Um prémio um bocadinho "a anteriori", mas talvez sirva de catalizador para fechar mesmo Guantanamo, re-organizar a estratégia afegã, e remover algumas dificuldades e obstáculos. Se não acontecer nada, como será? Retiram-lhe o prémio?
Não acho que o prémio devesse ter sido atribuído antes de várias coisas se verificarem. Prometer fazer não é meio caminho andado, sobretudo quando não se trata de fechar uma torneira ou abrir o chapéu de chuva. Os EUA têm muitas forças a fazer guerra neste momento, mesmo que aleguem que estão a construir a Paz. Obama ainda não conseguiu minimizar os estragos, nem sequer acabar com nenhum dos focos de conflito. Duvido mesmo que consiga aproximar os povos do Médio Oriente. Há tantas ONG a trabalhar para a paz, a ajudar as vítimas da guerra, voluntários que se arriscam todos os dias em países onde a guerra nunca acaba. Não seriam elas merecedoras dum Premio assim?
Fiquei um bocado perplexo, devo dizer, mas de facto o Prémio Nobel da Paz tem características diferentes dos outros, além de ser muito politizado.
Não se esperaria que, por exemplo, se desse o da Medicina a um jovem estudante do 6º ano, mas este Prémio pode ter diversas leituras e um significado: fornecer um respaldo a Barack Obama e incentivá-lo para políticas promotoras da paz, dando-lhe cobertura mas entalando-o ao mesmo tempo. De qualquer forma, um pre´mio, como uma condecoração, não se pede, mas não se recusa.
Curiosa é a reacção do PCP: Jerónimo veio dizer que o Comité norueguês perdeu a credibilidade. Ainda não engoliram Sakarov, e continuam reaccionários e fascistóides como sempre.
Este prémio parece ser, de facto, uma forma de pressionar Obama (mais do que de o premiar por intenções ou obra feita), mas é pena que tal seja necessário, as suas acções deveriam continuar independentemente do prémio (e não podemos afirmar que não seria o caso, não o substimemos a priori). Também já houve casos em que o prémio não foi suficiente... Por outro lado, concordo com a tia, há muita gente e organizações a "dar o litro" em locais e sítuações difíceis(incluindo jornalistas), ajudando milhares de pessoas, denunciando crimes e abusos, prescindindo de muito e, muitas vezes, arriscando a vida ou/e em condições financeiras muito difíceis, para as quais este prémio seria também um incentivo, um reconhecimento e uma ajuda financeira importantíssima. Para não falar no incentivo a potenciais (e sempre benvindos) participantes em acções/organizações semelhantes, que bem precisam de mão-de-obra. Acho que desta vez, a politização do prémio foi ao extremo, desnecessariamente, por mais que gostemos do senhor.
Também me pareceu que o prémio foi entregue com allguma antecedência... No entanto, se compararmos a Bush, Obama deveria ter recebido prémios Nobel da paz até ao fim do mandato! Um por semana!
Catuxa - estou de acordo no que respeita às organizações, e são muitas, que trabalham "no campo". O voluntariado não tem o tempo de antena que deve. No entanto, creio que Obama velará pela dignidade do Prémio que agora recebe. E que dará bom destino ao dinheiro. Se virmos quem tem ganho, desde Al Baradei da Energia Atómica, a Sakarov, Madre Teresa, Anwar Sadat, Aug Suu Kyi, ou de Klerk, para só citar alguns. Houve organizações como A Amnistia Internacional, O alto Comissariado para os Refugiados, o Movimento Anti-Minas,O Banco do Microcrédito (Grameen Bank), o Painel para as Mudanças Climáticas ou os Médicos Sem Fronteira. Muitos movimentos, pois, de dignificação da condição humana.
Pode ter sido porventura um bocado extemporâneo, mas creio que o rpesidente americano justificará plenamente a sua atribuição - e pelo que tem influenciado o pensamento das pessoas a nível mundial, despertando-as e dando-lhes esperança na possibildiade de um mundo melhor, já fez muito. Será que a crise teria um impacto tão curto, no tempo, se Bush fosse ainda presidente?
