A epidemia de abusos sexuais na Igreja é chocante e quase inconcebível. Conhecidas que são as raízes - celibato, perfil de muitos padres, poder perverso, fragilidade das vítimas e, só em alguns casos, verdadeira pedofilia -, é inacreditável o comportamento das autoridades eclesiásticas, desde bispos a cardeais e, inclusivamente ao papado.
Ontem foi na Noruega, país luterano, mas não há continente que escape - e com toda a probabilidade, apenas se conhece a ponta do iceberg.
Pela primeira vez, contudo, a Igreja Católica é confrontada pela sociedade civil e só o medo e submissão das vítimas impede mais acções criminais. Por outro lado, os representantes da Igreja têm mantido uma atitude defensiva - excepção para um ou dois casos -, e a comparação com a perseguição aos judeus é ultramontana e surrealista. Mas é assim que a Igreja sempre se defendeu, mesmo quando espadeirava "infiéis" ou queimava pessoas e livros "em nome de Deus".
Razão tinha aquele rabino que, tendo feito uma viagem de combóio com um padre, foi atormentado por este, continuamente: na hora da merenda, o padre oferecia-lhe chouriço, marisco, febras, e depois dizia, cínico "quer? Ah, pois... a sua religião não permite..:". Quando desceram do combóio, o rabino apresentou-lhe a mulher, uma loura espampanante, e disse com um sorriso: "quer? ah, pois... a sua religião não permite...".
2 comentários:
A maioria dos casos que vêm nos jornais já estão mais que prescritas porque não foram denunciadas no seu devido tempo. O que a Igreja deveria ter feito era excomungado todos estes padrecas e proibido de exercerem cargos de párocos, directores, espirituais, dos colégios e instituições.
Duvido que a justiça civil possa agora fazer muito em casos de há 30 anos.
Infelizmente, não me parece que seja só na igreja que estes casos se praticam. Todas as instituições de rapazinhos deviam ter uma vigilância apertada - por mulheres - de modo a evitar estes casos. Mas mesmo nas famílias, acontecem coisas destas.
A sexualidade é um lugar estranho.
Quando se lhe junta uma espécie de negação, então ainda é pior. Depois, temos estranhas relações de poder, de submissão. há seres socialmente frágeis. Há, também as crianças. Tudo junto,pode dá nisto, que agora vem ao de cima.
Devo dizer , no entanto, que andei 7 anos num colégio de padres ( Jesuítas )e nunca me senti acossado ou assediado - por nehum dos muitos com que lidei -directa ou indirectamente para actividades de carácter pedófilo.
Quanto à educação sexual propriamente dita naquele espaço educativo e com aqueles agentes, a história é outra, que dava para uma grande conversa.
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