Um estudo realizado na Faculdade de Medicina da Pensilvânia, EUA, utilizando a ressonância magnética funcional do cérebro, chegou à conclusão que as pessoas dizem, em média, 200 mentiras... ou pelo menos, “inverdades” ... por dia, ou seja, mente-se uma vez em cada cinco minutos. A primeira questão poderá ser: “quem é que ficou com as minhas outras 199 mentiras?”. A segunda poderá ser: “e se nas minhas oito horas de sono digo mais de sessenta, será que as digo em voz alta?” .
Mas os cientistas vão mais longe, e relacionam o desenvolvimento cerebral com essa capacidade de enganar o próprio – o aperfeiçoamento cerebral, especialmente nas relações com os outros, está directamente relacionado com a facilidade com que se mente. O maior mentiroso é o que se organiza melhor em sociedade, no que se chama, agora, “inteligência social”. Mentir é mais ardiloso, difícil e complexo do que dizer a verdade. E, concluem os investigadores, a linguagem poderá também ser positivamente afectada por esta capacidade humana de mentir.
O que é a verdade? Segundo um dos maiores filósofos do século XX, Ludwig Wittgenstein, a verdade pura não existe porque existem sempre possibilidades de recontar os acontecimentos e os factos, abrindo novas hipóteses e explicações. Pois a não existir verdade, também não existiria mentira...
De qualquer modo, mesmo sem ir por esse caminho, fica a questão: o que é mentir? A mentira é um pecado, diz-se! Pelo menos, socialmente, é uma demonstração de um defeito de carácter, e pode inclusivamente levar à demissão de governantes.
Há mentiras piedosas, seja o que for que isto significa, e mentiras duras, mentirinhas e mentirolas. E às crianças, deveremos sempre dizer a verdade, para as educar a dizer sempre a verdade? "Diz a verdade!" - exigimos, dando até a entender que o dizer a verdade será um factor abonatório para quem fez a asneira.
Mesmo sem ser para copiar os adultos, as crianças mentem por vários motivos: para se defender, para tentarem iludir a realidade e torná-la menos cruel, porque confundem os factos com a sua fantasia interna, porque não entendem o que foi formulado, por estratégia ou simplesmente porque se mente com consciência de o fazer. E se há situações em que "omitir a verdade" é a melhor opção, continuam a ser excepções.
A verdade liberta. E é eticamente a melhor escolha. É isto que deverá sempre veiculado… mesmo quando se diz uma mentira, se me faço entender!