quinta-feira, 18 de junho de 2009

ele há coisas...


É curioso. Curioso e inquietante.

Curioso ver que o PS levou da esquerda, da direita, das corporações que ainda continuam a existir em Portugal, de toda a gente - nas eleições eram cinco contra um (o PCP e o Bloco esqueceram-se que havia uma Direita, aliás já o fazem desde a moção de censura ao governo de Mário Soares, em 1976, mesmo que o Bloco fosse o solitário deputado da UDP; a direita esquece-se de que, se for governo, terá os sindicatos, a CGTP e o Bloco à perna... - quero ver como o PSD se sai e se resolve as questões com "consensos", estilo queijo limiano).

Inquietante, por ver a voluptuosidade das pessoas e a fraca memória histórica.

Os jornalistas e comentadores e analistas, que a Oposição dizia estarem sempre ao ritmo e sabor do governo, não deram uma abébia ao dito governo, cascando forte e feio: não se vê um único artigo a defender o PS e o governo - chamo a isto "oportunismo" e falta de espinha dorsal.

Já ninguém se lembra do deficite de 7,5% de Santana Lopes e do desvario do seu governo, ou dos anos barrosistas. A Drª Manuela Leite foi a ministra da Educação mais odiada de sempre (na parede da UNL, na Av. Berna ainda está escrito: "leite pôdre" e "abaixo o leite azedo". Foi também a ministra das finanças que se sabe. Cavaco, que agora "odeia autoritarismos" e condena as políticas de betão, esquece-se do que foi o PM Cavaco, que governou o país dez anos com intolerância, autismo e exibição de obra... de betão. Talvez sejam as poupanças debaixo do colchão que mostrem ser mais fácil tirar o homem de Boliqueime do que tirar Boliqueime do homem...

Os manos Portas continuam a demagogia de quem não é governo sozinho, dizendo, com as misses universo, que "é preciso paz, amor, dinheiro, emprego para todos, saúde para todos e educação para todos". Como? Logo se vê. O PSD - valha Rangel, que parece diferente - ressuscitou dos mortos, mas ainda não disse porque é que foi um partido chamado PSD que aprovou, decidiu e estimulou o TGV e a OTA, e porque é que os maiores defensores do TGV, por exemplo, são líderes destacados e ex-eurodeputados do PSD. O governo de Durão Barroso, em 2004, comprometeu-se (vejam aa firmeza do verbo...) com a realização de CINCO linhas de TGV!!!!

Os professores continuam a gerir o dossiê "avaliação", os médicos a questão dos genéricos, etc, etc (Portugal corporativo no seu melhor) e os sindicatos tornaram-se em partidos políticos. Parece que nada está melhor.

Não tenho particular estima por José Sócrates, mas trabalhei com ele em 1997, no processo que levou à consagração da Lei europeia mais evoluída na segurança dos espaços de jogo e de recreio, e da implementação real e prática dessa Lei. Vários países usaram essa lei e a sua aplicação. Relembro a sua coragem na questão da co-incineração.

Por isso, sem margem para qualquer dúvida, e reconhecendo muitos erros, não tenho dúvidas de que qualquer outro governante seria ou será pior.

Chega de demagogia - governar para ganhar eleições teria sido melhor. Mas o povo ia pagar caro. Virá a geração de Rangel, Seguro, Passos Coelho e outros. Até lá, mesmo com todas os anticorpos pessoais, na minha opinião, o PS e José Sócrates não têm alternativa viável, credível e eficiente em termos de desenvolvimento do país.

29 comentários:

Anónimo disse...

Bonito libelo pró-socrático.

Como professora ainda apanhei dois anos de MLR e sei que foi a pior ministra que jamais tive durante toda a minha carreira. Não pelas reformas que tentou fazer - e não conseguiu - mas pela agressividade e desprezo com que tratou colegas - ela tb é prof do superior - e impôs leis nunca discutidas, nem opinadas pelos proprios interessados. Foi muito pior que a FL, esta impôs exames nacionais que deviam fazer parte de qualquer sistema e que vão desaparecendo - já só fazem tres, os meninos, coitadinhos, para irem para a Uni. Nunca facilitou e isso para mim é virtude. Em vez de exigir heroismos aos profs, exigiu aos alunos que cumprissem e hoje é a bandalheira que se vê. As Novas Oportunidades são areia nos olhos dos cidadãos - a minha empregada nada aprende e sai ás 5 para ir a correr, deixa a filha com 13 anos sozinha toda a tarde até às 11 da noite e no fim não vai ter emprego melhor num shopping ou supermercado.
Socrates fez o seu papel, melhor ou pior, mas os tempos mudaram e ele não tem já mãos para aguentar a crise, individou-nos até à medula e insiste nos projectos que nos endividarão ainda mais. Acredito que o faça com boa intenção....mas não tem já mão nos ministro odiosos que escolheu. Salvo raras excepções, são uma abéculas, sem tacto, nem respeito pelos cidadãos. É ver a Maragarida da DREN, que fulana mais odiosa e nojenta....

Quanto ao PSD, se ganhar terá de fazer o puzzle com o CDS e recompor as coisas....acredito no Rangel, já o conheço desde que foi prof do Zé na Catolica, é muito inteligente e poderá ,es,o ser aquilo que a MFL precisa para apresentar ao país. Assim como o Rui Rio, um PSD de fibra que tem feito trabalho excelente no Porto.

Virgínia

Mário disse...

Não sou abrangido pela MLR, dado que o "meu" ministro é o Mariano Gago, mas creio que não haverá ministro que seja considerado bom enquanto os professores se deixarem representar por políticos de enésima classe, como o Mário Nogueira, ou por organizações fascistóides como a Fenprof.

