sábado, 1 de novembro de 2008

pão-por-Deus!

Hoje vou ter cinco filhos, uma nora, um genro e dois netos a pedir pão-por-Deus.

Alguns não são crianças, mas irão acompanhar as crianças. Outros, os bebés, irão aprender este costume, para que se entranhe neles, como em mim se colou.

Um hábito tão português, genuíno, pueril, maroto, vai-se infelizmente perdendo na viragem (voragem?) urbana. Mas ainda há, felizmente, crianças a pedir o pão-por-Deus, recitando versos e em troca recebendo bolos de festa, guloseimas, frutos secos e romãs.

Aqui fica um verso:

Em vez de dizer adeus
bato à porta, que é a tua
Venho pedir pão-por-Deus,
o teu amor e a Lua
”.

Agora quero rebuçados!

4 comentários:

miguel disse...

A quem lhes recusa o pão-por-deus roga-se uma praga em verso:

“ O gorgulho gorgulhote,
lhe dê no pote,
e lhe não deixe,
farelo nem farelote.

( in Wikipédia)

Em Cabanas de Torres - Alenquer a tradição ainda é o que era....ou quase. Em vez de castanhas ou romãs as crianças recebem KINDER CHOCOLATE MINIATURA e em vez de bolos caseiros recebem outros , plenos de farinha, da pastelaria S. João que se localiza no "lugar" da aldeia. Sinal dos tempos!

Cabanas de Torres: a pobreza se existe, é residual. Gente empreendedora - muitos trabalham por conta própria. Há, já, artistas plásticos, que vivem da sua arte. Há o Henrique que é um dos melhores duatlistas nacionais e esteve nos paralímpicos de Pequim como guia de um cego.Os jovens estudam e vão para a Universidade

No entanto a aldeia continua ( com excepções ) branca e limpa.

E a Serra de Montejunto ali a beijá-la.

Tudo isto a propósito do pão-por-Deus do qul ouvi falar pela primeira vez em Cabanas de Torres.

Anónimo disse...

Os tempos mudaram. As pessoas desconhecidas já não merecem tanta confiança. Não sei de muitos pais que confiariam as suas crianças à sorte de quem lhes abrisse a porta. Anda tudo doido, os tempos são perigosos e a confiança tranca-se para só se entregar a certos conhecidos de longa data.
Não se fazer o pão por Deus não é um simples reflexo de outros tempos em que já ninguém liga à tradição. São apenas tempos diferentes em que tal se vai tornando desaconselhável.

Mário disse...

As crianças foram, e muitas, num grande grupo, pedir pão-por-Deus.
Nas lojas os donos tinham guloseimas preparadas.
Mas é como Miguel diz: chocolates e rebuçados, mas nada de broas, bolos de festa ou outras coisas tradicionais.
E depois o problema: como gerir todo a quantidade de doces que o saco contém? A minha solução foi dizer "niet!" e guardar os sacos em "lugar seguro".

joaninha disse...

É a terceira vez que espreito o blog e como todos os blogs é um blog! Foi-me apresentado pela Maria da Viola e (que me perdoe o autor)o que mais gostei foi o talego! esse objecto de cultura e tradição ao qual eu estou tão ligada! Foi um carinho na alma para uma Maria dos Talegos como eu.