quinta-feira, 30 de setembro de 2010

se o ridículo fizesse perder (ainda mais) pontos...

O Conselho Diretivo do Sporting anunciou novas normas internas que proíbem a utilização de calças de ganga por parte dos funcionários do clube, de forma a refletir os "valores do Grupo Sporting". Na tribuna, só blazer.
Para além da proibição da utilização de calças de ganga, o Conselho Diretivo do Sporting também desaconselha o uso de calções, bermudas, ténis e chinelos. A missiva interna distribuída pelos funcionários também refere que é de evitar a "exposição de piercings e tatuagens".
Expresso on-line

Felizmente os "valores do Grupo Sporting" incluem também grandes vitórias, campeonatos e taças umas atrás das outras.

Continuem assim, meus caros lagartos, continuem assim... o povo agradece.

demagogia...


A propósito das medidas que o Governo (provavelmente muito tarde) tomou, e para lá da discussão se se faz ou não TGV, se a receita ou a despesa é que devem ser intervencionadas, etc, etc, há elementos de desinformação que não ajudam, em nada, a que um cidadão consiga entender, de modo desapaixonado e não partidário, o que é correcto ou não.

Escrevo isto porque ontem ouvi um inflamado sindicalista a dizer que o aumento do IVA "vai levar à fome de muita gente". É assustador. Mas... pus-me a fazer as contas, e vi que o dito aumento (para o escalão mais elevado de IVA, e admitindo que uma pessoa compra todos os produtos neste escalão) corresponde, por cada 100€... a 42 cêntimos.

Dizia ele que "uma pessoa que ganha 300€ ficará na miséria". É inadmissível que ainda haja pessoas a ganhar 300€ por mês. Mas, se estas gastarem tudo em produtos taxados à escala máxima, verão a vida agravada, mensalmente, em 1,2€. O preço de dois cafés num estabelecimento baratuncho. O preço de 5 cigarros. O preço de um décimo de litro de gasolina. O preço de... acho que nem uma pastilha gorila.

Com argumentos deste nível, acho que nunca iremos entender o que é, de facto, possível, necessário, admissível ou imperativo.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Gooooooooooooooooooooooooogle!

Um dia, o matemático Edward Kasner perguntou ao sobrinho de 8 anos o que era, para ele, um "número grande". Um número mesmo grande. O rapaz emitiu um som, como resposta, que a Kasner soou: "googol". A expressão passou a designar o número que é o 1 seguido de 100 zeros.

Porque a web é imensa, os autores do Google, que hoje faz anos (doze) adoptaram este nome. Que seria de nós sem ele? E sem as variantes Chrome, Sky, Earth e tanta outra coisa mais?


Curiosamente, foi a 27 de Setembro (de 1905) que a revista Annalen der Physik publicou um artigo de "um tal" Albert Einstein, em que, pela primeira vez, introduzia o conceito de E=mc2.

"Ele" anda tudo ligado... e ainda bem, para mostrar que "o mundo pula e avança".




















. Mais tarde, Kasner definiu um número ainda maior: o googolplex.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Parabéns, Pedro Almodovar!

59 anos. Parabéns! Nunca poderemos agradecer suficientemente todos os momentos que nos tens proporcionado, de cinema sublime e de intervenção cívica corajosa. E de humor. E de observação das mulheres. E dos dramas humanos. E de tanta e tanta coisa. Obrigado!

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

a fragrância das maçãs

O Outono é uma estação em que os sentidos são estimulados de uma maneira muito especial, desde a luz quase mágica de Setembro aos cheiros dos frutos. Entrar numa cozinha que esteve fechada e onde estavam guardadas maçãs é uma sensação que nos remete para memórias antigas e recônditas, de tranquilidade e paz. Só possível no Outono. 

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

dia da Mobilidade


Crédito imagem: 1.bp.blogspot.com

Só no ano passado a Carris contabilizou 359 interrupções na circulação de autocarros e eléctricos, cuja duração média foi de cerca de 40 minutos , num total de 885 horas.