PS. escrevi "a anteriori", mas é "a priori". Sorry!
Vale a pena, também relembrar que é o Comité Nobel norueguês, é composto por membros nomeados pelo Stortinget (Parlamento).
Alfred Nobel, deixou claro que "o prémio deveria distinguir a pessoa que tivesse feito a maior ou melhor acção pela fraternidade entre as nações, pela abolição e redução dos esforços de guerra e pela manutenção e promoção de tratados de paz" e que a sua atribuição não deveria ser politizada.
Só espero que este prémio não seja o princípio do fim.
Será que a "História não está já escrita?" Muitos dos que lutaram pela paz e pela igualdade de direitos foram assassinados. E em relação a Obama tenho um "feeling" muito negativo. Só espero estar enganada!!
Sem prejuízo do meu apreço por Obama, acho o prémio descabido. Dessem-lho no final do mandato, quando já houvesse coisas feitas, como o fecho de Guantánamo, que está atrasado.
O meu candidato era outro: Morgan Tsvangirai. Líder da oposição no Zimbabué, ama suficientemente a paz para aceitar - por realismo - trabalhar como primeiro-ministro sob o Presidente Robert Mugabe, que entre outras coisas tentou matá-lo e de quem se diz que terá orquestrado o acidente de viação que vitimou a mulher de Tsvangirai. Este aceitou o acordo não por capitulação, mas por perceber que assim podia melhorar a vida do seu povo e mudar o que está mal no país. E todos os dias se senta a trabalhar num gabinete encimado pela foto do tirano que tanto sofrimento lhe causou. Com o risco adicional de partidários seus o considerarem traidor à causa...
É pena que tudo indique que Mugabe só vá deixar a presidência quando morrer. Mas o Zimbabué e o mundo ganham com a existência de homens como Morgan Tsvangirai.
Sei que o autor não é do teu agrado, mas vale a pena ler o artigo de Vasco Pulido Valente sobre este Nobel da Paz para compreender como o juri foi parcial e "sabujo" com os EUA, assim como o terão sido outros juris que atribuiram a presidentes americanos como Carter prémios Nobeis semelhantes. Gosto do Obama como pessoa, mas não acho que ele vá mudar as políticas externas de Bush e tem menos poder e força, embora fale bem sobre esses assuntos, o que não chega obviamente.
"Antes de Obama, outros Presidentes tinham recebido o Nobel da Paz: Theodore Roosevelt, Woodrow Wilson e Jimmy Carter. Theodore Roosevelt, um homem particularmente belicoso, foi o fundador do Império; Woodrow Wilson, a influência decisiva no Tratado de Versailles, preparou o advento de Hitler e da II Guerra Mundial; e Carter, coitado, foi uma irrelevância. Vem agora Obama, que junta o incurável "idealismo" da política externa americana à retórica populista e, sentimental, que Tony Blair inaugurou e que, infelizmente, se tornou a linguagem do tempo. A "obamania" é um triste sinal de que o Ocidente perdeu qualquer espécie de faculdade crítica. A palavra e o gesto bastam para lhe esconder o que se passa no mundo. Como se uma grande potência pudesse de repente mudar com uma criatura simpática e uma pequena dose de persuasão e boa vontade." ( continua)
Continuo a preferir que se premeie obra e não intenções, sob pena de os critérios perderem consistência e credibilidade (neste caso, as segundas ainda vão à frente).Fica-se demasiado dependente do futuro. Para além das pessoas e organizações já referidas, acrescento o exemplo, tão próximo para nós, do Ramos Horta e do Bispo Ximenes Belo, e o impacto da atribuição do Nobel naquele momento exacto. De qualquer forma, Obama tem um mediatismo e uma popularidade fora do comum. É uma oportunidade única. Esperemos que a possa aproveitar da melhor forma e consiga o melhor dos prémios: a concretização das intenções!
14 comentários:
Espero que as suas futuras acções sejam efectivamente merecedoras e comprovativas desta distinção!
Para já, Parabéns!