E quanto às reformas, estou de acordo com a larga maioria. Quanto à avaliação, mesmo com algumas coisas erradas de permeio, creio que muitos professores não querem, pura e simplesmente, ser avaliados porque se acham superiores a tudo. E a culpa da "desgraça" do Ensino é, também, dos professores. A MLR pode ser arrogante, mas o que foi sempre negado foi o conteúdo das reformas.
Quando se falou vagament no professor-charneira no 5ºe 6º anos, imediatamente o sindicato ameaçou com greve, quando nem sequer a proposta estava elaborada. O mesmo com as aulas de substituição e outras coisas.

Vejo diariamente muitos casos de professores que ficariam felizes se não existissem essas coisas horríveis chamados alunos, e essas ainda piores, chamadas pais.

Felizmente não é o seu caso, Virgínia, e por isso compreendo a sua revolta, mas é o de muitos dos seus colegas.

Anónimo disse...

Depois de uma ex-professora e de um médico (pediatra do meu filho!), escreve uma professora na casa dos 30.
É inquietante que tanto os bons como os maus professores se sintam tão mal com esta ministra e a sua atitude, mais do que com as reformas que propôs (também concordo, tal como o Dr. Mário, com uma boa parte delas). Basta aparecer nos jornais on-line uma notícia sobre esta saga(professores versus ME)para, num repente, centenas de comentários serem feitos. Grande parte destes escritos por pessoas que pura e simplesmente destilam ódio contra professores, sem que se perceba bem porquê. E, de facto, nisto teve a ministra êxito: fazer dos professores os péssimos da fita, os que ganham muito e não trabalham nada, os que têm um exorbitante número de dias de férias, os acomodados e preguiçosos, etc...
Como em todo o lado, nas escolas, há maus profissionais, há problemas graves que devem ser resolvidos. Mas a verdade é que a maioria dos professores que conheço das várias escolas onde leccionei são bons profissionais que não estão fartos de alunos e esforçam-se para que as coisas corram bem. Estão cansados do enxovalho público que têm sofrido e do pouco valor que lhes dão. Perdemos o valor que tínhamos, com tudo o que isso tem de grave (e é muito!!) para a nossa sociedade.
Vejo frequentemente muitos casos de médicos que ficariam felizes se não existissem essas coisas horríveis chamadas doentes, e essas ainda piores, chamadas Centros de Saúde e Hospitais Públicos. Mas destes, não se fala com o desprezo que todos usam para falar dos professores...

Catarina

Anónimo disse...

Não falo do caso da primária - ou básico - do qual nada sei, nem as medidas, nem as leis que regulam a vida dos profs e alunos. Acredito que tenham melhorado, sobretudo porque os meninos ficam na escola até às 5.30 e os pais descansam, vão ao ténis, ao café ou trabalham mais umas horitas, sem ter de ver as horriveis criancinhas/adolescentes no horizonte. Muitos pais preferem estar a trabalhar - não é só uma questão de terem de o fazer - do que a olhar pelos filhos, custa muito, não se consegue ver os mails, nem ter um minuto de desatenção, é chato, cansativo e não dá dinheiro....

Gostava de saber para que têm filhos - nas revistas eles são " a melhor coisa que me aconteceu", mas estar com eles , tá quieto!!! Férias só em sítios onde os meninos tenham quem tome conta deles e as noites são dos pais à solta...
Sei que estou a exagerar, mas como fui uma mãe galinha - porque a vida não me proporcionou ser doutra maneira - tenho para mim que quando se tem filhos, é mesmo para sacrificar TUDO por eles e não para exigir que outros ( educadoras, profs, amas, avós e tios) nos substituam a toda a hora, como acontece agora em quase todas as famílias. Os pais/avós além de ajudar monetariamente ainda têm que ficar com as crianças quando os pais se ausentam profissionalmente ou em recreio ( coitadinhos, precisam de arejar, para manter o casamento em dia).
Nesse aspecto sou uma avó muito pouco dedicada, adoro estar com os netos - se, quando e como me apetecer. Nunca dormiram cá em minha casa, fá-lo-ão quando forem crescidos, não derem muito trabalho e acordarem depois das 9 da manhã.

Enveredei por um tema diferente - o Sócrates nada tem a ver com isto - mas está tudo ligado.

A alienação dos pais provoca a má educação dos filhos, problemas nas escolas, desmotivação de muitos profs, que se debatem com problemas incríveis, a repulsa pela sala de aula, onde tudo parece ser antagónico, aulas de substituição que os alunos recusam liminarmente ( na primeira que dei, sofri durante 90m a fio e saí traumatizada para toda a vida), salas de estudo com alunos ignorantes para não dizer mentecaptos...

Vou calar-me pois este tema é dramático. teria muito mais a dizer.

Fui boa prof e tenho saudades dos tempos calmos - tenho saudades de aulas antes do 25 de Abril com alunos inteligentes e alegres e depois, já nnos 80 e 90 quando o prof fazia as coisas por livre iniciativa, sem coacção, sem créditos, sem avaliações, por gosto....isso é que era a Escola, mas a MLR não sabe o que isso é e pensa que todos se regem pela mesma bitola. Não fez nada de bom no secindário, mais destruiu tudo o que de bom havia e ainda vai fazer pior quando se tornar obrigatório.

Sou elitista? Talvez...


Virgínia

Anónimo disse...

emendo: secundário

PS. Concordo com a Catarina. Em tudo.

Anónimo disse...

Nunca fui sindicalizada, enquanto professora, precisamente porque não concrodava com as ideologias dos mentores dos sindicatos, fossem eles fenprof ou FNE. Não beneficiei de muitas coisas promovidas por eles - e até fui prejudicada ( tese de licenciatura foi abolida 4 anos depois de a ter defendido, sendo todos os licenciandos equiparados a licenciados). Para passar ao 8º escalão com mais de 20 anos de ensino tive de defender o meu currículo e ter um exame de uma hora com profs credenciados, o que equivale a uma prova de avaliação bem minuciosa ( ninguém fala disso, porque foi abolida uns cinco anos depois pelo PS), perdi um ano de aumento de vencimentos porque entrei no 9ºescalão atrasada por falta dos créditos ( cursos de 30 horas em que nada se aprendia que nos fosse útil na vida de prof). Os sindicatos, a mim, só me trouxeram prejuizo.

