terça-feira, 23 de setembro de 2008
Outono, de Paul Verlaine
Les sanglots longs
des violons
de l'automne
blessent mon coeur
d'une langueur
monotone.
Tout suffocant
et blême, quand
sonne l'heure.
je me souviens
des jours anciens,
et je pleure...
Et je m'en vais
au vent mauvais
qui m'emporte
de çà, de là,
pareil à la
feuille morte...
Pintura: Rikky O´Neill - Autumn
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6 comentários:
Muito bonita, a pintura. Faz-nos mesmo sentir "outonais". Facilmente nos imaginamos naquela casinha. Sem esforço nos recordamos da última vez que olhámos em redor e, por magia, reconhecemos "fatias de paisagem" que nos presenteavam com tonalidades distintas de castanho. Algures lá atrás, o pôr do sol chama-nos à melancolia do final de tarde que esta época nos traz. Facilmente ficamos enternecidos pela tristeza com que o sol desce lentamente, mas reconfortados porque ele, timidamente, há-de voltar amanhã. É uma estação que não nos agride com o frio nem nos coze a lume brando. Apenas somos instigados a acalmar, a reflectir, a sossegar, a repousar.
A primeira estrofe deste poema de Paul Verlaine foi a senha para o desembarque na Normândia, um dos pontos de viragem na II Grande Guerra.
Quem diria, que Verlaine significaria um ataque em todas as frentes e praias, com dezenas de milhares de mortos, mas com a audácia da Razão contra a estupidez da Força. Pela força, mas com a razão.
Que o Outono seja sentido por todos os que, dessa invasão, beneficiaram ou com ela sofreram, porque uma vida é uma vida. Todos, fosse de um soldado aliado ou de um soldado alemão. Há momentos em que não há bons nem maus - apenas soluços de violino, em pleno Outono.
Este poema foi o primeiro que li na velha FLUL e foi-nos dado pelo Prof Monteiro Grilo, vulgo poeta Tomaz Quim.
Nunca mais me esqueci dele, tal a mensagem, a melodia das estrofes e rimas com aliteração.
O outono é lindo, sobretudo quando as tardes se prolongam doiradas e sem vento, as folhas jazem no chão multicolores e temos tempo de pensar na Vida.
Sem querer usar clichés, depois dos 60 , vivemos o Outono das nossas vidas e é preciso gozar estes momentos com verdadeiro optimismo, pois daqui a nada virá o frio e a chuva.
É linda a pintura e a foto ( tirada por ti?)
Bjo
Virgínia
Já o disse no "Codornizes": adoro o Outono, as folhas que caem amarelecidas, o vento que se instala , a temperatura que desce e o cheiro das castanhas assadas. Isso e os bonitos textos para os quais o Outono foi pretexto nos blogues dos amigos, começa agora a fazer um ano. Mas receio que tudo isto se comece a atrasar, tão irremediavelmente que qualquer dia os textos serão sobre " As recordações dos Outonos de outrora". É que costumo fazer os" 20 Km de Almeirim " em finais de Outubro e já lá vão 3 anos que os faço com temperaturas de 28º (!), de acordo com a meu "check list" feito logo antes da partida.
Para um Outono a sério acho que teremos de mudar de armas e bagagens até norte de Coimbra. Por aí, penso, o Outono que se respira ainda convive bem com o imaginário dos poetas e nostálgicos.
Virginia: a fotografia não é minha, mas não consegui descobrir o autor. Minhas são as que aparecerão no Blogue, na quinta-feira.
Esta semana vou explorar o tema Outono. Nostalgicamente, mas gostosamente.
E que tal baignées aux pommes (desculpem o galicismo: fritos de maçã), com um chá quente e a Truta de Schubert, em pano de fundo?
Miguel: há dias tive a oportunidade de uma visita à Beira mais interior (Castanheira de Pera), com direito a uma "subida" até Famalicão, Santo Tirso e arredores. Tens razão: aí o Outono mostra as suas garras.
Mas também na "nossa" Serra de Montejunto, pelo menos nos contrafortes do lado oeste, os vinhedos já marcam a data, e a luz, sempre doce, indica-nos que ficar mais velho é ficar mais tolerante, mas mais intolerante em relação a nós próprios e mais intransigentes na defesa das nossas convicções e ideais. Aquela ideia que só aos 18 anos se defendem causas é errada: é bastante mais tarde que se tem a ponderação exacta entre a sabedoria e a vontade, a experiência e a informação, a perda de interesses pessoais com a sensação do que é a res publica. "Penso eu de que", naturalmente, porque outras hipóteses existem!
Ai, o que foste lembrar: beignets aux pommes...já não me lembro de os saborear há anos. Muito gostava a nossa mãe deles...e o pai comentava sempre que eram pesados e fritos ;).
Saudades daquelas tardes de Domingo passadas na cozinha e depois no living cheio de sol....tivémos uma vida boa que deixa memórias indeléveis.
No silêncio da minha casa actual, é bom ter este blogue ( outros) como companhia...
V.
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