terça-feira, 11 de novembro de 2008

magusto em escola boa

Pois é! Como a vida é feita de coincidências. A EB14 decidiu fazer um magusto e adivinhem quem providenciou as castanhas, indo pessoalmente com o carrinho... o Senhor Eduardo, lui-même.

5 comentários:

Virginia disse...

Essa castanha dá água na boca...

Ainda há escolas onde a vida é serena...infelizmente cada vez são menos e este ano, tudo vai ser diferente. Acredito na força dos professores e na razão deles para não embarcar num processo que foi mal pensado do princípio ao fim. Parece que foi inspirado no Chile de Pinochet....:)

Ainda bem que as escolas básicas estão imunes a este tipo de coisas.

Virginia disse...

Em relação à sua observação à direita sobre o detestável azul, devo dizer-lhe que esta ministra é que devia dar o fora quanto antes. Está a minar o ensino a nível do secundário - que é o mais importante para o futuro dos jovens - a destruir toda a motivação e carolice dos professores - que era notável no meu tempo de professora. Não se faziam coisas para ser avaliado , mas por gosto, por amor aos alunos e posso dizer que tenho projectos gravados em video que os meus alunos nunca mais esquecerão, idas ao cinema em conjunto, visitas a instituições inglesas do Porto, entrevistas a estrangeiros, inquéritos sobre o Domingo, programas Comenius com mais 4 países europeus, tudo isto , sem haver uma avaliação, a não ser o relatório dos diferentes projectos que dava a dimensão da aprendizagem fora das aulas. Pôr pares a avaliarem-se uns aos outros, quando todos têm a perder e a ganhar com as notas dadas, é uma aberração, um crime.

Suponham que se pedia a um médico com 5 anos de carreira, mas com mestrado feito em Salamanca ou Santiago , a avaliar o trabalho dos seus pares com vinte anos de serviço, mas sem mestrado. Não era possível, pois não?
É o que está a acontecer na minha ex-escola e brada aos céus. Muitos profs titulares foram eleitos por serem menos exigentes e avaliarem os seus pares com mais benevolência....os outros exigentes e com mais anos de ensino ficaram para trás e pediram a reforma desesperados.

Mário disse...

Virgínia
O que eu queria deixar claro é que esta guerra é incompreensível para os comuns mortais.
Como é que governantes e professores não conseguem chegar a um acordo mínimo. Como é que se gasta tanta energia neste problema, desgastando necessariamente os intervenientes e remetendo os problemas do Ensino para um lugar ultra-secundário.
Concordo que a avaliação feita assim dá origem (especialmente num país como o nosso) a todas as formas de "banditismo" - é como os administradores dos bancos que estabelecem as reformas para eles próprios.

Duas notas que me impressionaram negativamente: a atitude da ministra a desvalorizar o que, mesmo que não lhe agrade, é uma gigantesca manifestação, e a atitude dos alunos em atirarem ovos à ministra sem que um professor a tivesse defendido.
É o caos estabelecido, e os nossos filhos no meio disso tudo!

Anónimo disse...

Não posso deixar de ver a opinião da Virgínia com um certo apreço e compreensão.

Mas, o que realmente julgo que se passa, é que existem duas realidades: uma constituída pelos professores "bons que trabalham por gosto", outra por uns que "não tinham emprego em mais lado nenhum e nem gostam de trabalhar nem o fazem".

Estas duas grandes classes de professores parecem apenas e só falar como se desconhecessem a existência da outra, o que pode comprometer uma discussão eficiente e coerente.

Ora, compreende-se que se olhe para esta mudança, a introdução da avaliação dos professores, com estranheza. Agora, o que é preciso perceber é que é muito complicado dividir os professores em profissionais com diferentes graus de eficiência, e é necessário fazê-lo. Em nome da Justiça Social, há que garantir que haja uma certa "selecção artificial" no campo do ensino. Se os maus professores não saem por si ou não são expulsos e substituídos, então há que dar-lhes um "empurrãozinho". Só assim há equilíbrio e a tal Justiça Social de que falo, garantida quando o nível de ensino é estandardizado.

Nunca um profissional na área deve trabalhar "para a avaliação". Pois, a estes pede-se, precisamente, aquilo que se pede aos alunos: trabalhem e esforcem-se que acabam por tirar boas notas. A propósito, algo que me faz bastante confusão é o facto de os professores se acharem incapazes de avaliar os seus colegas. Sei que é difícil avaliar programas dos quais pouco ou nada se sabe, mas, vá lá, nas escolas, mesmo já antes, não se sabiam apontar nos corredores aqueles que eram maus professores? Agora basta escrevê-lo.

Outra queixa é a burocracia que semeia trabalho frustrante. Aí não posso deixar de concordar. Se calhar, não se deveria pôr tanto trabalho numa coisa que, apesar da sua importância, não deixa de ser secundária. Mas, enfim, só resta pedir um sacrifício. Não me parece que seja por aí que há-de cair o Carmo e a Trindade.

A cada professor "a sério" como aparentemente é o caso da Virgínia só me apraz dizer que: a) é preferível que os bons professores sejam distinguidos por isso mesmo e separados dos que não fazem nada; b) um processo destes, desde que bem conduzido, pode ser um bom projecto de renovação do crédito no trabalho dos professores.

O decréscimo na credibilidade dos professores está, na minha óptica, demasiado relacionado com uma certa noção, talvez inconsciente mas presente, nos alunos, de que os professores se calhar "nem sabem assim tanto". Porque eu acredito que qualquer pessoa, seja ela de que proveniência for, reconhece e respeita outra pessoa que tem e usa o Conhecimento, já para não falar de jovens, com quem se pode usar a novidade para um deslumbre maior.

Não deixo de concordar com o nosso bloguista - tudo isto também me parece um pouco exagerado. Que se discutam e analisem as questões, tudo bem, aliás, é até proveitoso. Agora, que se cheguem a pontos de fazer chover ovos na cabeça da Ministra não é nada saudável. Pede-se um castigo exemplar e uma reflexão neste caso, que acompanha a tendência dos últimos tempos de misturar Escola com vandalismo. Mais uma vez, não se pode deixar de observar uma certa complacência, pouco saudável, dos professores que não o impediram e dos colegas que a tudo assistiram.

Peço desculpa pela extensão do texto.

Virginia disse...

Já escrevi bastante no topico acima, mas gostava de comentar aqui uma observação que me parece ser utópica. NINGUÉM pode dar empurrõzinhos aos maus profs -quanto a mim muitos nos seus 40 anos que nem estágio fizeram e foram profissionalizados à pressa logo a seguir ao 25 de Abril. Não é um colega que vai dizer ao outro: Você é um zero à esquerda, você é mau a línguas, vá dar uma volta ao bilhar grande.
A minha filha andou na escola em que eu ensinei e a prof dela de inglês dizia "inverdades" do tamanho duma casa, via mal os testes, era execrável, a miuda até tremia de raiva só de ter de ir a essas aulas, no entanto a senhora continua a ensinar, até já é prof titular e vai avaliar os outros colegas. E quem é que lhe pode dizer - a não ser eu se tivesse coragem -queé péssima prof?

Todos nós tivémos maus e bons profs e isso não nos traumatizou! Não é por aí que se muda o ensino.