sexta-feira, 17 de julho de 2009

Divagações de férias - 5



Fado do Ladrão

No outro dia, quando estavas distraída
roubei-te um beijo
sorrateiro e muito breve
Roubei-te assim, sem dares por isso,
a tua vida...
Ou a parte dela
que me faz sentir mais leve.

No outro dia, quando estavas a dormir
roubei-te um sonho
engraçado e com ternura
Roubei-te assim, sem acordares,
o teu sentir...
Ou a parte dele
que me faz sentir loucura.

REFRÃO
Ai meu Amor, não te aflijas
nem te zangues
por te ter querido
desejado e assim tirado
o que é em ti mais que um segredo
de uma igreja
Um mistério
p´ra quem te ama
e te deseja


No outro dia, quando estavas distraída
roubei-te um beijo
sorrateiro e muito breve
Roubei-te assim, sem dares por isso,
a tua vida...
Ou a parte dela
que me faz sentir mais leve.

No outro dia, quando estavas acordada
roubei-te a alma
com carinho e com agrado
Roubei-te assim, sem tu saberes,
o teu amor...
Ou a parte dele
que me faz sentir amado.


Quadro: Amants - René Magritte

5 comentários:

Virginia disse...

Ladrão sem remorsos:))

Tão malicioso....

miguel disse...

Leio o poema e oiço, de facto, um fado, talvez castiço, daqueles corridos, quase à desgarrada.

Parabéns.

miguel disse...

Este comentário está repetido abaixo. Aqui, é mais actual e vem mais a propósito. São 2H30 duma noite ( finalmente ) serena de Verão e acabo de ver um filme num canal de ccabo que me tocou , como há muito nada - o que quer que fosse - me tocava. " Green Mile " é um filme brutal e sentimental, arrebatador e abjecto, poético e terrífico, que intersecta, num qualquer ponto sempre improvável, o fantástico transcendente com tudo aquilo que é profundamente humano ,numa aproximação surprendente a um Deus cuja imagem e significado, todos , talvez, andamos a procurar. Um filme americano, quem diria. Quem já o viu, concordará comigo. Quem ainda não fez, que o faça...urgentemente

Mário disse...

Miguel
Não vi o filme (nem sabia da sua existência), mas vou estar atento e hei-de obtê-lo nem que seja através daquele partido sueco...
Quanto ao poema, faz parte de um livro que estou a escrever sobre Fados.
Este ladrão é um simplório - limita-se a roubar beijos, mas como o beijo, tal como o amor ou os afectos, são valores que se multiplicam quando se dá ou quando se roubam, a definição de ladrão terá de ser repensada, bem como todo o Código Penal, a Kustiça... e até o papel fiscalizador do Banco de Portugal...

Mário disse...

Justiça... Isto do K estar ao lado do J...