segunda-feira, 26 de abril de 2010

Guernica


E a flor? Só quatro pétalas. Ou três?
Ainda viva.
E a luz do candeeiro? Extensão do músculo do braço. Só braço.
Acesa.
E o filho? Já não. Só o grito na boca retorcida da mulher.
E a besta? Narinas fumegantes e patas muitas a esmagar a eito.
Tão funda a dor. Tão sem remédio o espanto.
Aconteceu?

Licínia Quitério

Só tive a verdadeira percepção do que foi Guernica quando vi, ao vivo, o quadro de Picasso, no Prado, juntamente com dezenas de esboços da sua obra.

Foi a 26 de Abril de 1937, às quatro da tarde (quase às cinco, como no poema de Llorca), que a Legião Condor, braço da Luftwaffe destinado a dar apoio ao fascismo espanhol, por ordem de Franco bombardeou a vila de Guernica, no País Basco. Dos 7.000 habitantes, mais de 1.500 foram mortos no que constituíu o primeiro bombardeamento aéreo de áreas civis da História.

É um quadro que merece muitos minutos de contemplação. Cada pormenor revela-nos mais e mais, sobre o horror. A Besta esteve presente no 426, não apenas no 666.



1 comentário:

miguel disse...

Fui lá, sim, com os meus filhos e sobrinhos. Vi o quadro. Fiz uso de toda a minha competência pedagógica para que os miúdos apreciassem a obra , do ponto de vista que propões. Debalde. Correria para a secção seguinte e eu "pendurado" a explicar os pormenores, para ninguém. :))