domingo, 13 de janeiro de 2008

indigno

O "Público" noticia:
Ainda existem 656 celas nas prisões portuguesas onde os reclusos têm de depositar os seus dejectos em baldes, sem qualquer sistema sanitário. O ministro da Justiça, Alberto Costa, quando tomou posse, prometeu que a erradicação do problema seria uma das suas prioridades, tendo estabelecido Dezembro de 2007 como a data para o fim do prazo.

Já tinha lido várias vezes notícias semelhantes. Mas o que me pasma é que HOJE mesmo não se tomem medidas para acabar com uma situação que vai contra todas as normas da saúde pública, da dignidade humana, dos direitos constitucionais. HOJE é o dia para acabar com isto, de tal forma iníquo e degradante, não "no final de qualquer ano" (prazo que ainda por cima já passou).

Não somos nós que lá estamos, não é? Ou pensamos que não somos...

4 comentários:

miguel disse...

A minha filha fez uma visita de Natal ao estabelecimento prisional de Tires.É uma debutante da vida, ainda. E nisto do lado mais escuro da vida, ainda mais. Mas partiu com uma ideia de prisão diferente daquela com que regressou a casa:disse-me que Tires não parecia uma prisão. Nada do que viu lhe pareceu conforme com a sua ideia de presídio.

Bem: apesar de tudo há coisas que vão mudando. Nem tudo está, hoje, assim tão mau.

Mário disse...

Tires é um exemplo positivo.
Trabalhei durante dois anos como voluntário, na chamada Casa das Mães - um local onde estão as reclusas que têm filhos. O infantário é excelente e embora existam dois grupos de reclusas que "não se dão propriamente bem", tive sempre uma relação extraordinária com elas - era, na esmagadora maioria, excelentes mães, competentes, dedicadas.
A maioria era estrangeira e a razão sempre a mesma: tráfico de droga. A prisão preventiva era o mote, e apesar de algumas estarem lá por crimes menores, chegavam a ser deslocadas do norte, com o filho peenino mas deixando os restantes.
E aos 3 anos: fora! Um dia falarei sobre este aspecto sórdido.
Bom Domingo

miguel disse...

Excelente adenda ao meu comentário.

Elsa Couchinho disse...

Trabalhei 3 anos num dos estabelecimento prisionais que ainda fazem parte desta negra lista e continuo convencida de que só quando todos nós cidadãos formos capázes de pensar nas prisões para além do castigo, seremos capázes de pensar prisões diferentes. As vozes de indignação continuam a ser escassas, mas aqui está mais uma.