, isso não acontece, ou seja, terei menos espaço de manobra e menor conforto. Sou prejudicado por uma terceira pessoa, pelo facto de ser obesa. Isto é uma consequência bastante directa. Quanto à solução do problema... isso prender-se-à com a opinião de cada um, ao contrário do conteúdo factual que enumerei antes.

joaopedrosantos disse...

Volume II (desculpem a extensão)

Para que lado deverá pender a balança? (juro que só notei na duplicidade de sentido depois de escrever a frase)
Quem estará certo?
Os gordos são cidadãos com os mesmos direitos que eu. Verdade. Mas não poderemos todos nós tentar romper este inconveniente tentando "dar um empurrãozinho" e premiando aqueles que se esforçarem para se manter saudáveis? Muitas pessoas deixaram de fumar porque os preços aumentaram. Isso é, para essas pessoas, bom e mau. Não fumam e, gostando de fumar, isso deverá ser mal encarado por eles. Contudo, não fumar ajuda-os a levar uma vida mais saudável. Se se desincentivar o consumo excessivo e errado de comida, talvez isso leve a um bem maior. Pensado bem, este não é um caso tão transparente de "os fins justificam os meios". Trata-se sim, de uma questão de bem comum.

Já que me prolonguei não quero deixar de expôr a questão estética. Olhando para um gordo, o que pensamos? É insignificativo (se é que existem de todo) o número de pessoas que acham que "gordura é formosura". Todos o ligamos a algo negativo. E não é uma questão histórica, apenas sabemos que é pouco saudável e, como tal, somos tentados a achar que uma pessoa o mais saudável possível deverá ser a mãe ou o pai dos nossos filhos. A última consequência estética creio eu seu aquilo que a obesidade revela. Nalguns casos, revela derrotismo. Noutros, preguiça extrema. Noutros ainda, despreocupação para com o próprio. Talvez até estado emocional desequilibrado. Estas são características que tendemos a censurar.

Não temos de ser todos iguais. Apenas acho que podemos seguir os bons exemplos. Se nos tornarmos mais iguais em certos parâmetros significa tornarmo-nos melhores e mais saudáveis, não vejo qualquer impedimento para que isso seja levado a sério.



Nota importante: A opinião expressa acima não contempla, claro, pessoas que, por motivos de doença, não conseguem impedir o seu excesso de peso. A essas, penso que se deverá dar todo o apoio psicológico, social e os cuidados de saúde, independentemente dos custos.

Anónimo disse...

João Pedro,

Não poderei estar mais de acordo consigo! E não tenho mais nada a acrescentar uma vez que, como é normal em si, conseguiu fazer uma análise da questão de forma objectiva, completa, assertiva e construtiva. E para bem de todos nós1
Obrigada.

Catarina

Sofia MJ disse...

Concordo, é claro, com a questão da educação para uma vida saudável. Banindo, desde logo e por exemplo, a publicidade a doces e "porcarias" do ponto de vista alimentar que constantemente passa na televisão nos programas para crinças e adolescentes. Tal como diminuir a oferta desse tipo de produtos nos bares das escolas.
Este tipo de empurrãozinho está bem. O tipo de empurrãozinho do exemplo do avião na minha opinião só serve para humilhar e para baixar ainda mais a auto estima já baixa que a maior parte dos gordos têm. Mais, mesmo nos casos em que realmente se justifiquem dois assentos, na minha opinião a companhia aérea é que deve arcar com a despesa. para assim provir pela comodidade dos magros e dos normais e dos gordinhos que, ainda assim, cabem nos assentos e que são seus clientes.
claro que o ideal seria sermos todos magros e, já agora, não termos cáries, para não onerar o serviço nacional de saúde...

Anónimo disse...

Não li os comentários dos outros porque não me quero influenciar, mas já vou lê-los.
A pressão da sociedade sobre as pessoas obesas já existe em tudo o que é media - excepto nos jogos japoneses - , publicidade, escola,psicólogos, spas, ginásios, jornais, revistas, cinema, e o que mais!
Uma pessoa obesa é infeliz, seja ela russa, chinesa, portuguesa ou africana porque tudo é esforço e suor....e vale de lágrimas. Segundo uma tia do meu ex- : Aos gordos tudo se lhe chora....

Pensar que a proibição de viajar nos aviões ou pagar mais, ou pura e simplesmente atacar a obesidade com esse tipo de sanções é o mesmo que sancionar a Coreia do Norte por causa das armas biológicas: mais vontade dá de comer e menos vontade se tem de fazer regimen.
Há médicos que agora não fazem mais do que cobrar o preço da consulta à saída, dizendo à pessoa que se queixa de artrose, coração, hipertensão, azia, ansiedade ou nervosismo, que só há um remédio: emagrecer. Tudo isto por 60 euros , se não for mais. A carteira emagrece.
Como se fosse fácil fazer uma dieta saudável a quem não tem dinheiro por exemplo. Ou como se a pessoa pudesse pagar o spa, a 20 contos por mês e ir lá todos os dias correr e fazer cabriolas....mães de família com filhos em casa e ao fim de semana, com tudo para arrumar, sem falar de trabalho profissional em casa ( profs, por ex).
Posto isto, ser obeso é genético, é de família, há famílias obesas como há tuberculosas ou cancerosas. A probabilidade é maior e o risco muito elevado.