Felizmente a MLR vai já ser corrida....

Anónimo disse...

Pois eu subscrevo o texto do Prof. Mário Cordeiro. É preocupante perceber como rapidamente se montam cenários e se fabricam novos governantes para servir uma sociedade civil indiferente. Também me parece que, apesar de tudo quanto possa ter corrido mal nas reformas (ou tentativas de reforma) de alguns sectores,promovidas pelo actual governo de José Sócrates, Portugal tem que manter a expectativa de vir a ter um governo credível e não me parece que um partido que ainda há menos de 3 semanas a imprensa classificava de acéfalo, fragmentado, desunido, minado por interesses menos nobres, se tenha de repente transfigurado na mais sólida solução governativa para Portugal.
Helena Freitas
Coimbra

Anónimo disse...

Os media apelidam os partidos conforme lhes apraz e são exemplos a não seguir....
Apoiam o partido do governo na sua maioria, enquanto ele está na mó de cima, abandonam-no quando está na mó de baixo.
Quem é que vai votar baseado no que lê ou ouve nos media?
Ainda ontem se notavam os pezinhos de lã da jornalista da SIC, a procurar perguntas favoráveis ao PM, sem a mínima contestação, sem uma provocação, pareciam dois cordeiros ( salvo sejam, Mãrio!!!) a balir. Os ingleses têm uma óptima expressão para o que se ouviu ontem na SIC. "That's music for my ears" ...isto é exactamente o que queremos ouvir.

Denegrir a oposição - sobretudo o PSD ( eles no CDS não tocam nunca...) é a melhor forma de arranjar anticorpos contra Socrates. Quanto mais feia pintarem a MFL, mais votos ela terá. Ninguém acredita nos media... mais vale ler os blogues.

Virgínia

Mário disse...

Há profissionais de todo o tipo, e pessoas de todo o género em todas as profissões.

No entanto, creio que há uma moda de "dizer mal dos políticos" - em Portugal e no estrangeiro -, e é pena que as coisas sejam tão tratadas pela rama, como os louros ou incómodos de certas decisões, que muitas vezes vêm já de um, dois ou mais governos anteriores.

Por outro lado, o "tuga" adora usar o voto "para castigar" pessoas, mais do que construir um governo ou autarquia com base eficiente (ainda somos muito pouco politizados...), mas quando toca à outra parte da democracia, a intervenção cívica e de cidadania, "tá quieto, ó melro".

Em cada português há um motorista de táxi, acreditem.

Mário disse...

Aliás, quando por exemplo se fala de obras públicas, de hospitais ou de escolas, gostava de saber quantos portugueses sabem de onde vem o dinheiro, se é do OGE, do PIDDAC, das autarquias, dos fundos comunitários, quais as nossas obrigações com a UE e OCDE, etc, etc.

Não acredito que as pessoas, em maioria, saibam como se processam contratualizações ou programação de fundos. Pessoalmente, tive de gerir, na Comissão de Saúde Infantil, há quinze anos, quatro milhões de contos (contos!) por ano. No Observatório Nacional de Saúde, quase um milhão, com verbas do PIDDAC. Sei o que são os meandros dos concursos, das decisões e de como não se pode agradar a todos, para lá dos constrangimentos legais e dos obstáculos humanos.

E nas últimas eleições: saberão as pessoas o que é que os diversos partidos fizeram no parlamento Europeu? Ou para que serve o Parlamento Europeu? Terão votado porque acham que a lista do PSD vai desempenhar melhor função parlamentar do que a do PS, PP, ou outra? Não brinquem!

Anónimo disse...

Nesse caso, Mário, a abstenção ainda seria maior do que já foi. Se só fossem votar os que estão por dentro desses meandros - finanças e arqueologia da UE - estudei-a anos a fio e nunca percebi nada do que lá se passa - ninguém votaria por ignorância. Se votamos em pessoas, é porque acreditamos nelas para nos representarem - um pouco como escolher advogados - e neste caso, que é que acredita numa Elisa Ferreira, numa Edite Estrela, numa Fátima Felgueiras ou num Valentim Loureiro? Só um ceguinho, mas há muitos, pelos vistos.
A lista do PSD era, de longe, muito melhor que a do PS em termos de credibilidade, lamento dizê-lo.
Foi por isso que votei neles.

Virgínia

zé disse...

Em relação à abstenção, penso que esta representa (aqueles valores inacreditáveis) uma vontade do povo que, na realidade, é outra, ou seja, não são poucas (são muitas, aliás) as pessoas com quem falei que afirmam não ter votado por, de uma maneira geral, não acreditarem na política nem nos políticos. Por ignorância, a malta abstem-se, pensando, assim, estar a usar uma arma contra a política, não fazendo ideia de que nem legitimidade têm para criticar... Quando digo que o que pretendiam fazer era votar em branco e não abster-se, pasmam: "Voto em branco? Que é isso?"
Acho que se todos tivessem conhecimento das consequências de uma maioria de votos em branco, a carruagem teria alguns problemas...

Anónimo disse...

Boa noite. Penso que toda a polémica em torno do governo se resume a um debate de "ataques" e não de soluções ou propostas. A Portugal falta uma Oposição construtiva. Não destrutiva. Concordo com as medidas do governo. Implicam sacrificios. Sim. Mas estamos perante o governo que mais reformas tem feito, que mais proactividade tem revelado. "Antes das coisas serem fáceis, são dificeis". E é por isso que muitas pessoas apelidam o nosso PM de arrogante. Porque, a meu ver, carecem de jogo de cintura e talvez de um espirito prático, de iniciativa, de fazer algo mais, de ir além de...
Quanto ao tema "professores vs Maria de Lurdes Rodrigues" porque é que a avaliação dos professores é polémica se todos os profissionais são avaliados nas suas carreiras profissionais?
Fala-se da ausência ou pouca educação dos alunos mas não se debate o facto de alguns professores não darem o exemplo. Por exemplo, há dias tive que contactar telefonicamente uma professora, no âmbito do meu trabalho. A professora atendeu, no meio da aula, e disse para os alunos: "Calem-se! Então...isto é mesmo importante...!". Sugeri telefonar mais tarde. Mas a professora insistiu que queria resolver uma situação pendente. Ali, naquele momento. No meio de uma aula. São casos excepcionais? Não sei. Talvez sim, talvez não.
Agora, o governo não é nem deverá ser o bode expiatório para tudo porque nós, cidadãos, também temos o nosso quinhão de responsabilidade social!

