segunda-feira, 13 de setembro de 2010

momentos



Soube ontem que um Amigo meu, de 85 anos, estava internado, com uma doença grave. Pensei em ir hoje visitá-lo e dizer-lhe quanto foi importante na minha vida. Infelizmente já não fui a tempo. Advogado, livre pensador, culto, calmo, sabedor, melómano, muito me incentivou a escrever, soube dar-me apoio nos momentos menos bons da minha vida. Era um dos poucos que eu ia visitar na véspera de Natal. Tanta riqueza trazia a conversa com ele como os momentos de silêncio entre as palavras.

Um dia enviou-me uma carta, com uma daquelas caligrafias que "já não se fazem", e expressou ter gostar muito do "estilo mozartiano" que eu usava no que escrevia - foi o elogio que melhor me soube.

Com a mulher, professora, inteligente e culta, afável e determinada, faziam um par inseparável. Viveram juntos mais de cinco décadas.

Hoje, com o João da Costa Neves, morreu também um pouco de mim. Um abraço à Maria Helena.

2 comentários:

Pedro Cordeiro disse...

Bonita homenagem a um homem de quem vamos ter saudades. Consola-me o privilégio de ter sido seu amigo, vizinho e quase neto. Pouco antes do verão encontrámo-nos na rua, como tantas vezes. Agora encontrar-nos-emos na memória. Um abraço, João!

JAP disse...

Que texto lindo. Obrigado. Para mim era, além de tudo isto, o meu tio-avô, o meu amigo, o meu modelo, o meu querido de quem tenho já tantas saudades... o meu tio João. Ontem também morri um bocadinho. Obrigado por esta homenagem.