TSF on line
Se imaginarmos que cada veículo leva 20 pessoas, os prejuízos, no que se refere à perda de horas de serviço, podem ser estimados em  160.000€ por veículo. Como, no geral, mais do que um autocarro ou eléctrico estará impedido de circular (40 minutos dão para acumular vários) faça o Leitor as contas...
A Carris, por seu lado, perdeu com a brincadeira 180.000€.

Como é que tão poucos podem perturbar a vida de tanta gente... e causar tanto prejuízo.

Um dia, uma pessoa que conheço foi viver para o Luxemburgo e, à boa maneira portuguesa, decidiu estacionar em segunda mão, com os quatro piscas ligados, enquanto ia comprar rapidamente uma coisa. Quando regressou ao carro estava um polícia à espera dela, com duas multas: uma, por ter estacionado indevidamente; a outra, por ter ligado os piscas de urgência numa situação não urgente. Ainda há dias o Expresso noticiou o caso de um político português que, em carro de Estado, foi almoçar e o motorista deixou o carro num local proibido, mas com os piscas de urgência ligados "caso a polícia aparecesse". É por estas e por outras que estamos na cauda (para não dizer outra coisa) da Europa.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Festa da Cerveja faz 200 anos

Tudo começou em 1810, com o faustoso casamento do Rei Luís da Baviera com a Princesa Teresa Carlota Luísa da Saxónia-Hildburghausen, pretexto para uma grande festa em que nobres se misturaram com camponeses.  Daí nasceu a tradição: a Festa da Cerveja, onde beber é um comportamento natural e a cerveja escorre em quantidades industriais. Munique no seu apogeu. Por cá, apenas SIlves tenta, à sua dimensão, fazer o mesmo em Julho.

Crédito imagem: singleman.com

20 anos de ratificação da Convenção

Celebram-se hoje 20 anos da ratificação, por todos os órgãos de soberania portugueses - Governo, AR e Presidência -, da Convenção sobre os Direitos da Criança.

Trata-se de um marco histórico para a Infância e Adolescência - até agora, apenas a Somália e os EUA não a ratificaram. Claro que isto não quer dizer nada em termos de cumprimento - tantos países ainda tratam as crianças como sujeitos sem direitos (e em muito nem sequer protegidas pelo Direito). No entanto, no nosso caso, a Convenção tem força de lei e permitiu respaldar reformas e é, em parte, também responsável por enormes melhorias na saúde e no bem-estar das crianças e adolescentes.

Portugal foi um dos primeiros países a ratificar a Convenção e, não por acaso, a primeira representante da Europa no Comité Executivo da ONU para a Convenção foi a jurista Marta Pais.

Muito falta fazer, mas muito foi feito. Como escreveu Sérgio Godinho, "já fizemos tanto e tão pouco. Que há-de ser de nós?!"

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Galileo Galilei


Galileo Galilei foi julgado em 1633, no dia 20 de Setembro. Físico, matemático, astrónomo e filósofo, foi um dos maiores vultos da revolução científica. Entre as suas descobertas astronómicas contam-se a confirmação das fases de Vénus, a descoberta dos quatro maiores satélites de Júpiter e a observação das manchas solares.

Por defender a teoria helicêntrica foi alvo da sanha da Inquisição - não é impunemente que se afirma ser o sol o astro à volta do qual a Terra gira, quando "basta olhar"  e ver que o sol é que, ao longo do dia, se move. Como, para a Inquisição, as Escrituras diziam ser a Terra o centro do Universo, a teoria de Galileu foi considerada herege e o sábio condenado a prisão domiciliária perpétua. É fantástico como um homem pode dar tanto à Humanidade e como os seus autoproclamados representantes podem ser tão mesquinhos, ignorantes e intelectualmente indigentes.

Fica aqui o poema de António Gedeão, em memória deste Pai da Ciência Moderna.
 