Anónimo disse...

Voltando à vaca fria, gostava também que frases como a tua acima, Mário -" creio que muitos professores não querem, pura e simplesmente, ser avaliados porque se acham superiores a tudo "- não fizessem parte do discurso de uma pessoa que é inteligente , sabe alguma coisa de educação e política, é pro-activo, e é meu irmão para lá de tudo o resto.

Se há coisa de que me orgulho é de ter sido avaliada durante 17 anos por estagiários licenciandos, com idades entre os 22 e os 53 anos, de me ter exposto horas a fio na sala de aula e fora dela, ter concebido projectos grupais com os alunos ( sem créditos nem financiamento de espécie nenhuma), de poder agora ler os relatórios desses estagiários em dias de depressão e sentir o meu astral a subir ...sobretudo, de ter a certeza de que criei muitas amizades numa relação que é, como todos sabem, difícil.
Deparei com problemas gravissimos de indisciplina na sala de aula ( alunos que cuspiram num bolo duma estagiária), alunas que se queixaram de assédio dum prof estagiário com processo disciplinar subsequente, professores mal preparados, uma estagiária com epilepsia não controlada logo no meu primeiro ano de orientadora, relações entre colegas mal resolvidas e conflituosas, competição desenfreada, sem falar dos dramas dos alunos - grávidas, toxicodependentes, faltosos, etc.

Foram, no entanto, os melhores anos da minha vida profissional, em que fui super-avaliada todos os dias, quase 365 dias por ano ( sim, tb trabalhava aos fins de semana a preparar aulas com eles e o meu marido dizia que a nossa casa parecia o "lar do estagiário")!

É isto muitos leigos ignoram, pensam que o prof. entra as 8.30 e sai às 13 e que mais nada faz. Ninguém os avalia ( então o que fazem os pais, alunos, colegas, direcção da escola todos os dias senão avaliarem-se mutuamente?)

Só gostava de ver um adulto nos seus 50-60 e tais, metido numa sala com 28 alunos de 14-15-16 anos que nunca viu mais gordos, chateados com a vida e por não poderem ir jogar à bola ou consola, a entretê-los , a ensinar-lhes algo, a dialogar com eles, com verve e sentido de humor para aturar certas "bocas", a fazer-lhes ver que uma aula de substituição tem de ser util para valer a pena.

Dava tudo....para ver... o que nunca verei.

Virgínia

Quem é que avalia os médicos do SNS, os carteiros, as funcionárias da Loja do Cidadão, os inúteis que se passeiam nos ministérios, os engenheiros da Câmara, os deputados, etc,etc? E como é que é possível profs avaliarem os colegas que vão competir pelos mesmos lugares na carreira??

NÂO CABE NA CABEÇA DE NINGUÉM DE JUIZO PERFEITO QUE A PESSOA POSSA SER ISENTA.

Virgínia

Miguel e Rita Clara disse...

Hesitei em comentar não passava por aqui há algum tempo e eis que ao passear os olhos por lugares de outros encontro um discurso pró- sócrates inginheiro!!!
Pasmei!
Já ontem tinha ouvido o tal sinhor a dizer que foi pena ter ignorado a cultura, como que a dizer vejam lá ó gentes da cultura que o PSD não vos grama..
Desculpe Professor mas não posso passar ao lado.
A minha geração está cansada, desacreditada e corre o sério risco de se tornar revoltada.
Como profissionais observamos o vómito da corrupção aniquilar qualquer expectativa de progresso pelo mérito. Como Pais vemos o estado falhar naquilo que não pode falhar e intrometer-se de forma selvagem no espaço das famílias ( por exemplo no tempo, nas opções e nas crenças).
É verdade como diz a sua irmã Virgínia ( e desculpe a familieridede ) que o ciclo vicioso começa na ausência dos Pais mas penso que fortemente instigada por um estado com laivos comunistas na

Mário disse...

Ainda bem que o debate estás vivo - gosto disso!
Sinceramente, creio que muita coisa está a ser feita, muita não podia ser feita de modo difeernte, muita outra só revelará o impacte mais tarde. E, claro, também houve muita porcaria.

A corrupção é sinistra, mas é um mal recorrente em todas as sociedades lusitanas, mesmo no tempo do "senhor doutor" Salazar. Talvez menos evidente, porque não havia SIC ou TVI, nem internet, nem democracia, aliás.

A questão é se outras pessoas fariam melhor. E, se sim, porque não avançam ou avançaram? Sócrates tem legitimidade dada pelo voto, e esta dura até Outubro - estas eleições não foram primeira volta de nada, caso contrário, o Benfica podia reclamar pontos para o campeonato por ter vencido a Taça da Liga.

Pessoalmente, não acredito que qualquer outro PM, nas actuais condições, tivesse feito melhor.

Virginia: quanto à frase, continuo a acreditar que muitos professores não querem ser avaliados por se considerarem superiores, como muitos médicos, artistas, polícias ou outros.
Por falar em polícias, é fantástica a complacência da comunicação social e dos partidos da oposição quando não sei quantos polícias atiram com o boné da farda (que representa uma força de ordem do País e não a guarda pessoal do PM) ao chão. É inacreditável, mas fica tudo muito solidário - não serão tão malcriados como os estudantes que mostram o rabo ou atiram ovos, os professores que chamam "fascista" ao PM (Sócrates NÃO é fascista, e os senhores professores deveriam saber isso, mesmo que o odeiem!), os adolescentes que riscam carros ou os médicos que se esquecem de receitar genéricos? "Ou há moral ou comem todos!!!"