Será que não seria mais fácil as companhias fazerem 5-6 lugares mais espaçados para os turistas obesos que viajam em cada avião e pagam balúrdios pelos seus lugares?

NAO, as companhias têm de ter lucros e os directores de ganhar uma bruta pensão quando saem do cargo.

Benditas low-cost, com todos os seus problemas. Vieram trazer alguma sanidade mental ao turismo. Já viajei pela Ryan Air e foi excelente. Não perderam malas, nem foram chatos a revistar-nos, como na TAP.

Claro que tendo peso a mais - eu - gostaria de emagrecer. Já tentei, mas na minha idade é mais difícil também por causa da carrada de medicamentos que tomo para tudo e que tb engordam ( sim senhor)! Ainda caibo bem no avião, mas detesto sentir-me apertada pelo cinto e para comer e cada vez aprecio mais o comboio que é o unico meio de transporte que suporto.

Desculpem o meu tom alterado. É que estou com a tensão alta ( não tomei o moduretic), estou cheia de calor ( andei meio km e estou a suar), quando leio estas coisas, a vida aperta-se-me ( squeezes é um bom termo) e tenho de respirar fundo, enquanto existo.

Ahhhhhhhhhhhhhh!


Virgínia

Hanodgen - é algum remédio para emagrecer, mano?

Anónimo disse...

Agora que já li os comentário do João Pedro, tão politicamente correctos e sensatos ( eu quando for grande tb quero ser assim:))), só ponho duas objecções.

1. Como é que se sabe se uma pessoa é gorda por capricho seu ou porque sofre de alguma doença desconhecida ou não detectada? Tenho uma filha que foi gorda na adolescencia, emagreceu 30 kgs aos 23 anos em Inglaterra e descobriu-se, entretanto, que sofria de esquizofrenia. Desde 2005 já engordou 20 kgs e já emagreceu outros 20 meses depois, já está de novo a engordar imenso e não pode deixar de tomar anti-psicoticos. Anda kms todos os dias a pé.

2. Nem todos os gordos provocam reacções negativas. Tive colegas professoras que eram excepcionais de alegria, imaginação e calor humano e outras magras que pareciam limões espremidos, sempre stressadas....
Até se diz que os gordos têm muito mais sentido de humor que os magros porque são capazes de rir de si próprios, coisa que os magros não conseguem, preocupados que estão em conservar a sua linha.

3. Nas cantinas vende-se fruta fresca e iogurtes e os meninos vão à pastelaria do lado da escola comprar doughnuts ou chocolates.
O meu neto no outro dia disse-me no café: a minha mãe diz que eu não posso comer croissants por causa do colesterol ( tem 5 anos). Vóvó, posso comer uma bola com creme? sic :)))

Virgínia

Anónimo disse...

Têm todos muita razão, mas já viajaram com um obeso ao lado? É que não é só o esmagamento, é o arfar e o suar. Experimentem e depois revejam as teorias.

Anónimo disse...

E se o gordo a arfar se sentar ao seu lado no cinema ou no autocarro, ou no elevador, ou na bicha para o pão? Não sofre também?
Vai-lhe dizer que não tem o direito de existir e que o mundo foi feito só para os magros, elegantes, esteticamente perfeitos, já agora, loiros e altos? Já houve teorias dessas, já...e vimos no que deram.
Na minha rua passam drogados dos bairros camarários e passam pessoas muito bem, cheias de dinheiro e de privilégios. Não têm todas o direito de andar na rua?
Se um deficiente se sentar ao seu lado no avião e passar a viagem toda a falar sozinho ou a gesticular, vai-se queixar à hospedeira? E se for uma criança a berrar durante toda a viagem ( como já vi muitos) com pais desesperados que já não sabem o que fazer, vai também queixar-se à companhia?
As teorias são belas....podem produzir alguns efeitos, mas não fazem desaparecer gordos da face da terra....nem os impedem de andar de avião...
Quando comprar o seu bilhete, compre o do lado tb, assim evita ter de suportar toda essa panóplia de coisas horríveis....

Virgínia

PS. Não sou obesa....:(((



Virgínia

joaopedrosantos disse...

Respondendo à Virgínia:

Claro que é muito difícil saber se a pessoa é gorda por motivo de doença. Essas pessoas são a dita excepção, que tive o cuidado de incluir no final do meu post. Agora, não me digam que em metade da população do país, que é o número de obesos em Portugal, existem muitos casos assim. Sem precisar de qualquer dado estatístico acho que posso afirmar que a esmagadora maioria das pessoas não tem esse problema. Ainda que se deixe essa pequena percentagem de fora, o tal número poderia baixar bastante.

