terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

"se não me agarram, mato-o!"


Mário Crespo é um homem livre, e tem o direito de exercer a sua liberdade. Demonstra-o, aliás, no telejornal da SIC Notícias. E acredito que tenha ficado chateado com o que o amigo lhe contou que tinha ouvido num restaurante.

No entanto, daí a usar essa conversa pessoal e privada - se é que ela ocorreu e se é que, tendo ocorrido, foi exactamente assim -, parece-me eticamente errado.

Seguramente que Mário Crespo já terá dito "cobras e lagartos" de muita gente, com amigos íntimos, à mesa de um restaurante. De Sócrates, provavelmente. E se alguém utilizasse essas conversas? O uso que se faz, actualmente, da vida privada e das conversas privadas de figuras políticas para as atacar roça o sórdido.

Que Mário Crespo se baseie em acções concretas do PM, e não se fundamente em conversas entre amigos que podem, tão só, ser desabafos: dizer "só me apetecia dar cabo dele!" pode até ser uma forma de exorcizar os desejos de o fazer.

Não esperava isso de Mário Crespo, um homem ponderado, prudente e sabedor. E a reacção epidérmica dos que, logo, vêm dizer que "a liberdade de imprensa está em perigo!", mostra o que está subjacente. Bolas, não se pode qualquer dia conversar sobre nada porque o Big Brother anda aí... e cobra!

PS. não quero com isto dizer que aprovo saneamentos, pressões sobre jornalistas, controlo da imprensa. Mas só se deixa pressionar quem quer, diga-se a verdade.

5 comentários:

Anónimo disse...

Concordo em absoluto com a sua opinião...
Mas,se quem está em causa neste caso é o nosso PM, penso que abro uma excepção(maldadezinha minha)...!!!

Catarina disse...

O problema aqui são os "antecedentes" não provados do PM, nomeadamente com o Jornal da TVI de 6ªF (que eu abominava, bem como da "jornalista"/apresentadora), da demissão do director do jornal Público e de outras coisas que se falam.
Acho que o MC agiu de cabeça quente e concordo plenamente com o director no JN em não querer publicar a sua crónica, pois está muito longe de ser um artigo de opinião.
Agora se me perguntarem se acredito no que o MC relata, ACREDITO.
Cada dia que passa o meu ódio ao PM vai crescendo, não consigo acreditar nele, acho-o um mentiroso.
Catarina Velez Grilo

Mário disse...

Que o PM tem muito que se lhe diga, e que todos os governos, sem excepção, tentam controlar a informação de forma hedionda, é verdade.
No entanto, a diferença que poderia marcar a qualidade de MC era, precisamente, não dar ouvidos a quadrilhices. No fundo, MC pressionou as nossas ideias com informação que poderá ser questionada, e que obteve por métodos que só em ditaduras são praticados.
O Sindicato dos Jornalistas pode respingar, com toda a razão, como sempre o faz (e deve fazer) quando a liberdade dos seus membros é posta em causa. Mas é curioso que se cometem os maiores dislates, em termos jornalísticos, e nada se ouve do dito Sindicato. Há jornalistas muito maus, levianos e mesquinhos, que obtêm informação a todo o custo, fazendo funcionar o "vale-tudo" - é bom denunciar esses casos para separar o trigo do joio. MC não é desses, mas por isso mesmo deveria ter marcado melhor a diferença.
Escrevo isto tendo um filho jornalista e tendo eu próprio sido vítima da pressão que um membro do govermo fez sobre jornalistas para publicar uma notícia de dados falsos mas que lhe convinha.

Anónimo disse...

Uma figura tem direito à privacidade. como é óbvio. E o PM não é excepção. Ma segundo consta, esta conversa não foi tão privada assim. Aliás, em muitas outras situações o PM já revelou uma grande falta de tino na escolha dos lugares e ocasiões onde fazer as suas observações mais ou menos destituídas de nível. Qualquer pessoa minimamente esclarecida sabe que, quando se ocupa um lugar como o de PM, não se pode nmem deve fazer determinado tipo de comentários num lugar público como o restaurante, ainda que em conversa privada. E para falar a verdade, sendo minha a opinião se que o PM padece de um certo complexo de Deus, penso que estes deslizes assim como a forma e o lugar onde são ditos são muitas das vezes resultado disso mesmo... a ideia de que pode fazer e dizer o que bem lhe apetecer sobre quem considera ser, de alguma forma, uma "força de bloqueio". Gostava de ver este PM dirigir um qualquer país da América do Sul com uma boa força militarizada... talvez tivéssemos uma grande surpresa.

Anónimo disse...

portugal ei o zimbawue da europa...so muda o nome dos piratas