Anónimo disse...

Tenho receio de cansar os leitores com a minha defesa dos professores - note-se que encontrei bons e maus profs agora, mas tb os tive na minha escola modelo em Lisboa, no tempo do Salazar.
Não é na avaliação que está o segredo do sucesso escolar dos alunos, mas na competência e na liberdade de criar, de imaginar, de activar por moto próprio todo o processo ensino-aprendizagem. E essa não é avaliável.
Quanto mais livres forem os profs, melhor ensinam , mais gosto pôem naquilo que fazem, melhores são os alunos e mais sucesso terão no futuro. Profs sob pressão, obrigados a fazer folklore, perdendo tempo precioso em aulas de substituição inglórias, salas de estudo inúteis e reuniões burocráticas exaustivas são o caminho directo para o insucesso escolar, mistificado depois com exames muito acessíveis, notas dadas ao desbarato, estatisticas para inglês ver e iliteracia camuflada.
Tudo isto faz parte da campanha socrática pelo ensino, falsa, inócua, sem qualquer interesse prático, duvidosa e falaciosa.

Ensinar não é uma tarefa que se possa levar a cabo sem paixão. A Ministra matou qualquer paixão que os profs pudessem ainda ter. Falo do que sei - tenho mais de dez colegas que eram óptimas profs, com premios cientificos e carreiras brilhantes, a pedir reformas antecipadas e a dizer que "pior é impossível". E não são os sindicatos que o dizem, são milhares de professores do norte ao sul do país.

Não, Socrates não é fascista, é pior, é incompetente ( e sabe-se lá se não terá sido corrupto...os apartamentos da Rua Castilho estão bem à vista de todos).

Já não conseguia tragar o medicamento Sócrates, agora ainda temos de engulir o genérico amavioso? NÂO!!!!!

Virgínia

Anónimo disse...

"Pessoalmente, não acredito que qualquer outro PM, nas actuais condições, tivesse feito melhor"

Não resisto a responder a esta afirmação- crença - de todos os que vêem no PM um exemplo de político eficaz e competente.
Lembro que este Zé ( ninguém) Sócrates foi eleito porque o Presidente Sampaio aceitou a nomeação de Santana Lopes propositadamente para queimar de vez o PSD, depois da ida de DB para Bruxelas. O homem - Santana - era mediocre, mas os media e alguns acólitos encarregaram-se de o destruir, difamar e destronar com o claro intuito de levar o PS ao poder, do qual estava arredado ( e bem).
Sócrates era a salvação, um maratonista com bom aspecto físico, com discurso fácil, cheio de boas intenções e aparente firmeza. Muitos não acreditaram nele - pelo menos 50% -1 - mas o homem veio, viu e venceu.
Durante dois anos entrou a matar em tudo o que era grupo profissional, desde os profs aos juizes ( a mim tocam-me os dois), médicos ( fiando mais fino), policias, enfermeiros, etc. e paradoxalmente, a democracia ( socialista) começou a perder força, a transformar-se cada vez mais numa autocracia, usando o governo de métodos maquiavélicos para introduzir as so-called reformas, dividindo para reinar, impondo em vez de dialogar, catalogando os profissionais de oportunistas, incompetentes, de preguiçosos, de mediocres ou pouco ambiciosos. Eles é que sabiam. Dialogar jamais!!

Nunca me esqueço das leis que introduziram reformas no estatuto dos professores, à socapa, sem qualquer diálogo anterior, comunicadas aos Conselhos Directivos a 15 de Julho de 2005 / quando muitos já estavam a partir para férias, leis essas que alteravam por completo os horários , introduziam as célebres aulas de substituição, criavam obrigatoriedade das 25 ou 27 horas na escola, perda de todas as regalias para quem exercia cargos ( e tinha de alombar com Conselhos Pedagogicos de 5-6 horas por semana), obrigação de uma planificação detalhada ( e burocrática, apenas) anual, direcções de turma compulsivas, etc.etc.
Todas estas medidas foram metidas por despacho da Ministra à força nas Escolas, sem qualquer aviso prévio, nem uma palavra de encorajamento, complementadas pelo prolongamento da idade da reforma até aos 65 anos de idade. Muitos dos profs tinham começado a dar aulas aos 23 e acabariam por ter de ter de dar 42 anos ao Estado.

Animador, não é?

Ainda não tinha vindo a célebre regulamentação para a avaliação dos profs - tão incongruente como anticonstitucional - que tanto brado deu posteriormente.

A educação está directamente ligada ao background social donde provém os alunos e o fracasso das nossas políticas sociais resultou no empobrecimento das famílias, que cada vez mais abandonam os filhos na escola e pretendem que eles passem sem saber nada de nada.
Os prfs de hoje em dia tem de ser psicologos, assistentes sociais, treinadores, padres, mães e pais....não é preciso ensinar tanto, mas é obrigatório estar horas e horas a olhar pelos meninos, entretê-los para que eles não vão para as drogas, ouvi-los ( a falar dos pais que se embebedam , sic), aconselhá-los, enisnar-lhes boas maneiras, tirar-lhes os telemóveis escondidos nas meias, aturar as tatuagens, os decotes, as mini-saias e as maquilhagens, verificar se não têm auriculares no umbigo e ainda escrever páginas e páginas de relatórios dessas experiências humanas ( e desumanas) para inglês ver. A isto é que se chama ENSINAR.

VOTAR SÓCRATES? Nem que não houvesse mais ninguém à face da Terra.

Virgínia

P.S.Peço desculpa, mas discussões destas aguçam-me as pontas dos dedos e colam-me ao PC. ( as siglas são sintomáticas)

Anónimo disse...

