quinta-feira, 7 de maio de 2009

segundo o DN: "escandalo!".

O escândalo começou com uma reportagem fotográfica de oito páginas na revista TVnotas USA. Nela, um dos padres mais populares dos EUA, o cubano-americano Alberto Cutié, foi apanhado aos beijos e abraços com uma jovem mulher nas praias de Miami.

DN on-line


E porquê o escândalo? Por ser padre? Por ter beijado? Por ter beijado uma mulher? Por ela ser jovem? Por ser na praia? Acho que foi mais pelo abraço... mas não deu Judas um beijo a Cristo? E não abraçava Cristo as criancinhas?

É a Crise!!!!

15 comentários:

Pedro Cordeiro disse...

O escândalo só se sustenta no sensacionalismo de certa (demasiada) imprensa e no imobilismo da igreja católica apostólica romana.

Quando é que a Cúria percebe (ou tem a coragem de admitir, porque é impossível não o saber) que é falacioso apoiar o celibato sacerdotal no argumento da "dedicação total" à igreja?

Nisto o Vaticano não segue sequer Cristo, que escolheu pais de família para apóstolos. O celibato começou a ser pedido por vozes da igreja católica no século IV e tornou-se regra (não doutrina) no XI. Nada tem de teológico ou religioso, é mais uma de tantas formas de tentar controlar a vida dos demais.

Por este andar, Roma não estancará a sangria a favor de seitas, tretas New Age, esoterismos e livros de auto-ajuda. Talvez isto nem preocupe Bento XVI, de quem dizem que prefere uma igreja menor mas supostamente mais verdadeira, whatever isso queira dizer (será meia dúzia de tipos a gravar peixes em pedras?)

Não serei eu, cada vez mais ateu, a lastimar a derrocada. A dimensão da igreja de Roma, praticante ou não, é-me indiferente. Mas preocupa-me o enfraquecimento do seu papel social, inegavelmente importante.

Sugiro, entretanto, que todos aproveitemos o convite da estação, do sol, das flores a despontar nos jacarandás, e que namoremos muito...

Mário disse...

Absolutamente de acordo, Pedro. A intolerância e o imobilismo da Igreja fomentam depois o sensacionalismo de alguma imprensa.
Mas quando a Igreja diz, teoricamente com razão, "nós é que estabelecemos as nossas regras e quem quiser as aceite", só tem metade da razão, porque logo seguidamente tenta influenciar a vida de todos, e não apenas dos que a seguem.

Mas as coisas estão a mudar, desde o Movimento "Nós Somos Igreja", que pretende que as mulheres tenham direitos iguais na Igreja Católica, como as palavras do Bispo de Viseu, que depois de defender o uso do preservativo, veio há dias defender o fim do celibato.

Os ventos da História hão-de vencer, aliás estes dítames todos não provêm de Cristo, mas dos papas, e instituídos muitos séculos depois de Cristo...

Rui disse...

Apetece dizer: Que saudável!

Pedro Cordeiro disse...

Sábio foi um fiel da paróquia, que gritou ao bispo que condenava o padre: "Siempre será mejor con una mujer que con un niño".

Larose disse...

...um homem de Deus tem sempre muito amor para dar!

Virginia disse...

Concordo com as teorias todas sobre os dogmas da Igreja mais que ultrapassados e até errados que O pedro enuncia, mas pergunto-me também, porque é que ainda há padres - homens que vivem anos a aprender que o coito é pecado, que as mulheres são víboras do demónio e que o celibato lhes dá asinhas para entrar no céu. Se acreditam nessas tretas e mesmo assim professam e querem ser padres é porque têm uma imagem do sacerdócio como algo sagrado e condicionado.
No momento em que pecam - segundo a sua Igreja - deveriam imediatamente sair do sacerdócio, arranjar outro modo de vida igualmente beatificante - ser pai de família , por exemplo - e admitir que não conseguem ceder a essas exigências. Ficar na Igreja e ter família é que não é conciliável.
Sempre houve Padres pecadores - aconselho lerem o livro maravilhoso de Graham Greene " O Poder e a Glória" - sempre os haverá e os meninos filhos de pai incógnito também abundam. A Igreja não os reconhece, nem os auxilia, que eu saiba.

zé disse...

