terça-feira, 30 de junho de 2009

o esmagamento de um país...

Olhando para esta bandeira, porventura ninguém reconhece o país que representa - alguns acertarão, ao dizerem tratar-se de um país africano.

Foi, durante três anos, um país de 14 milhões de habitantes, reconhecido formal ou informalmente por diversos outros países, com acentuadas divergências politicas como a Tanzânia, Gabão, Haiti, Costa do Marfim, e Zâmbia, Israel, França, Portugal, Rodésia, África do Sul ou Vaticano. Era mais uma tentativa de repor lógica numa descolonização britânica traçada com regra e esquadro em Londres, dividindo ou somando tribos sem respeitar os lugares de pertença e as delimitações territoriais ancestrais.

A Guerra entre a Nigéria e o Biafra foi muito dura, e imagens como esta começaram a circular diariamente (hoje a expressão "parece que és do Biafra" é utilizada com alguma leviandade e ignorância histórica), desde que, a 30 de Junho de 1969, faz hoje 40 anos, o pequeno país da tribo Ibo foi cercado, e cancelada toda a ajuda humanitária. Com a população a morrer à fome, o presidente Ojkuwu rendeu-se.

Como apostila, fica o facto de estarem no Biafra as maiores concentrações de petróleo da Nigéria, um dos grandes exportadores da OPEP...

3 comentários:

Huckleberry Friend disse...

A história repete-se vezes sem conta... petróleo aqui, diamantes acolá, e o eterno e estúpido complexo de culpa judaico-cristã ocidental a impedir qualquer governo civilizado de fazer frente aos tiranos e tiranetes que tomaram conta de África!

Mário disse...

É curioso como sentimos (eu com 12-14 anos de idade, na altura) o drama do Biafra. Foi algo que foi intensamente divulgado, o que ainda é mais extraordinário é se pensarmos no que eram os meios de comunicação, na altura, e na ausência da televisão ou da net.

Nunca me esqueci do nome do presidente, por exemplo e, tal como a guerra do Congo e a vida de Patrice Lumumba, ou na Argélia, a vida de Ben Bella, foram suficientemente relatadas para ficarem na memória de um miúdo, e ajudá-lo na formação da consciência social e política.

Anónimo disse...

Há tempos pediram-me para rever oito livros - supostamente para o JN que nunca foram publicados. O nome da colecção era "Os cem maiores/mais...". Quando traduzi um que era "Os cem Maiores Despotas", ia ficando maluca. Como é possível ser-se tão cruel, tão perverso, tão insensível, tão sádico e déspota. E haver 100, entre muitos outros que não tiveram suficiente actegoria na sua malvadez para constarem da colecção. As 200 páginas do livro narravam as maiores atrocidades que os chefes impuseram aos seus iguais, aos familiares, ao povo, aos amigos e inimigos. Impossível de acreditar...mas todos os dias se vêem notícias terríveis para não falar da série favorita do meu querido mano: Mentes Criminosas , hehe.

O Homem ( a Mulher , não) é capaz das maiores barbaridades em nome as vezes do simples prazer de ver os outros a sofrer.

Daí o meu pessimismo, em dias de céu cinzento...

virgínia