Boa noite, de facto não compreendo o porquê de tanto ressentimento face ao nosso PM que, ao contrário do que se pensa, deseja fazer mais e melhor pelo nosso país. Não sou deputada, não estou inscrita como militante do PS mas sou cidadã, que vota, que se interessa por tudo aquilo que se passa em seu redor. Enquanto psicóloga educacional, não considero que os filhos sejam "abandonados" na escola, não se preocupando os pais com o facto dos seus filhos passarem de ano sem pouco ou nada saber. Penso que existe, sim, falta de diálogo entre a escola e os pais. Entre a escola e os alunos. Talvez por isso prevaleça a ideia de que alunos, escola e pais são entidades separadas; peças de um puzzle que não se coordenam entre si para formarem uma imagem sólida, coerente. O diálogo não se constrói com anotações num boletim, por exemplo. Gostaria de ver, aqui, sugestões de como o cenário da educação em Portugal poderia melhorar. Que alternativas poderiam ser estudadas, debatidas. Porque é fácil apontar o dedo a e nada mais fazer do que aguardar. Dificil é ser proactivo e usar (e abusar) da teoria dos chapéus de pensamento de Edward de Bono!Aconselho vivamente uma leitura sobre esta teoria, pois que nos elucida sobre esta e muitas mais temáticas do nosso quotidiano. Mais: elucida-nos sobre as nossas próprias reacções.

Anónimo disse...

Caro Sr Ministro do nosso admirável PR (venha lá a nossa memória):

sendo eu das suas cores partidárias mas ao mesmo tempo participando da nossa consciência colectiva portuguesa (chamando-lhe quiçá o dito "SENSO COMUM") como o exmo sr., ao longo do seu artigo, comentou, não me resta e, infelizmente, senão concordar consigo no aspecto da nossa Oposição (ao governo, entenda-se).. ser algo que não convence ninguém, nem mesmo o "Manel da esquina"..

Senhores.. por favor dêem algo a Portugal e a quem de direito, leia-se aos portugueses que estão fartos de incongruências politicas.. sejam coerentes e realistas.. porque ninguem vai acreditar se prometerem o céu.... mas, e lá está, parece que a classe politica pensa que o cidadão é inculto e "estupido" .. a sério... sejam sérios com os vossos concidadãos.

Anónimo disse...

Quando disse que os pais abandonavam os filhos na escola e se divorciavam dos seus problemas, não estava a referir-me aos pais das classes médias ou mesmo de algumas classes trabalhadoras.Há reuniões para encarregados de educação trimestralmente nas escolas e em turmas de 28 alunos aparecem 6-7 pais, em geral aqueles que não precisam de ouvir o que o director de turma tem para dizer. Os outros estão ausentes. Nos conselhos pedagógicos pouco intervém e nada têm para dizer de novo.
Muitos adolescentes vivem em casas separadas, sem o pai ou sem a mãe, com avós, em instituições, em Tutorias, como aqui na minha escola, alguns até em parte incerta, nunca chegando à escola qualquer sinal da parte dos educadores lá fora. Se há pais que frequentam a Escola e se interessam por tudo o que lá se passa , há muitos outros que querem é que os filhos lá estejam impreterivelmente das 8 às 6 e que não andem por fora a fazer asneiras. É esta a realidade portuguesa. Desde que passem de ano, tanto faz.
Tb se passa o mesmo lá fora,no estrangeiro, mas aí os pais responsabilizam os filhos pelos seus insucessos, a partir dos 16 anos, eles são praticamente maiores e os pais deixam-nos fazer o que querem da vida, desde que se aguentem sozinhos.
Em Portugal, os pais protegem os filhos de tudo, defendem-nos com unhas e dentes contra os professores, como se estes fossem os unicos culpados do seu insucesso. Sei perfeitamente do que estou a falar, fui abordada por pessoas no bairro onde vivia e dava aulas, meteram-me cunhas para passar alunos, eram sabujos até dizer basta, telefonavam nas vésperas das orais a pressionar. Não interessa que o aluno saiba e estude, interessa que ele tenha o 18 ou o 19 para entrar na faculdade ou o 10 para passar no exame.
Não confundamos aqui as crianças até aos 12 anos, os mais protegidos pelos pais - sobretudo nas classes sociais mais elevadas - com os adolescentes a partir dos 12-13 anos que fazem o que querem nas nossas cidades. Vejo-os muitas vezes a passearem-se nos shoppings e cinemas, nos cafés, sentados nas escadinhas, cientes de que os pais pensam que estão na Escola, telemóvel na mão ( dados pelos pais), em bandos...
Não concordo que a Escola rejeite os Pais ou que não queira colaboração. Não quer é a intromissão constante no que só ao professor cabe realizar.
Se os pais querem intervir mais ou não confiam no professor, devem queixar-se a quem de direito, mas não dizer aos seus filhos que o prof é um f. d p, como é costume aqui no Norte.

Virgínia

Anónimo disse...

Compreendo perfeitamente Virginia, estive a exercer psicologia educacional num agrupamento de escolas na cidade do Porto, que dava resposta a alunos de familias socio-economicamente desfavorecidas. E, de facto, é dificil fazer os pais participarem mais, envolverem-se mais, sentirem mais a escola, incentivarem os filhos para os estudos...não é fácil, longe disso!

Mário disse...

Sem entrar em mais debate, porque ao governo toda a gente pode atirar pedras e insultar, à Oposição, aqui d´el Rey, começando pelo moralista-mor da Côrte, o Presidente da República (lembram-se da construção do CCB????), declaro, sem qualquer problema, que votaria no PS se as eleições fossem agora.

Mas é assim a democracia, e respeito quem vote em outros partidos, desde que não considerem que a minha opção é "menor", "errada" ou "menos democrática", só por ir contra-corrente.

Quanto aos profes, sem chover no molhado, acho que há de tudo e que não são nem demónios nem santos - a atitude perante os indicadores da melhoria do ensino é engraçada: acham que é manobra política (tudo é manobra política, para os senhores professores - que chatos. Enchem telejornais, têm tempo de antena como mais ninguém, e mesmo assim acham que tudo vai mal... e a quota parte deles nesse "tudo ir mal"?), mas eles é que ensinam e, desculparão, mas têm total liberdade dentro da sala de aula e até do estabelecimento, veja-se o que a Virgínia conseguiu fazer, desde há décaqdas, muitas vezes em contraciclo. Mas fez, e eu sei do que falo, não por ser minha irmã, mas pelo que vi, li e ouvi. Se os alunos continuam "burros" (porque as boas notas são fruto do PM) swerá então porque os professores continuam burros!

