sábado, 15 de maio de 2010

para a Ana Lobo da Costa, com muita saudade



Travessia


Pequena história
De adormecer?
Não!
Sou mais do que isso.
Quero mais do que isso.

Quero ser
Eu próprio, o fim do dia
O por do sol
O cheiro a sal
A travessia.

Quero ser
A maresia
O farol
O próprio sol.

E viver
Como um mortal
Até final!

4 comentários:

Virginia disse...

Muito belo.

Pedro Cordeiro disse...

Que partida esta partida... mesmo sabendo-a provável, a resistência e a coragem da Ana tornaram-na de todo inesperada! Há três dias falávamos no Facebook, agora teremos de falar por outros canais, os da memória. Nunca esquecerei as flores e a garrafinha de champanhe que chegaram ao hospital no dia em que a minha filha nasceu. Nunca esquecerei mil outros gestos, em momentos mais e menos felizes da minha vida, de alguém que pensava nos outros até quando tinha o direito e a legitimidade de pensar mais em si mesma. Obrigado, Ana! Dignidade é a palavra que encontro para exprimir o que nos ensinou.

miguel disse...

Comovi-me com o poema que é lindo e comovi-me com o falecimento ( esperado mas por tanto tempo adiado ) da Ana. Falei com ela duas vezes e com ela muitas outras vezes comuniquei virtualmente através do blogue do Arre-burro que a seu tempo tão bem dinamizaste. Foi sempre interventora e revelou-se sempre como uma escrevinhadora de coisas belas e impressivas. Informou-me - no Baleal - que a sua vida tinha já um prazo relativamente definido no tempo e grantiu-me que o tempo que lhe restava aproveitá-lo-ia como se não houvera fim. Assim, o fez, exactamente até ao fim.

Conheci-a por um período breve, já no fim desse fim que ela me anunciou. Cumpriu até ao fim tudo aquilo que disse que ia cumprir. E com ela acabou-se ainda mais um bocadinho esse breve mas muito saudoso blogue do Baleal. Tenho a certeza que está. agora, numa casa acolhedora , com mar e serras em volta.

Anónimo disse...

Não conheci pessoalmente a Ana, mas somente através do Mário, que sempre ma descreveu como uma grande amiga e uma mulher de muito valor, que estava sempre presente nas horas mais difíceis, com apoio, amizade e solariedade.
É sempre triste a partida de qualquer um, principlamente se esse alguém foi importante na nossa vida.
Deixo-lhe a minha ternura!

Catarina