Catarina
Vejo este prémio sobretudo como um apoio, motivação (se necessária) para acções vindouras do que para o trabalho realizado.
Parabéns!
Um prémio um bocadinho "a anteriori", mas talvez sirva de catalizador para fechar mesmo Guantanamo, re-organizar a estratégia afegã, e remover algumas dificuldades e obstáculos.
Se não acontecer nada, como será? Retiram-lhe o prémio?
Não acho que o prémio devesse ter sido atribuído antes de várias coisas se verificarem. Prometer fazer não é meio caminho andado, sobretudo quando não se trata de fechar uma torneira ou abrir o chapéu de chuva.
Os EUA têm muitas forças a fazer guerra neste momento, mesmo que aleguem que estão a construir a Paz. Obama ainda não conseguiu minimizar os estragos, nem sequer acabar com nenhum dos focos de conflito. Duvido mesmo que consiga aproximar os povos do Médio Oriente.
Há tantas ONG a trabalhar para a paz, a ajudar as vítimas da guerra, voluntários que se arriscam todos os dias em países onde a guerra nunca acaba. Não seriam elas merecedoras dum Premio assim?
Fiquei um bocado perplexo, devo dizer, mas de facto o Prémio Nobel da Paz tem características diferentes dos outros, além de ser muito politizado.
Não se esperaria que, por exemplo, se desse o da Medicina a um jovem estudante do 6º ano, mas este Prémio pode ter diversas leituras e um significado: fornecer um respaldo a Barack Obama e incentivá-lo para políticas promotoras da paz, dando-lhe cobertura mas entalando-o ao mesmo tempo. De qualquer forma, um pre´mio, como uma condecoração, não se pede, mas não se recusa.
Curiosa é a reacção do PCP: Jerónimo veio dizer que o Comité norueguês perdeu a credibilidade. Ainda não engoliram Sakarov, e continuam reaccionários e fascistóides como sempre.
PARABÉNS !!!
Este prémio parece ser, de facto, uma forma de pressionar Obama (mais do que de o premiar por intenções ou obra feita), mas é pena que tal seja necessário, as suas acções deveriam continuar independentemente do prémio (e não podemos afirmar que não seria o caso, não o substimemos a priori). Também já houve casos em que o prémio não foi suficiente...
Por outro lado, concordo com a tia, há muita gente e organizações a "dar o litro" em locais e sítuações difíceis(incluindo jornalistas), ajudando milhares de pessoas, denunciando crimes e abusos, prescindindo de muito e, muitas vezes, arriscando a vida ou/e em condições financeiras muito difíceis, para as quais este prémio seria também um incentivo, um reconhecimento e uma ajuda financeira importantíssima. Para não falar no incentivo a potenciais (e sempre benvindos) participantes em acções/organizações semelhantes, que bem precisam de mão-de-obra.
Acho que desta vez, a politização do prémio foi ao extremo, desnecessariamente, por mais que gostemos do senhor.
Também me pareceu que o prémio foi entregue com allguma antecedência... No entanto, se compararmos a Bush, Obama deveria ter recebido prémios Nobel da paz até ao fim do mandato! Um por semana!
Catuxa - estou de acordo no que respeita às organizações, e são muitas, que trabalham "no campo".
O voluntariado não tem o tempo de antena que deve. No entanto, creio que Obama velará pela dignidade do Prémio que agora recebe. E que dará bom destino ao dinheiro.
Se virmos quem tem ganho, desde Al Baradei da Energia Atómica, a Sakarov, Madre Teresa, Anwar Sadat, Aug Suu Kyi, ou de Klerk, para só citar alguns. Houve organizações como A Amnistia Internacional, O alto Comissariado para os Refugiados, o Movimento Anti-Minas,O Banco do Microcrédito (Grameen Bank), o Painel para as Mudanças Climáticas ou os Médicos Sem Fronteira. Muitos movimentos, pois, de dignificação da condição humana.
Pode ter sido porventura um bocado extemporâneo, mas creio que o rpesidente americano justificará plenamente a sua atribuição - e pelo que tem influenciado o pensamento das pessoas a nível mundial, despertando-as e dando-lhes esperança na possibildiade de um mundo melhor, já fez muito.