É altura de, alguns (que não é o caso da Virginia) interiorizarem que não podem ser meros transmissores de informação (para isso há a net e outras coisas infinitamente mais interessantes do que s´tores chatos como a... maior seca do mundo...) mas geradores do cconhecimento e exemplos da sabedoria. Ah, mas isto é muito mais difícil, sobretudo para aqueles que debitam as mesmas aulas há vinte anos, e que acham que os alunos são horrorosos e os pais ainda mais horríveis). Mas acredito que seja areia de mais para camiões como o Mário Nogueira e a Fenprof. E por alguma razão, estes figurões continuam a ser os "representantes dos profes" (depois de tantos anos, ou já tinham conseguido o que desejavam, ou são incompetentes e ineficientes e deveriam saltar) - diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és... para quando professores a demarcarem-se dos seus "líderes" (alguns professores e os seus sindicatos são o último resquício do que há de pior em Portugal: fascismo requentado, misturado com gonçalvismo).

Virgínia: uma provocação: acha que é bem representada pelos dirigentes sindicais, pelos sindicatos, pelos alunos que atiram ovos ou mostram o rabo? Porquê não dizer, preto no branco, que são incompetentes, agentes partidários e, no caso da Fenprof, meros aspirantes a secretários-gerais do PCP? (Jerónimo: cuida-te!) É que vejo muito líbelo anti-MLR e Sócrates, mas pouca auto-crítica e excessos de corporativismo. A facilidade com que se insulta o PM ou a ministra deveria também dar para criticar os pares que se comportam como anedotas políticas.

Já vi e já vivi muito... Bom fim de semana

Anónimo disse...

Mário:

Peço desculpa, mas a resposta que dei acima sobre os sindicatos e o facto de eu não ser sindicalizada responde a esta pergunta final do teu post.
Nunca fiz greves na minha vida, só alinhei aquando das aulas de substituição em 2006. E nem sequer estava indigitada para os exames....mas resolvi aderir e "roubaram-me" 40 contos do meu vencimento por isso.
Penso que os profs se autocriticam e heterocriticam até demais. Falei com vários que estavam chocadissimos com as atitudes nas reuniões de eleição dos profs titulares ( na minha escola foi escolhido um porque nunca faltava às aulas ( pudera, era solteiro e não tinha encargos de espécie nenhuma, enquanto as profs -mães tinham de cuidar dos filhos, da casa, etc.). Escolhas dessas foram perniciosas e inquinaram todo o processo de avaliação, que até poderia ser pacífico e útil.

Não vou escrever mais sobre o assunto, acho que me excedi. Sei de colegas extraordinários que fizeram milagres com alunos "indescritíveis", sei de autenticos herois na sala de aula, de profs magníficos. Tb sei de profs mediocres, que nunca tiveram capacidades para além do trivial, com pouco dinheiro para investir ou gastar em transparencias , powerpoints, PCS, etc. O vencimento é miserável no início de carreira e mal dá para as deslocações, livros e materiais.

Os profs são o que são. A MLR para mim já é passado, o Sócrates quanto a mim tem muitos esqueletos no armário e não vai ter futuro nem no governo, nem no PS, que se encarregará de o "exterminar", talvez vença a maratona de Lisboa em 2010....:)))

Beijos

Virgínia

Anónimo disse...

O facilitismo das provas, o facto de os alunos serem preparados para elas até à exaustão ( como nós eramos no tempo do Salazar), as escolhas multiplas e os x nos quadradinhos não provam que os alunos sabem mais....e sobretudo que serão capazes de maior autonomia e competencia no processo ensino-aprendizagem.

Se os profs os recusam é porque estão cientes de que não é esse o método melhor para avaliar os seus alunos...ninguém quer que os seus alunos tenham más notas, mas que saibam fazer alguma coisa.

Virgínia

Huckleberry Friend disse...

Concordo com o blogmaster(declaração de interesses:é meu pai).Nem sempre as nossas opções coincidem,mas nas legislativas votaremos PS.É difícil que até lá as coisas mudem muito,a favor ou contra Sócrates.
Não aprecio o estilo do PM.Mais do que autoritarismo,incomoda-me a arrogância.Mas rejeito o diálogo à la Guterres.Esse decidia,mas,se alguém era contra,voltava atrás (ex: fracassada alteração do limite alcoólico na estrada).Sócrates segue a sua linha e ainda bem,mas devia ouvir mais.O PS excedeu-se em yes men como A Santos Silva(há pouco fervoroso alegrista!).Faltou autocrítica,carência que não é suprida por Manuel Alegre,que tem frequentemente razão,mas cujas manobras são por vezes dúbias,guiadas pela vaidade e inconsequentes.
Também me irrita ouvir chamar fascista a Sócrates.É um favor ao fascismo,que sai branqueado.Quando oiço a velha frase "isto já nem com dois Salazares lá ia",adoraria meter numa máquina do tempo quem a profere(e quem votou no Botas para grande português,quem contribui para a reabilitação do ditador em curso).Goste-se ou não dele,"este Zé"(Sócrates)foi eleito porque 45% dos eleitores acreditaram mais nele do que em Santana,cuja incompetência foi manifesta.A teoria de que Sampaio fez as coisas para colocar o PS no poder é absurda.Durão pôs como condição para aceitar a Comissão Europeia a não-realização de eleições e a posse de Santana PM(Manuela F Leite chamou a isto"golpe de Estado").Sampaio devia ter convocado eleições e não creio que,mesmo assim,Durão deixasse escapar Bruxelas. A dele é uma fuga cobarde e oportunista,em nada prestigia Portugal. Foi escolhido pq:
1)Verhofstadt,ex-PM belga proposto por França,foi rejeitado pelos britânicos;
2)Patten,ex-governador de Hong Kong proposto por Londres,foi rejeitado por Paris
3)Juncker,PM luxemburguês,rejeitou o cargo por querer honrar um compromisso com o seu país
4)pior:Durão,derrotado nas europeias 2004,prometera a Portugal que tiraria ilações e melhoraria a governação(grande melhoria, cavar e deixar-nos Santana!!!)
Formalista,Sampaio quis reforçar o regime parlamentar,combatendo a crescente presidencialização do cargo-PM.Mas errou num dos raros momentos em que a decisão do PR é fulcral.Corrigiu,meses depois,de forma pouco airosa,mas à qual os eleitores deram razão.É horrível ver Santana re-aspirar a Lisboa(tem hipóteses)e outros voos.Uma das melhores coisas das europeias é tê-lo posto em banho-maria(e a Menezes,Passos Coelho,etc).Mas "anda por aí".Farei tudo o que estiver ao meu alcance para evitar que ganhe LX.Já que os partidos de esquerda não souberam unir-se,que o eleitorado tenha a inteligência de votar útil(raras vezes defendo isto)em António Costa.Lembrem-se que,mesmo que haja maioria de esquerda na CML,o presidente é o mais votado.

