sexta-feira, 17 de setembro de 2010

viva a Escola Pública!


A Escola Secundária Alves Martins, em Viseu (Alves Martins foi Bispo de Viseu no século XIX), é um paradigma do que pode ser a escola pública. Este ano conseguiu que 27 alunos fossem colocados nas faculdades de Medicina das universidades do Porto (com a média mais elevada a nível nacional), de Coimbra e Lisboa.

Além destes, mais oito tinham média para entrar mas optaram por outros cursos, e ainda mais nove conseguiram entrada em Arquitectura, um dos cursos mais requisitados a nível nacional.

Esperemos que estes alunos não tenham ido apra Medicina só porque tinham nota para isso, pelo contrário, que corresponda a uma verdadeira vocação e talento, mas é de sublinhar o facto: uma escola do interior do país consegue - seguramente através de exigência, rigor, organização e qualidade, um resultado brilhante.

12 comentários:

Susete disse...

Como já partilhei noutra entrada, a Madalena, entrou na escola pública para o seu 1ºano. Apesar de só ter passado uma semana estamos todos (filha e pais) satisfeitos com o carinho e atenção que nos tem sido dado.
Sair do St Maria não é fácil para ninguém mas confesso que estamos muito surpreendidos com esta nova escola. Existem aspectos a melhorar? Sim, existem mas mais do que as instalações, as pessoas (professores e auxiliares) fazem a diferença. A organização e a qualidade são factores muito importante. Esperemos que esta escola, seja tal com a de Viseu(apesar de secundária) seja exemplo disso mesmo.

Susete

Susete disse...

Como já partilhei noutra entrada, a Madalena, entrou na escola pública para o seu 1ºano. Apesar de só ter passado uma semana estamos todos (filha e pais) satisfeitos com o carinho e atenção que nos tem sido dado.
Sair do St Maria não é fácil para ninguém mas confesso que estamos muito surpreendidos com esta nova escola. Existem aspectos a melhorar? Sim, existem mas mais do que as instalações, as pessoas (professores e auxiliares) fazem a diferença. A organização e a qualidade são factores muito importante. Esperemos que esta escola, seja tal com a de Viseu(apesar de secundária) seja exemplo disso mesmo.

Susete

Elisete disse...

Pergunto, Sr. Dr., se isso não terá a ver não tanto com o facto de ser uma escola pública mas sim com o facto de ser uma escola do interior onde não impera o que eu chamo de “novo-riquismo” e consumismo imediato? É que estes graves problemas tanto existem nas públicas como nas privadas da zona das grandes cidades.

Rui disse...

Esta é uma excelente notícia!
Pena é que a fiabilidade da escola pública seja baixa e que provavelmente a escola do lado tenha resultados muito diferentes.
Não conheço a realidade desta escola, mas não será difícil de imaginar que na Alves Martins entram os filhos das famílias melhor relacionadas em Viseu, enquanto que o resto vai para as restantes.

Sou completamente a favor do princípio da escola pública e da igualdade no acesso à educação, mas infelizmente o estado português não dá aos cidadãos essa igualdade, não garante uma qualidade média mínima que permita aos pais colocarem tranquilamente os filhos na escola que por lei lhes está atribuída.

catuxa disse...

E, ao que parece, uma boa relação entre professores e alunos, ou seja trabalho de equipa, que é o que formação escolar deve ser. A reportagem da TV mostrava um ambiente óptimo. Eventualmente, também terá a ver com a formação de base das pessoas, estrutura familiar, familiariedade facilitada nos meios mais pequenos, etc. De qualquer forma, um exemplo para as escolas públicas, da qual também sou defensora mas que acho que deve ser cada vez mais apoiada e, ao mesmo tempo, exigente consigo própria, para estar à altura dos desafios. A nossa experiência (com 1cria no 1º CEB e 1 no 2º CEB tem sido muito boa) mas compreendo que nalgumas situações se opte pelo privado. De qualquer forma, subscrevo: viva a escola pública!

Anónimo disse...

Eu sou a favor da escola pública e os resultados dessa escola são óptimas notícias. No entanto, sou também a favor da liberdade na escolha da escola pública, pois não é muito bom saber que uma tal escola teve óptimos resultados mas a morada impede-me de colocar lá os meus filhos. A vantagem do privado é a livre escolha, não é tão pequena assim a vantagem não acham?
Ana

Mário disse...

