terça-feira, 16 de junho de 2009

tranquilo e emocionante




"Ai que prazer não cumprir um dever..." - escreveu o grande Pessoa.

Pois eu digo: Ai que prazer acabar um puzzle, dando forma ao emaranhado de peças, aparentemente iguais, mas cada uma singular, contruindo em sintonia uma imagem que só faz sentido quando as peças se juntam, de forma ordenada, rigorosa e assertiva.

Mas o mais curioso é que cada uma se mantém única e especial, não perdendo, antes ganhando, com a sua participação colectiva. Com Cantatas de Bach ao fundo, pois claro.

7 comentários:

Rui disse...

Lembro-me que durante as longas férias de verão – mais de 3 meses!!! – fiz grandes puzzles com o meu irmão. No primeiro ano de 2 mil peças e no ano seguinte de 3 mil. A tarefa era árdua e longa. Em ambos casos conseguimos o feito de não perder nenhuma peça e lembro-me bem do acto de colocação da última peça. Ficava suspenso a olhar o quadro e relembrava a história de algumas das peças – como aquela do ramo de uma árvore que antes de colocada parecia outra coisa, ou o céu que era todo azul, mas que bem observado revelava nuances e só mesmo nós que o havíamos esmiuçado é que as identificávamos.

As peças de um puzzle, as pessoas numa cidade.

Nunca os desmanchamos e foram mais tarde emoldurados.

Boa recordação. Do tempo em que a televisão abria lá para as quatro da tarde.

Nota: o da foto não estará incompleto... não faltam três peças!?

Mário disse...

Ah, ah, Rui. Olho de lince.

Ficaram de propósito, porque o puzzle foi feito com os meus três filhos mais novos - a sua primeira experiência nesta área - e as três peças foram o pretexto para uma "dissertação" sobre os puzzles das nossas vidas e como os compomos com as várias pessoas e momentos. Cada peça que falta era um deles.
Enfim, discursos "moralistas" de pai, mas creio que eles não acharam uma seca: pelo menos não disseram que queriam ir brincar com gormittis!

Além disso, fazer puzzles é um exercício de método e organização.

Os puzzles fazem parte da minha vida desde os 15 anos, altura em que um cunhado meu, que morreu na Guerra Colonial, passava tardes comingo a fazê-los. Ganhei dele a mania, e vivi alguns dos melhores momentos da minha vida a fazê-los com ele. Chegámos às 4000 peças, mas para isso era preciso uma mesa grande e que pudesse estar disponível algumas semanas. Depois acabei por não ter espaço nem tempo, mas agora recuperei ambos e lá está Santorini. Nas férias vamos avançar para um de uma paisagem do Tirol, com 2000.
Há uma boa colecção (e barata) no Centroxogo, no Centro Comercial do Campo Pequeno.

joaopedrosantos disse...

Parabéns, pela conclusão do objectivo.

Tenho aqui um por casa, só de mil peças, que por caso ando a pensar algum tempo fazer agora no Verão, quando entrar de férias.

Os puzzles obrigam a olhar cada peça como único, mesmo que não pareça. Mostra-nos coisas engraçadas sobre as pessoas se quisermos transpor o que aprendemos a fazer puzzles. Também obriga a sermos organizados e pacientes, duas características que preciso de treinar...

Mário disse...

O que ainda me impressiona é por exemplo, ao começar pelas casas, achar que as peças do mar e do céu eram indistinguíveis.
Ao debruçar-me sobre essas peças, comecei a notar as diferentes colorações e matizes, até ser quase automática a divisão. O mesmo no que respeita ao formato.
Fico ainda espantado com a capacidade que temos para ver pormenroes, minúcias e coisas pequeninas, quando "na vida real" ligamos de menos a estes aspectos, que - penso cada vez mais - fazem a diferença. Nas coisas e nas pessoas.

zé disse...

Eu continuo ainda a tentar juntar as peças do puzzle da minha vida...
Espero conseguir juntá-las para, orgulhoso (espero), poder apreciar a imagem que ainda não sei qual será.
Acho que estou na fase da separação de peças...

Anónimo disse...

Gostei destas intervenções todas....faço puzzles com os meus netos há três anos - cada vez mais difíceis - e embora ainda estejamos numa fase de 200 peças, o máxino, tb encontro nesta actividade um encanto muito diferente do que a dum simples jogo. Ainda hoje fiz um da Abelha Maia com o André - 3 anos - e ele ficou admirado por eu não saber o nome dos amigos da Maia ( que o meu filho adorava ver em Chaves a preto e branco ( quando a TV funcionava)....nostalgia e felicidade simultaneamente. Se não fizese tricots e pintasse tanto, talvez me metesse a fazer puzzles grandes, mas penso que para já me fico por aqui.

Virgínia

Tiago Lima disse...

Parabéns pelo blog, descobri-o por acaso quando procurava a letra de "Os demónios de Alcácer Quibir".

Acabei por dar uma olhada nos outros posts e com isso ainda me alonguei um bom bocado. Vou continuando a passar por cá.

Cumps