Quanto à personalidade dos gordos... dizer que os gordos são mais bem humorados, faz-me lembrar anedotas de loiras. As loiras não são mais burras que o resto da população. E ainda que fossem, decerto que a sua inteligência não estaria relacionada com a cor do cabelo. A personalidade e peso variam muito e uma coisa influencia a outra, por isso, nestes assuntos não temos pretos e brancos. Logo, de certeza que existem pessoas gordas bem humoradas. Só pelo facto de se afirmar, comummente, que eles se conseguem rir de si próprios ilustra bem o quão implícito já está que é mau ser gordo. nem eles gostam disso e encontram no humor um refúgio. Para além disso, não creio que algum magro marque na agenda, das três às cinco e meia da tarde, a actividade de não comer. A fome altera bastante o humor das pessoas (e eu sinto bastante isso, que ando sempre com fome) mas pode-se comer bem sem se ser gordo. A questão, mais talvez que a quantidade, é a qualidade.

Um gordo tem todo o direito à vida e à liberdade. Até tem a liberdade de comer mal e demais. E a maior parte faz essa escolha sabendo das consequências. Se um indivíduo com um atraso mental começar a gesticular e a berrar numa viagem, não saberá o que está a fazer, o que torna obrigação da pessoa ao lado de suportar tudo aquilo. É aí que reside a fronteira, na consciência e na liberdade de cada um para fazer o mais apropriado e equilibrado.


(Curioso como até o facto de não ser gordo devo ao Dr. Mário Cordeiro. Há uns anos lá me mandou à nutricionista por causa dos "colestróis" trocados, e fez muito bem. Obrigado.)

Agora vou andando. Tenho de ir à casa de banho enfiar os dedos pela goela abaixo e perder os 2% de massa de gordura que tenho a mais.

Anónimo disse...

João Pedro,

Acho que tem razão em ficar aborrecido porque eu brinquei com coisas sérias...
Sabe é que me custa bastante ouvir as pessoas que não têm grande problemas de peso ou conseguem acesso a nutricionistas, ginásios, comida saudável, etc.a discutir os problemas dos gordos, como se eles não tivessem direitos.
Diz o meu filho que é magro: Privatizem o SNS e já ninguém tem de pagar a obesidade dos outros. E é o que apetece dizer porque todos nós pagamos o SNS dos outros e muitos não usamos ( eu, por exº)e os magros tb vão aos hospitais, tb fazem exames, têm acidentes, etc.
Não parti do princípio que todos os gordos eram doentes, mas há muitos que têm razões - educação, fracassos, preconceitos dos colegas, professores maldosos - que vêm aumentar a sua necessidade de comer ( está tudo ligado). A carência afectiva leva à obesidade, está mais que provado e é um círculo vicioso. A preocupação dos pais em demasia pode levar a criança a procurar o fruto proibido noutros lados. O desamor dos profs levam os alunos a frequentar o bar mais amiude, o gozo dos colegas transforma-se em necessidade de chocolates nos intervalos.
Não estou a dizer que não se combata as causas, mas o bom senso é vital no que toca as crianças e adolescentes, como o meu irmão sabe e eu tb que lidei com eles durante 37 anos, sem falar dos 3 filhos que tive.
Na América o problema é muito mais grave do que em Portugal, o que não é consolação....

Virgínia

Mário disse...

Fico feliz por ver que a minha "provocação" surtiu efeito em termos de tertúlia.
Só por isso fiquei intelectualmente mais... magro? Não... gordo, claro!
E vou continuar a espicaçar-vos.

zé disse...

Bom, com tanto que se já disse, venho só aqui deixar um abraço a todos (em especial ao Mário e à Virgínia). Não quero ser redundante...
Já deveria ter cá vindo mais cedo...
Aproveito só para dizer que tenho o privilégio de a genética ter sido simpática: bem quero engordar um bocadinho, mas não consigo...

Anónimo disse...

É tudo verdade mas experimentem ficar sentados, bem juntinhos a um passageiro com estas características, nos assentos de avião já por si desconfortáveis. Quando se faz um voo de 12 horas nestas condições talvez se mude um pouco de ideias e claro que faz sentido, não cobrar o dobro, mas pelo menos aplicar uma taxa de ocupação e sentar a pessoa em causa em lugares duplos, pois não deve ser o "vizinho" a ficar penalizado. O contrário também é assim, ou seja, se eu viajar com um bebé de colo que não ocupe cadeira, também não lhe é cobrado bilhete de avião. Fumar em espaços fechados também é horrível e uma grande falta de respeito e pior, a pessoa incomoda outra por opção, podendo muito bem evitar fazê-lo, mas eu pessoalmente preferia ser incomodado 15 minutos por um cigarro do que 12 horas ininterruptas com alguém em cima de mim. Enfim...