Há escols pública excelente e péssimas, como acontece com as privadas. Assim, a notícias não teria razão de o ser. Contudo, ainda é frequente relacionar escola pública com mau desempenho, viol~encia e degradação, e escola privada com excelência. cada vez o é menos. Até em cosias que - pasme-se! - deveriam sê-lo, atendendo às mensalidades, como a alimentação.
O fenómeno do bullying nas privadas é grande, sobretudo o psicológico, embora seja escondido por razões óbvias.
E, para lá do estímulo académico e cognitivo, há que contar com o desenvolvimento da inteligência emocional e da inteligência social, tão queridas (felizmente) das empresas privads, por exemplo, como factores determinantes a melhores pessoas e melhores profissionais: e, aí, a escola pública dá cartas.
Quanto à livre escolha, é um facto: as limitações de área de residência ou de local de trabalho são muitas, mas espero que, um dia, todas as escolas públicas sejam óptimas. No centro da cidade de Lisboa, por exemplo, isso acontece cada vez mais.

Anónimo disse...

"Há escolas públicas excelentes e péssimas, como acontece com as privadas"

Concordo absolutamente.

E aquela afirmação que por vezes oiço de que um bom aluno é-o sempre seja em que escola for...será correcta..?!

Fico na dúvida.

Bom fim de semana.
Dulce

Virginia disse...

Dei aulas durante trinta e sete anos em escolas publicas e tive alunos excepcionais, assim como alguns muito fracos, que tinha de apoiar e ajudar. mesmo assim, muitos ficaram pelo caminho por nao terem possibilidades de ascender a melhor. Hoje talvez se exija menos e mais alunos conseguem notas altas, ha uma inflacao nitida nalgumas escolas para fazerem o favor aos pais.
Penso que e bom para os adolescentes verem toda a especie de gente e conviverem num meio aberto.

Anónimo disse...

Concordo com o Mário, gosto da escola pública porque não esconde o Mundo aos meus filhos, mas não estou no centro de Lisboa, e a periferia tem escolas com muitos problemas sociais. Nós pais temos que escolher entre o estímulo académico e o estímulo social e emocional. O estímulo académico tem que ser completado em casa é o que fazemos ou tentamos fazer, temos medo da desmotivação porque quando aquelas cabecinhas voam muito alto a escola sabe a pouco, a escola não faz milagres e quando tenta atender aos problemas básicos de cada menino não pode atender a curiosidade de outros. Sabemos que se vão tornar mais completos, mas as condições de aprendizagem estão aquém do que sonhámos para os nossos tesouros. Digo-lhe que é preciso coragem para os deixar ir para tal escola, é como deixá-los trepar a árvore, sim, têm que ser ágeis, mas os arranhões cortam-nos o coração. Temos que estar permanentemente presentes e vigilantes.
Ana

joaopedrosantos disse...

Ainda me lembro da transformação que sofri quando mudei de uma escola privada para uma pública, do 1º ciclo para o segundo. Gostei imenso de ter andado no colégio, tive uma boa experiência e conheci bons amigos.
Com a mudança de ambiente, tive de ir percebendo que alguns aspectos da interacção da minha personalidade com o mundo real teriam de ser corrigidos. Na primeira escola, quando eu deixava o casaco no meio do recreio, iam à sala devolver-mo (até sabiam que era meu), na pública, deixei um estojo com o meu equipamento escolar todo num banco e pouco tempo depois não estava lá. Isto aconteceu logo na primeira semana.
Para além disto havia a compra de senhas, em vez de aparecer para almoçar, e a partilha de espaço com pessoas muito diferentes de mim, que praticavam coisas que seriam impensáveis no colégio e que ainda por cima o faziam impunemente.
O facto de ter aprendido tudo isto abriu-me os olhos e obrigou-me a ser mais cuidadoso e a lidar melhor com a adversidade. De uma maneira geral fez-me bem, sendo que adorei o tempo passado no colégio, que não trocaria por nada.

Não julgo que o ambiente seja imperativo na formação escolar. Desde que seja transmitido ao aluno tudo aquilo que ele tenha de saber, só o respeito de parte a parte é adicionalmente exigível.
Um dos mais graves problemas é que, sendo os professores seres humanos, não podemos garantir a sua qualidade e fiabilidade, podendo eles ser bons ou maus profissionais. Tal como todas as outras pessoas, teremos professores mais ou menos inteligentes e com vocações diferentes para diferentes ambientes.
Falta bastante disciplina na escola pública e respeito por aqueles que se querem esmerar. Mas não se pode esperar que numa sociedade inteira construída na mediocridade se valorize um resultado contrário. Muito se fala de autoridade, mas duvido que esse seja o caminho. Um professor não deve ser respeitado por ser professor. Isso sempre me pareceu ridículo. Acima de tudo, cada um deve respeitar a sua missão dentro da sala.

miguel disse...

Comentários interessantíssimos. Todos. Foram-me muito úteis.