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Considerado "perigoso" pela polícia política da ditadura, embora não se lhe conheça um único crime de sangue ou sequer uma tentativa, foi preso e torturado pela PIDE por diversas vezes, de formas brutais, estando incomunicável durante largos meses, sem qualquer julgamento ou acusação.
Participou numa tentativa de golpe de Estado (em 1947, com o general Marques Godinho), protagonizou o primeiro desvio político de um avião (tomando um da TAP, que ia para Casablanca, a 10 de Novembro de 1961, e lançando panfletos sobre Lisboa), participou no assalto ao Banco de Portugal na Figueira da Foz e ainda planeou tomar a Covilhã e torná-la o primeiro ponto da resistência a Salazar.
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Conheci-o num comício/concerto do PS, em 1978, onde actuou Herbert Pagani, mas só há cerca de cinco anos é que tive ocasião de conversar com ele com mais profundidade, num almoço da Fundação Ronald McDonald para a construção de uma casa para crianças com doenças crónicas e suas famílias, na Estefânia, em que estava como representante da Câmara Municipal de Lisboa.
Diz-se dele que era um "revolucionário ingénuo". Morreu agora, mas vale a pena relembrar este homem e contar a sua história de uma forma factual, às novas gerações, para que saibam que há quem nunca se vergue, mesmo quando não tenha nenhum objectivo político, ideológico ou económico, mas apenas a defesa exclusiva da Liberdade.
2 comentários:
Por Palma Inácio nutri respeito e também " muito respeitinho". Imagino-o sempre a entrar no cockpit do avião da TAP que desviou a dizer algo do tipo:
" Amigo comandante, faça o que eu digo ou acabamos todos espatifados lá em baixo ".
Via-o também ( vá-se lá saber porquê)como um " garanhão " à moda antiga, do estilo " aviar uma apaixonada" entre cada uma das cenas de faroeste em que se metia.
Em suma, um homem destemido e aventureiro cuja personalidade se cruzou comigo quando eu era um adolescente ( e talvez por isso eu tenha a ideia que tenho dele).
Nunca o imaginei com 87 anos, isso é que é certo; é muito ano. Guardo dele a imagem com que o Mário ilustrou a entrada. Uma imagem icónica do 25 de Abril.
Tive a sorte de conhecê-lo. Sempre um charme, sempre uma presença que impunha respeito. Ou melhor, não impunha, porque não precisava de impor coisa alguma. O respeito era natural perante Palma Inácio.
Recordo o sorriso, o cachimbo, a melena branca... ainda bem que fui um dia visitá-lo, com o João Soares, ao lar onde passou os últimos anos da sua vida.
Um abraço, querido Palma!
Só duas observações, Pai:
1) O Palma foi do PS. Desde o 25 de Abril até morrer, foi militante da secção da Almirante Reis.
2) O almoço da Fundação McDonald deve ter sido há pelo menos oito anos, durante o mandato de João Soares, única altura em que o Palma representou a CML.
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