quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Obrigado, snipers e polícia!


A minha homenagem, sentida, aos homens que salvaram a vida dos reféns do assalto ao BES.

Anónimos, porque a profissão assim o obriga, são homens de carne e osso, que quando despem a farda voltam a encarar todas as angústias e dúvidas do ser humano.

Escrevo porque já não aguento o incensar dos criminosos que assaltaram o banco e que ameaçaram de morte os reféns. "Era um guri muito bom". "Um momento de inconsciência e agora querem tramá-lo para a vida" - ouvi isto na televisão, sobre o tal Wellington.

A culpa não é da família, que obviamente tenta defender o indefensável. É dos jornalistazecos (nada têm a ver com os Jornalistas) que querem fazer de um caso grave da vida real, um drama pungente de telenovela.

Felizmente, os homens que velam pela nossa segurança não falharam e não tiveram "o momento de inconsciência". Pelo contrário. Souberam esperar, horas, num telhado, aguardando ordens e cumprindo-as a bem da vida dos inocentes. Estão de parabéns! Que durmam tranquilos, certos do dever cumprido.

PS. é como a criança de 11 anos que morreu com os tiros dos GNR. Fala-se pouco da inconsciência e exposição ao perigo de levar uma criança de 11 anos para um assalto. É mencionada ao de leve a tentativa de atroplemento dos agentes. O que fica é que "GNR mata criança!".

Vale a pena ver o filme brasileiro "Tropa de èlite" - o endeusamento do Mal tem de acabar. Não há consenso nem possibilidade de negociação com o dark side of the force...

3 comentários:

miguel disse...

Há um consenso social sobre a actuação da polícia como nenhuma outra actuação, pelo menos de que tenha memória, e já lá vão 50 anos, bem contados.. Que bom, até que enfim ! Assim, ficam criadas as condições para uma abordagem serena das " causas sociais" da criminalidade e do debate acerca da culpa - essa aquisição tão precoce , esse conceito de natureza tão subjectiva.

Virginia disse...

Curiosamente conheci muito bem uma das reféns a Dra Teresa Paiva - minha amiga e companheira de route na JECF no Mª Amália. Era uma pessoa extraordinariamente segura de si, com carisma no liceu, serviu-me de exmplo durante dois anos em que fui vice-presidente dela, sabendo que não lhe chegava aos calcanhares. Ao ouvi-la na Tv, tão fragilizada ( mas tão forte simultaneamente) disse mal de quem pôe tantos inocentes em situações psicologicamente débeis, pessoas que são úteis e indipsensáveis, mesmo, à sociedade. A Dra Teresa não consegue trabalhar, nem conduzir, ainda dorme com dificuldade, agora que se consciencializou de que o perigo foi real e não um filme como parecia...

Apetece-me dizer: Força, Teresa.

Ainda te lembras de mim?

Mário disse...

Conheci a Teresa Paiva no Hospital de Santa Maria, e considero-a, além de uma excelente profissional, uma força da natureza.
Deu a cara, e não teve medo de dizer o que é verdade: quem se responsabiliza por aqueles que são, sempre, o elo mais fraco, o primeiro ponto desta horrível "cadeia alimentar humana"?
Se houver uma tragédia com uma camionete, o Governo vai em peso ao local e destaca psicólogos, a maioria das vezes sem saberem o que vão lá fazer.
Neste caso, só falta darem o apoio de um ao coitado do Wellington, (pronunciar ué-lin-gue-tôn), esquecendo as verdadeiras vítimas.

Alguém ouviu o Ricardo Salgado oferecer-se para substituir os reféns no banco? Essa é que teria sido a esperada posição do comandante do navio, não era???