Huckleberry Friend disse...

Voltando às medidas socráticas,foram,na maioria,necessárias e correctas(ex: segurança social,natalidade,complemento de reforma idosos,despenalização do aborto),mas teriam ganho em ser feitas envolvendo as classes profissionais afectadas,em vez de parecerem contra as mesmas.Resta saber se era possível.Os sindicatos não souberam ser parte da solução,vi Mário Nogueira entrar para uma reunião afirmando:"Se a ministra não abrir a reunião dizendo que revoga a avaliação, retiramo-nos".Como é que esta gente quer dialogar?!(Não entro no âmago da questão dos professores por desconhecimento).

As europeaias indicam tendências,mas algum voto de protesto pode voltar à matriz original quando estiver em causa o Governo.O que sei é que o PS perdeu por culpa própria.A ideia de maioria absoluta é hoje risível e nasceu a hipótese de o PSD ganhar as legislativas.Vital será um bom eurodeputado, mas foi mau cabeça de lista(seria bom em 2º ou 3º, dada a competência só técnica).Falhou pela previsível falta de carisma e a menos previsível cedência a métodos baixos(ex: referência ao BPN).A história das candidatas-fantasma(Elisa Ferreira e Ana Gomes,aspirantes às câmaras do Porto e Sintra) não foi bonita.Tive pena de vê-la protagonizada por mulheres por quem tenho consideração.

O PSD ganhou ao rejeitar soluções santanistas e Ferreira Leite tem uma vitória na escolha de Rangel,a quem já chamam a Susan Boyle portuguesa(não pelo internamento da pobre, mas por ter começado sem ninguém dar muito por ele...), mas contou com o descontentamento e a crise.Isto não garante(desenganem-se os que cantam vitória)que vença as legislativas.Falta programa,falta gente que não seja a do ciclo Durão-Santana-Portas.Ter votado a favor(a reboque!)da ridícula moção de censura do CDS foi um mau augúrio para quem quer liderar a direita.

Isto vai longo…reservo outras ideias para a eventual continuação do debate.É bom ver tanta troca de galhardetes(no bom sentido),faz acreditar que nem todo o país é composto por ignorantes ou mentecaptos.

Mário disse...

Pedro
Concordo com o que escreves nos dois comentários, e não é por seres meu filho, mas parece-me uma análise factual e, portanto, irrefutável.
Claro que há autênticos cromos no governo, mas como escreveu alguém num dos jornais de fim de semana (não me recordo de quem foi), todos os portugueses opinam sobre o TGV mas quantos saberão para que serve, quem paga, quais as vantagens a curto, médio e longo prazo, etc, etc. Eu não sei...

Por outro lado, sempre se criticaram obras públicas, e veja-se o caso do CCB e da Casa da Música. Qual a opinião dos que, então, se atiraram ferozmente a essas obras?
O argumento de que "um CCB dava para fazer não sei quantos prédios de habitação social", parece muito evidente, mas as coisas nunca foram assim na Humanidade, pelo menos nas que não vivem em sociedades de sobrevivência. Também se pode argumentar que manter o Louvre ou lançar satélites é a mesma coisa. Ou então que poderíamos ter um só canal de televisão e não as dezenas por cabo.
Alguns dos argumentos que vejo são manifestamente demagógicos. Quanto ao TGV, por exemplo, continuo a não saber se é bom, mau ou antes pelo contrário. E o argumento de que há países desenvolvidos que não têm, é tão válido como o de que há países desenvolvidos que o têm.
A Drª Manuela Ferreira Leite, tão preocupada com o T invertido, o T deitado, o Y ou o Z, nunca disse que se iria gastar muito dinheiro... e antes da crise, quando como ministra das finanças o aprovou numa versão muito mais cara, também havia gente com fome, a viver em barracas ou dependentes do Banco Alimentar... ou será que não, que éramos a Noruega da Ibéria antes da chegada de Sócrates...
Enfim, abraços.

Anónimo disse...

Gosto de te ver por aqui sobrinho, embora não concrode com muito do que pensas e dizes sobre o PM e seus ministros. Há, porém, campos em que se distingue a sua governação de outras, sem dúvida, e uma delas é o desenvolvimento científico, para mim, mais importante do que cultura, que deveria ser entregue a mecenas ou empresários cheios de capital e que pouco fazem por ela.
Quanto ao Santana, concordo que é uma abécula - como os Linos e os Pinhos, por muito curriculo que tenham- infelizmente deixam-nos respirar, quando deviam levar uma mordaça.
Felizmente aqui no Porto não se pôe o problema. O RuiRio está de pedra e cal, com classe e com o apoio das classes mais desfavorecidas da cidade. Quem diria que é do PSD???

Virgínia