Não poderia estar mais de acordo com todos vós!
Não entendo esta coisa de os padres terem de dedicar-se ao celibato para a vida: segundo parece, Deus auto-criou-se para criar o Homem. Ele, perfeito, criou o Homem a partir de um pedaço de barro, no qual esculpiu duas narinas para insuflar ar (para além de criador, era também oleiro. Aposto que ninguém sabia!).
Antes do Homem, tinha criado um vasto ecosistema com tudo o que era necessário para aquele prosperar (e tudo em seis dias! Não admira que nem tempo tivesse para se barbear). O próprio filho tratou logo de se enfeitar com Maria Madalena e aquilo foi uma alegria...
Assim, parece-me contraditório que os padres, que são quem está mais próximo de Deus e, por conseguinte, os mais perfeitos dos homens, não possam procriar, contribuindo, assim, qual evolução genética, para o aperfeiçoamento moral do Homem!
Mais: decerto que a igreja rejubilaria se todos decidissem, vá lá, ser padres. Mas se tal acontecesse, dada a actual deontologia, a taxa de natalidade cairia até à extinção da nossa espécie. E isto também é contraditório! Ora, esfalfa-se Deus a trabalhar (em seis dias, volto a lembrar!) para criar o Homem o mais perfeito possível (só não ficámos mais perfeitos porque Ele já estava cansado de ter feito tudo o resto e não se dedicou como deveria), dando-lhe condições para viver e depois, os terráqueos em que Ele mais pode confiar (os padres, vá) conduzem a sua obra à extinção?
Viva, portanto, o padre Alberto: Ele morlamente perfeito; a jovem somaticamente perfeita e uma praia de Miami como cenário, só pode ter como consequência a ascenção moral do Homem!
Por mim, acho que era isto que Deus queria. Ou então explicou-se mal...

Virginia disse...

Parabéns, Zé. Há muito que não lia - e ria - algo tão inteligente e humorístico simultaneamente. A ideia do Deus oleiro então é de gritos!!!
O comentário é cinco estrelas, donde se prova que se pode responder a coisas sérias com o melhor e mais são sentido de humor.

Mário disse...


Brilhante.
Acho que Deus era, realmente, oleiro, mas fez um jarro e para comemorar fez um "bota-abaixo" - resultado, a alcoolemia subiu e criou o Homem...
E pensar que, quando tinha 4 anos, andava a dizer (relatam-me e eu lembro-me( que queria ser padre! Bom, se fosse "nessa tal" de Miami...

Virginia disse...

Enganas-te , mano, já tinhas uns dez anos e nós ( eu pelo menos) estávamos em pânico porque se mandavam crianças dessa idade para Singeverga para serem padres. Os nossos pais andavam numa de religosidade exacerbada - na minha opinião - e até punham a hipótese de vires a ser o Pe Mário.Se era brincadeira, eu levei muito a sério e preocupei-me. LIVRA.....

Anónimo disse...

Graças a Deus e a ti não foste para padre!!!
Que desperdício!!

Beijos

Mário disse...

Se fosse para padre - ou para um partido - saía no dia seguinte por rebeldia e inconformismo...
Gosto de pregar, mas obedecer a liturgias e dogmas violenta-me...

Lembro-me de me auto-chamar Padre Mário e Papa Cordeiro V. Não me perguntem porquê o Quinto...
Foi no tempo de João XXIII e da vivência do Concílio Vaticano II... estou muito velho!!!

Anónimo disse...

Também passei pela fase de querer ir para a freira. Olha que dois!!
Mas depois li um livro muito instrutivo : Saltei o Muro. Era sobre uma noviça que se pisgava do convento e as aventuras delas eram muito mais emocionantes do que as das capelas!!
Olha eu com o meu joelho dorido, como poderia estar ajoelhada tantas horas??? E como é que escreveria estas coisas para o blogue?

Tb digo: que desperdício!! hehe.

Virgínia

Anónimo disse...

Velho?!!!!
Gostariam muitos com menos vinte e trinta anos de ter a tua juventude de espírito, de ideias, de projectos, de saber aproveitar a vida, de sonhar, de amar!!!

Volto a repetir: que desperdício! Não é Virgínia? Mesmo tendo chegado a Papa - ah!ah!

Mais beijos,

Catarina

zé disse...

Obrigado pelas vossas palvaras, Dr. Mário e mana Virgínia! É a minha táctica: como não possuo conhecimento para discutir as coisas como as pessoas inteligentes, limito-me a gozar como o que é passível de ser gozado. E esta não podia perder!
O que eu não sabia é que duas pessoas brilhantes como o Dr. Mário e a mana Virgínia quiseram em tempos navegar nas turvas águas daquele mundo... Deveria ser engraçado: "Bom dia, Padre Mário, como está?"
Abraços!