Balada de Outono
(para mim, uma das músicas mais pungentes de Zeca Afonso. Emociono-me sempre que a ouço).
Se desejar ouvir, clique:
Águas
E pedras do rio
Meu sono vazio
Não vão
Acordar
Águas
Das fontes calai
Ó ribeiras chorai
Que eu não volto
A cantar
Rios que vão dar ao mar
Deixem meus olhos secar
Águas
Das fontes calai
Ó ribeiras chorai
Que eu não volto
A cantar
Águas
Do rio correndo
Poentes morrendo
P'ras bandas do mar
Àguas
Das fontes calai
Ó ribeiras chorai
Que eu não volto
A cantar
Pintura: Alfred Sisley, L'automne: Bords de la Seine près Bougival
quarta-feira, 24 de setembro de 2008
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4 comentários:
Ainda há dias ouvi esta balada no meu Ipod e quase que chorei. A voz do Zeca A. faz-me um calafrio na espinha...é inimitável.
O poema lindíssimo...boa escolha.
V.
De quando em quando há umas homenagens ao Zeca, mais ou menos aproveitadas politicamente, mas a pessoa que ele foi, e o drama existencial que viveu, sentindo o hiato entre a utopia e o sonho, de um lado, e a realidade externa e interna, do outro, valeria a pena ser mais contado. Como o de Adriano Correia de Oliveira, de Luís Cìlia ou de tantos outros, quase triturados pelos "novos senhores", que não só se descartaram deles e das suas ideias, como quiseram integrar à força a sua memória e a sua criatividade.
Zeca é imortal, e é muito, mas mesmo muito, mais do que "Grândola Vila Morena".
Impressionante esta interpretação no último concerto do Zeca (Coliseu 1983, se não me engano). Arrepiante mesmo, posto que a letra, escrita tantos anos antes (saiu em vinil em 1960), parece colar-se à pele do escritor, já minado pela doença e consciente do calvário que lhe estava tão injustamente destinado...
É mesmo, Huck.
Ele não voltou a cantar. Não sei se as ribeiras choraram, mas eu sim.
E esta interpretação é, talvez, um dos momentos musicais mais belos a que já assisti.
Grande Zeca!
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