quinta-feira, 1 de abril de 2010

o "lava-pés"

"Ora, se eu, sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também ". Jo 13:14.

A cerimónia do lava-pés tem um  valor simbólico muito grande, e só é pena que a arrogância de alguns senhores da Igreja, autênticos "vendilhões do Templo", tenha feito tábua rasa deste (e de outros) actos de humildade que foram exemplos na vida de Cristo.

Recordo-me das missas de Quinta-Feira Santa, no Mosteiro dos Jerónimos, celebradas pelo Padre (depois ex-padre) Felicidade Alves, em que este gesto era repetido, como doze homens da comunidade, e o prior lavava os pés aos homens, revelando ser, realmente, um ministro de Deus e dos fiéis, no que a palavra significa: servidor. Memórias...

4 comentários:

disse...

Agora lavam-se apenas os quilos de ouro (com Duraglit) que ostentam da cabeça aos pés.
Padres como Felicidade Alves são verdadeiros exemplos de vontade pura, de convicção no Homem,que vêem a mensagem de Deus como coisa possível (as partes boas em que não há mortes nem sacrifícios:)),semeando o verdadeiro amor ao próximo(seja altruísmo, filantropia, etc...). Mais tarde, Felicidade Alves viria a renunciar à vida eclesiástica... Vá lá saber-se porquê...

disse...

No fundo, Felicidade Alves era apenas um humanista, que é o que todos deveríamos ser.

miguel disse...

Os textos sagrados têm, como nenhuns outros textos, destas metáforas carregadas de belo simbolismo. Numa altura em que os cientistas iniciam, no CERN, a última fase da busca daquilo a que eles chamam, também simbolicamente, o " bosão de Deus " - a partícula primordial, nascida dela própria ou, então, de " mão divina" - é altura de transportarmos para a prática da nossa vida todo o simbolismo das grandes descobertas cientificas e também dos grandes escritos.

Virginia disse...

Não é o gesto em si - lavar os pés de homens como eles - que vale. O mais importante é o espírito de humildade e de verdadeira entrega que um sacerdote se propoe fazer quando opta por essa via. è difícil, mas não mais difícil do que tantas outras que se dedicam à família de alma e coração, mesmo quando a doença e o sofrimento batem à porta, não mais difícil do que a de funcionários de ONGs que vão para África ou India sem ganhar tusto só como missão. A esses admiro-os tanto ou mais.

O P. Felicidade era sobretudo um teólogo inteligentíssimo - as homilias dele ficaram célebres - que era capaz de dizer aos poderosos que o fausto e a política nada tinham a ver com a religião e que a igreja não era local para comemorações profanas. Foi muito corajoso e coerente. E também amigo dos nossos Pais , o que me orgulha bastante.