A propósito de "liberdade jornalística", nem só os "pontapés na gramática", ou na ética, dizem respeito á política. Há cerca de ano e meio, Judite de Sousa resolveu entrevistar um jovem que tinha um cancro, em estado grave. O programa foi apelidado de "O homem que venceu o cancro", foi anunciado até à náusea, e nele (com Judite como "santa") se relatava como, apesar de os médicos terem dado escassos meses de vida ao doente, este já tinha ultrapassado esse prazo e ainda estava vivo. Além de não referir que estes cálculos são apenas médias de sobrevida, Judite não quis saber do facto de o doente não ter sequer entrado em remissão e ainda ter metástases. Deu-lhe todo o impulso e fez, certamente, milhares de doentes acreditarem que bastava ultrapassar o dito "prazo" para ficarem curados.
Passados dois ou três meses, o rapaz morreu, porque como era de esperar, a sua doença agravou-se. E como é que Judite de Sousa dormirá? É que nunca lhe ouvi, nem li em nenhuma parte, um pedido de desculpa...
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