Poema para Galileo


Estou olhando o teu retrato, meu velho pisano,
aquele teu retrato que toda a gente conhece,
em que a tua bela cabeça desabrocha e floresce
sobre um modesto cabeção de pano.

Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da tua velha Florença.
(Não, não, Galileo! Eu não disse Santo Ofício.
Disse Galeria dos Ofícios.)
Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da requintada Florença.
Lembras-te? A Ponte Vecchio, a Loggia, a Piazza della Signoria…
Eu sei… eu sei…
As margens doces do Arno às horas pardas da melancolia.
Ai que saudade, Galileo Galilei!

Olha. Sabes? Lá em Florença
está guardado um dedo da tua mão direita num relicário.
Palavra de honra que está!
As voltas que o mundo dá!
Se calhar até há gente que pensa
que entraste no calendário.

Eu queria agradecer-te, Galileo,
a inteligência das coisas que me deste.
Eu,
e quantos milhões de homens como eu
a quem tu esclareceste,
ia jurar- que disparate, Galileo!
- e jurava a pés juntos e apostava a cabeça
sem a menor hesitação-
que os corpos caem tanto mais depressa
quanto mais pesados são.
Pois não é evidente, Galileo?
Quem acredita que um penedo caia
com a mesma rapidez que um botão de camisa ou que um seixo da praia?
Esta era a inteligência que Deus nos deu.

Estava agora a lembrar-me, Galileo,
daquela cena em que tu estavas sentado num escabelo
e tinhas à tua frente
um friso de homens doutos, hirtos, de toga e de capelo
a olharem-te severamente.


Estavam todos a ralhar contigo,
que parecia impossível que um homem da tua idade
e da tua condição,
se tivesse tornado num perigo
para a Humanidade
e para a Civilização.

Tu, embaraçado e comprometido, em silêncio mordiscavas os lábios,
e percorrias, cheio de piedade,
os rostos impenetráveis daquela fila de sábios.

Teus olhos habituados à observação dos satélites e das estrelas,
desceram lá das suas alturas
e poisaram, como aves aturdidas- parece-me que estou a vê-las -,
nas faces grávidas daquelas reverendíssimas criaturas.

E tu foste dizendo a tudo que sim, que sim senhor, que era tudo tal qual
conforme suas eminências desejavam,
e dirias que o Sol era quadrado e a Lua pentagonal
e que os astros bailavam e entoavam
à meia-noite louvores à harmonia universal.

E juraste que nunca mais repetirias
nem a ti mesmo, na própria intimidade do teu pensamento, livre e calma,
aquelas abomináveis heresias
que ensinavas e descrevias
para eterna perdição da tua alma.

Ai Galileo!

Mal sabem os teus doutos juízes, grandes senhores deste pequeno mundo
que assim mesmo, empertigados nos seus cadeirões de braços,
andavam a correr e a rolar pelos espaços
à razão de trinta quilómetros por segundo.
Tu é que sabias, Galileo Galilei.

Por isso eram teus olhos misericordiosos,
por isso era teu coração cheio de piedade,
piedade pelos homens que não precisam de sofrer, homens ditosos
a quem Deus dispensou de buscar a verdade.

Por isso estoicamente, mansamente,
resististe a todas as torturas,
a todas as angústias, a todos os contratempos,
enquanto eles, do alto incessível das suas alturas,
foram caindo,
caindo,
caindo,
caindo,
caindo sempre,
e sempre,
ininterruptamente,
na razão directa do quadrado dos tempos.



memórias do passado- o QE2

Faz hoje anos (43) o Queen Elizabeth 2, navio transatântico da Cunard Line (a mesma que era detentora do Queen Elizabeth 1 e logo a seguir do Queen Mary). Com  70.327 toneladas e 294 metros de comprimento, o navio conseguia atingir uma velocidade de 32,5 nós (60,2 km/h).

Este navio faz parte das minhas memórias: por mais de uma vez o vi no Tejo, reproduzindo-o depois nos pequenos navios que construía em Lego e com os quais passava horas a brincar - vantagens de viver numa casa com uma fabulosa vista para o rio.

