domingo, 31 de agosto de 2008

Diana de Gales

Nesse dia estava “de banco” no Hospital de Peniche, entre mordidelas de peixe-aranha, espinhas encravadas, acidentes de viação e ferimentos de rixas “entre amigos”, com umas asmas e umas otites pelo meio. Mas, alguém mais expedito, instalou uma pequena televisão para que todos – médicos, enfermeiros, auxilares e doentes -, pudessem ver o “casamento do Século”.

A história era um conto, ou o conto era de histórias. Uma jovem apaixonada casa com um príncipe a quem provavelmente não deixarão ser rei. Que tem ideias ousadas sobre arquitectura, mas que tem também vários anos a mais do que a sua noiva, uma amante secreta e um feitio, ao que dizem, “nada fácil”. “Hum!.. É para desconfiar”, diriam as vozes mais sábias e menos emotivas.

Que importa! Nesse dia longínquo de 1981, Londres, o Reino e o Império, pararam para ver Carlos de Inglaterra e Diana Spencer, professora primária mas com sangue azul “qb”, darem “o nó”. Nó górdio, como se veio depois a revelar, desde o momento em que um tablóide revelou que Diana ia a concertos rock só com as amigas, ou que “até tinham dormido em camas separadas” numa viagem oficial.
Da Catedral de São Paulo até às cenas de recriminação e de revelações na televisão e na imprensa, muita água correu, muitas coisas se passaram.

Mas o conto era mesmo para valer: infidelidades, depressões, anorexias e amantes. Censuras reais e adorações da plebe. Pelo meio, dois filhos.
O casamento durou onze anos, e até ao divórcio foram mais cinco. Tempo suficiente para o povo se apaixonar pela Princesa do olhar tímido, embora sempre igual, de sorriso fácil mas gracioso, que não hesitou em visitar hospitais, creches e asilos, ou de viajar por Angola, em “traje de safari”, por entre campos minados e crianças com membros esfacelados. Foi a sua última campanha, mas talvez a que mais impressionou. Pela sinceridade e pela coragem. Mesmo que houvesse uma faceta de demasiada ingenuidade, talvez teatral, quiçá mesmo cuidadosamente estudada, escondendo graves problemas de saúde mental num contexto de fingimento aristrocrático.

O resto foi o desígnio da sua vida. Serviu-se dos media e acabou como sua vítima, até terminar fisicamente a 200 km/h no tunel de Alma, em Paris, num 31 de Agosto igual a tantos outros. Tudo o mais foram as contradições, alegrias e angústias da condição humana.

1 comentário:

Anónimo disse...

Personagem altamente controversa e intensamente focalizada pelos media. Ainda ontem vi um filme sobre os seus últimos dias de Diana, em que se mostra como foi instrumentalizada pelo Al Fayed pai, que achou muita graça pregar aquela partida à família Real, arranjando uma amant para o filho que nem sequer estava muito interessado em Diana.
Saiu-lhe o tiro pela culatra, morreram ambos estupidamente e ninguém nunca saberá o que aconteceu na realidade.

Virgínia