Será que a crise teria um impacto tão curto, no tempo, se Bush fosse ainda presidente?
PS. escrevi "a anteriori", mas é "a priori". Sorry!
Vale a pena, também relembrar que é o Comité Nobel norueguês, é composto por membros nomeados pelo Stortinget (Parlamento).
Alfred Nobel, deixou claro que "o prémio deveria distinguir a pessoa que tivesse feito a maior ou melhor acção pela fraternidade entre as nações, pela abolição e redução dos esforços de guerra e pela manutenção e promoção de tratados de paz" e que a sua atribuição não deveria ser politizada.
Só espero que este prémio não seja o princípio do fim.
Será que a "História não está já escrita?"
Muitos dos que lutaram pela paz e pela igualdade de direitos foram assassinados. E em relação a Obama
tenho um "feeling" muito negativo.
Só espero estar enganada!!
Sem prejuízo do meu apreço por Obama, acho o prémio descabido. Dessem-lho no final do mandato, quando já houvesse coisas feitas, como o fecho de Guantánamo, que está atrasado.
O meu candidato era outro: Morgan Tsvangirai. Líder da oposição no Zimbabué, ama suficientemente a paz para aceitar - por realismo - trabalhar como primeiro-ministro sob o Presidente Robert Mugabe, que entre outras coisas tentou matá-lo e de quem se diz que terá orquestrado o acidente de viação que vitimou a mulher de Tsvangirai. Este aceitou o acordo não por capitulação, mas por perceber que assim podia melhorar a vida do seu povo e mudar o que está mal no país. E todos os dias se senta a trabalhar num gabinete encimado pela foto do tirano que tanto sofrimento lhe causou. Com o risco adicional de partidários seus o considerarem traidor à causa...
É pena que tudo indique que Mugabe só vá deixar a presidência quando morrer. Mas o Zimbabué e o mundo ganham com a existência de homens como Morgan Tsvangirai.
Sei que o autor não é do teu agrado, mas vale a pena ler o artigo de Vasco Pulido Valente sobre este Nobel da Paz para compreender como o juri foi parcial e "sabujo" com os EUA, assim como o terão sido outros juris que atribuiram a presidentes americanos como Carter prémios Nobeis semelhantes.
Gosto do Obama como pessoa, mas não acho que ele vá mudar as políticas externas de Bush e tem menos poder e força, embora fale bem sobre esses assuntos, o que não chega obviamente.
"Antes de Obama, outros Presidentes tinham recebido o Nobel da Paz: Theodore Roosevelt, Woodrow Wilson e Jimmy Carter. Theodore Roosevelt, um homem particularmente belicoso, foi o fundador do Império; Woodrow Wilson, a influência decisiva no Tratado de Versailles, preparou o advento de Hitler e da II Guerra Mundial; e Carter, coitado, foi uma irrelevância. Vem agora Obama, que junta o incurável "idealismo" da política externa americana à retórica populista e, sentimental, que Tony Blair inaugurou e que, infelizmente, se tornou a linguagem do tempo. A "obamania" é um triste sinal de que o Ocidente perdeu qualquer espécie de faculdade crítica. A palavra e o gesto bastam para lhe esconder o que se passa no mundo. Como se uma grande potência pudesse de repente mudar com uma criatura simpática e uma pequena dose de persuasão e boa vontade." ( continua)
Continuo a preferir que se premeie obra e não intenções, sob pena de os critérios perderem consistência e credibilidade (neste caso, as segundas ainda vão à frente).Fica-se demasiado dependente do futuro.
Para além das pessoas e organizações já referidas, acrescento o exemplo, tão próximo para nós, do Ramos Horta e do Bispo Ximenes Belo, e o impacto da atribuição do Nobel naquele momento exacto.
De qualquer forma, Obama tem um mediatismo e uma popularidade fora do comum. É uma oportunidade única. Esperemos que a possa aproveitar da melhor forma e consiga o melhor dos prémios: a concretização das intenções!
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