Em 2008, o QE2 foi para a reforma e enviado para o Dubai, com grande pompa e cirscunstãncia na sua viagem final, chegando àquele país numa flotilha de 120 embarcações, depois de uma vida de glória e de ter, inclusivamente, participado na guerra das Falkland/Malvinas, em 1992.

Destinado a ser hotel de luxo, o QE2 foi apanhado pela crise e está parado, à espera de melhores dias. Apesar de ainda existirem cruzeiros vários (ainda neste fim-de-semana três enormes navios de cruzeiro estiveram atracados em Lisboa), o tempo dos grandes transatlânticos parece ter passado. Sinais dos tempos?

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

viva a Escola Pública!


A Escola Secundária Alves Martins, em Viseu (Alves Martins foi Bispo de Viseu no século XIX), é um paradigma do que pode ser a escola pública. Este ano conseguiu que 27 alunos fossem colocados nas faculdades de Medicina das universidades do Porto (com a média mais elevada a nível nacional), de Coimbra e Lisboa.

Além destes, mais oito tinham média para entrar mas optaram por outros cursos, e ainda mais nove conseguiram entrada em Arquitectura, um dos cursos mais requisitados a nível nacional.

Esperemos que estes alunos não tenham ido apra Medicina só porque tinham nota para isso, pelo contrário, que corresponda a uma verdadeira vocação e talento, mas é de sublinhar o facto: uma escola do interior do país consegue - seguramente através de exigência, rigor, organização e qualidade, um resultado brilhante.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

padres e crianças - não combinam!

Bebé morre afogado em batismo


A cabeça da criança, de seis semanas, foi submersa três vezes na pia batismal. O padre moldavo, que agora está a ser investigado por homicídio culposo, alega que é o procedimento habitual da cerimónia religiosa.
Expresso on-line

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

onde é que pára a polícia?


A estreia do programa Boa Tarde, apresentado por Conceição Lino na SIC, no dia 13 de Setembro, foi marcada pela transmissão em directo do nascimento de dois bebés - um no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, parto normal; outro no Hospital de Beja, através de cesariana. Duas repórteres e respectivas equipas estiveram nas salas de parto, conversando com médicas, enfermeiras e as grávidas em trabalho de parto. Uma festa!


Estamos a falar de hospitais públicos, em que, por exemplo, se proibe a presença dos pais quando de cesarianas (contra tudo o que é lógico e científico) e se limita "ao limite" essa presença em outros tipos de partos. Para lá disto, mediatizar um nascimento parece-me bizarro - é um momento íntimo e dos pais; mesmo com a aquiscência destes (a troco de quê? dinheiro? cinco minutos de fama?). A intrusividade e os princípios (ou falta deles) subjacente a este episódio são deploráveis. 

Senhora Ministra da Saúde, que além de ministra é pediatra: isto passou-se em hospitais do SNS. Onde os pais, repito, são escorraçados da sala de partos; onde os funcionários não podem dizer nada às televisões sem autorização superior. Não diz nada? Não comenta? Não se insurge?

É o país onde vivemos. Acima de tudo, um país onde impera o mau-gosto e a falta de senso.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

de volta à Escola!

Hoje recomeçaram (finalmente) as rotinas - levantar cedo, fazer lanches da manhã e da tarde, vistoriar mochilas... a escola está aí. e eles já sentiam saudades.

Os dias permitem ir a pé e à conversa, depois de um pequeno-almoço tranquilo, sentados. Sabe bem.

O Verão é muito bom mas muito cansativo. Só este calor é que destoa do diapasão da época.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

momentos



Soube ontem que um Amigo meu, de 85 anos, estava internado, com uma doença grave. Pensei em ir hoje visitá-lo e dizer-lhe quanto foi importante na minha vida. Infelizmente já não fui a tempo. Advogado, livre pensador, culto, calmo, sabedor, melómano, muito me incentivou a escrever, soube dar-me apoio nos momentos menos bons da minha vida. Era um dos poucos que eu ia visitar na véspera de Natal. Tanta riqueza trazia a conversa com ele como os momentos de silêncio entre as palavras.

Um dia enviou-me uma carta, com uma daquelas caligrafias que "já não se fazem", e expressou ter gostar muito do "estilo mozartiano" que eu usava no que escrevia - foi o elogio que melhor me soube.

Com a mulher, professora, inteligente e culta, afável e determinada, faziam um par inseparável. Viveram juntos mais de cinco décadas.

Hoje, com o João da Costa Neves, morreu também um pouco de mim. Um abraço à Maria Helena.

estilhaços no day after

Todas as mudanças de registo causam inquietação. A saída dos norte-americanos do Iraque vai levar a muitos efeitos colaterais e fica a dúvida se, com o que se pasou até agora e com o que se pode vir a passar, se o Iraque é um melhor lugar para se viver (a democracia iraquiana sem a presença de tropas estrangeiras vai ser - espero estar enganado - um regime muito semelhante ao anterior, e perante a violência o governo vai endurecer e reforçar o componente ditatorial).

Um aspecto particular tem a ver com os milhares de presos, muitos deles confiados ao exército dos EUA. Com a saída deste, passam para as mãos dos iraquianos. Ora, enquanto os EUA não praticam livremente a tortura (reconheçamos que casos como os de Guantanamo ou Abu-Ghraib são uma minoria), a lei iraquiana não a exclui. A Aministia Internacional prevê o pior. A culpa não é de Obama, mas de uma invasão feita à pressa, com pretextos falsos e, para lá de todas as motivações, muito mal organizada. Os estilhaços de George W Bush estão em todo o lado e perpetuam-se... 

domingo, 12 de setembro de 2010

ainda o 11 de setembro

Ainda a propósito do 11 de Setembro, fica aqui um quadro do meu amigo Pedro Miguéis, cirurgião pediatra, de uma série de cerca de uma vintena que fez sobre momentos mediáticos cruciais desse dia (aqui a fuga das pessoas com a nuvem de poeira e o rasto da morte).

Este está em minha casa - sou um privilegiado!


sábado, 11 de setembro de 2010

nine eleven

Crédito imagem: enviado por Sérgio Paixão

Já passaram nove anos. Parece longe mas muito próximo. Estava de férias, a tomar um café numa esplanada, num dia cinzento, e um amigo meu chamou-me porque "estavam a cair aviões nos EUA" e "era um ataque". Pensei que me estava a gozar. Mas era verdade.

Tanta coisa se passou: Afeganistão, Iraque, Bin Laden, fundamentalismo, reacções pró e anti-guerra... mas o que terá estado por detrás disto tudo? Que complexos sinuosos de interesses se entrecruzaram nesse dia? Para nós não haverá respostas. Para os mais de dois mil mortos não haverá respostas nem perguntas.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

gaffe da SIC ou previsão do jogo?

Depois da derrota em Guimarães, com grande ajuda do Olegário que perdoou dois penaltis evidentes e marcou dois fora-de-jogo inexistentes que certamente dariam golo (pelo menos o do Saviola), se calhar não se trata de uma gaffe...

Mas havemos de lutar pela manutenção na Liga! SLB sempre!!!!

Se Bento vai para a Selecção...

Nãããããão!!!

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

como melhor amigo do Homem, o cão já era...


Um estudo que saíu há escassos dias mostrou que o número de pessoas que na Índia têm telemóvel ronda os 500 milhões, ao passo que o das que têm acesso a casas-de-banho fica-se pelos 300 milhões. Em Portugal, o número de pessoas com dois ou mais telemóveis aumentou exponencialmente desde há cinco anos. E outra coisa que os estudos não dizem mas que seria muito interessante saber, é que tipo de utilização as pesoas fazem, ou dito de outra forma, que serviços não exclusivamente de telemóveis são usados, quantas chamadas precisavam realmente de ser feitas naquele momento (as inadiáveis), etc, etc. Sem emitir juízos de valor, vale a pena, individualmente e em sociedade, pensar no significado eventual e potencial de tudo isto. Há 20 anos não existia a palavra telemóvel. Agora o que praticamente não existem são pessoas sem telemóvel...

A propósito disso, todos os dias passo em frente de uma pequena banca de gelados, daquelas que a Câmara disponibiliza para o Verão. Lá dentro, uma rapariga nova,  de plantão, a vender gelados. Está sempre ao telemóvel. Demoradamente. Dei comigo a pensar no dinheiro que gastará, ela ou quem lhe telefona, que presumo não tenha fortuna. Horas e horas. No outro dia resolvi comprar um gelado e ela pediu desculpa à pessoa que estava do outro lado, manteve o telemóvel ligado, atendeu-me e retomou a conversa. Rios de dinheiro. Rios de perplexidade. Rios de estranheza pela má gestão do tempo, do dinheiro e das prioridades... mas "isto sou eu a falar" (na net).

terça-feira, 7 de setembro de 2010

basta de vergonha!

Acabem com esta vergonha! Rua com o Secretário de Estado, a Direcção da Federação e o treinador. E um banho na equipa, que também tem muitas culpas no cartório, jogando sem chama, sem garra, sem nada. Vergonha! Chipre e Noruega mereceram.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Casa Pia

Depois da sentença proferida no Tribunal de 1ª Instância, na sexta-feira, sobre "o caso Casa Pia", tem-se visto de tudo. E fica-se ainda mais perplexo com as acusações que partem dos arguidos e respectivos advogados, sobre pessoas e sobre a Justiça em geral e os juízes em particular. Confesso que o espectáculo de jornais, semanários e advogados a usarem de um tom despropositado para fazerem valer os seus pontos de vista lança-me ainda mais dúvidas sobre a "presumível inocência", que contudo aceito só deixará de a ser no dia da transitação em julgado.

Há, no entanto, algo de surrealista que não posso deixar de sublinhar: a desacreditação das vítimas. Haverá seguramente depoimentos com algumas contradições, entre eles, como as que a defesa de Carlos Cruz tenta explorar (depois de se queixar que o processo foi sobre o apresentador, beneficia de SIC em directo escassos minutos depois da condenação, entrevistas exclusivas a jornais e semanários, etc, etc - imaginam Marc Dutroux, na Bélgica, a ter estas benesses?). Mas, tal como para o caso do violador de Telheiras, querer que as vítimas (para mais com idades à roda de 8 anos, quando dos factos e passados muitos anos sobre eles porque não lhes foi dada hipótese de queixa antes) se lembrem dos pormenores estéticos e do mobiliário das casas quando foram violadas, maltratadas, amedrontadas e abusadas é, no mínimo, exibir desfaçatez, ignorância e falta de pudor.

Uma especialista americana, trazida por pessoas ligadas aos arguidos, esteve há cerca de 5 anos em Portugal, desacreditando as vítimas. A ilustre psicóloga referiu casos em que crianças que foram à Disneylândia diziam ter encontrado lá o Mickey, o Donald e o Urso Pooh (ou outro semelhante), quando este não fazia parte da Disney. Assim, concluía ela, as crianças não eram de fiar quanto a depoimentos. A especialista "só" se esqueceu de uma coisa: é natural, ao relembrar personagens nesse contexto, agradável e não ameaçador nem traumático, haver confusão. Pelo contrário, se uma dessas personagens tivesse, por hipótese, dado uma bofetada violenta aos miúdos, eles nunca se esqueceriam de qual tinha sido e, com toda a certeza, não falariam do Urso Pooh. As vítimas, como no caso de Telheiras ou outros, lembram-se de quem as violou; quanto ao resto, ou seja, os factos irrelevantes, a memória tenta obliterar, confundir e alterar, como defesa natural. Será que as vítimas de Telheiras se lembram se o elevador estava parado no rés-do-chão ou se as paredes eram brancas ou amarelas? Mas da cara do violador, isso lembram-se.

Por muito xirivari que alguns advogados façam, tentando desacreditar as vítimas, o que é certo é que estas foram violadas e não se vê o interesse que teriam em, todas elas, andarem a conspirar contra este ou aquele. Pelo contrário, aos arguidos, se forem culpados terá bastante mais interesse dizer que não cometeram crimes e que todas as vítimas estão enganadas. Enquanto uma vítima se queixa, raramente um criminoso deste tipo de crime assume a culpa.

Veremos as cenas dos próximos capítulos, mas o que conta, neste momento, é que um Tribunal legítimo, composto por juízes acerca dos quais não parece haver dúvidas quanto à honestidade, probidade e justeza de julgamento, considerou haver provas suficientemente sólidas para ultrapassar a "reasonable doubt" e condenou às penas conhecidas. Essa é a verdade dos factos no dia de hoje. Tudo o resto é confabulação, esperteza saloia ou desrespeito por quem merece todo e mais que fosse: as vítimas (e quem, corajosamente, com ameaças de morte pelo caminho, soube continuar ao lado dos ofendidos).

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

o inglês que tirava fotografias

Crédito Imagem: static-blogstorage.hi-pi

Um cidadão inglês ia levando uma surra e foi detido na sequência de ter andado a tirar fotografias de crianças, na praia. Porque o fez, não se sabe - ele argumenta que gosta de tirar fotografias e que, nomeadamente, as crianças dão bons motivos fotográficos.

Os jornais inquietaram-se e, como é costume, assumiram o seu papel de "cavaleiros brancos", justiceiros, dando do "alegado pedófilo" uma imagem a condizer.

Provavelmente, muitos destes jornalistas, em viagens pelo extremo-Oriente, Índia ou África, tirarão fotografias como a que publico acima, não perguntando aos meninos e aos respectivos pais se autorizam ser manequins. E essas imagens "piedosas" vão para os albuns, internet e facebook, sem que alguém se preocupe, causando muita comoção porque "os pretinhos são muito queridos" ou "os indianos, coitados, cheios de fome". E porque é que é assim? Por duas razões: a primeira, é que somos nós tiramos as fotografias, logo, temos o direito natural de o fazer. O inglês era seguramente pedófilo, nós só queremos tirar fotografias; a segunda, é que são pretinhos ou indianos, pelo que os seus direitos são necessariamente o de ser fotografados por ocidentais. A estes é que a sociedade dá a prerrogativa de autorizar, mesmo que se estejam a expor em local público.

O inglês livrou-se do linchamento pela intervenção da polícia mas ainda ficou sem a máquina e levou uns sopapos. Dois pesos e duas medidas? Julgamentos sem tribunal? E por crimes que não o são (pedofilia não é crime)? Alguns jornalistas estão demasiado ocupados a escrever tretas para se incomodarem com isso...


quarta-feira, 1 de setembro de 2010

a queda de um avião


Depois da queda do ultraleve em Óbidos, que causou a morte de duas pessoas, vêm os "diagnósticos". Segundo pessoas do Aeroclube, o proprietário tinha procedido a intensas alterações estruturais no avião, incluindo colocar um motor muito mais potente. "Um perigo!". Outros dizem que o piloto tinha muito pouca experiência de voo e que tinha tirado o brevet em Espanha, não tendo equivalência portuguesa do mesmo. "Adivinharam logo o que ia acontecer". Muitas opiniões, todas no mesmo sentido: "Eu já tinha dito. Eu vi logo. Era óbvio".

A ser assim, é lamentável que o Aeroclube tenha autorizado a partida do avião que, ao que sei, não levanta voo só por si mas dependendo da permissão das autoridades que regulam o tráfego aéreo. Se, realmente, o perigo era iminente, custava muito ter dito "não!" à descolagem? Como leigo, não sei, mas gostava que alguém me esclarecesse.