segunda-feira, 24 de maio de 2010

digam com flores!

Crédito: MC

 
Todos os dias, na Alameda, a srª Maria vende flores. Sou um freguês regular porque gosto muito de as oferecer, para lá dos bons momentos, sem pressa, em que conversamos e ela me ensina uma data de coisas.
Sempre bem disposta, afável, vê-se que gosta do seu trabalho e do seu emprego. Começar o dia com uma paragem na srª Maria é muito bom!  Aconselho vivamente!

Crédito: MC

7 comentários:

Eng. Agr. Izabele Kruel disse...

parabens, lindo comentario, bom saber que ainda existem pessoas que gostem de flores :) Boa semana

Virginia disse...

Soube que nos ministérios em França resolveram substituir as flores frescas por flores de plástico para economizar. Achei perfeita a resolução, mas preferia não ter flores nenhumas a ter umas de plástico. Ainda aquelas secas, tipo ramos e troncos de árvores, ainda vá, nas caules verdes a cheirar a plástico não é o meu genero. Raras vezes compro flores de cortar, mas gosto muito de comprar vasos que duram algum tempo. Tranvazo-as para a floreira, dão flor durante semanas, depois murcham , mas ficam os caules com as folhas que são bonitos no meio da hera que cobre as paredes da floreira. Muitas vezs voltam a florir daí a meses...
É o meu jardinzinho, já que não posso ter nenhum meu a sério.

E já agora um poema que foi lido no encerramento da minha expo pela minha filha com muita garra e empatia.

AS ÁRVORES E OS LIVROS

As árvores como os livros têm folhas
e margens lisas ou recortadas,
e capas (isto é copas) e capítulos
de flores e letras de oiro nas lombadas.

E são histórias de reis, histórias de fadas,
as mais fantásticas aventuras,
que se podem ler nas suas páginas,
no pecíolo, no limbo, nas nervuras.

As florestas são imensas bibliotecas,
e até há florestas especializadas,
com faias, bétulas e um letreiro
a dizer: «Floresta das zonas temperadas».

É evidente que não podes plantar
no teu quarto, plátanos ou azinheiras.
Para começar a construir uma biblioteca,
basta um vaso de sardinheiras.

Jorge Sousa Braga, Herbário, Lisboa, Assírio & Alvim, 1999

Elisete disse...

Não conheço a Sra. Maria. Falha minha! Vou ter que prolongar os meus passeios para os lados da Alameda.

miguel disse...

Poema lindo mesmo, o de Jorge Sousa Braga, que não sei quem é.Belíssimo desenvolvimento para o mote dado pelo editor!

Acabei de imprimi-lo e "lancei-o " na sala para a família o ler.

Virginia disse...

Miguel,

Vai aqui uma curta bio do JS Braga:Licenciado em Medicina, nasceu em Vila Verde, Braga em 1957. Exerce a especialidade de Obstetrícia num hospital do Porto. A sua obra poética tem vindo a revelar-se de uma criatividade notável, sendo notório desde o primeiro livro De Manhã Vamos Todos Acordar Com Uma Pérola No Cu, de 1981, uma abordagem da temática dos Descobrimentos e da portugalidade sempre tomada pelo lado irónico e surrealista, com ressonâncias do movimento Beat, de São Francisco. A sensualidade - e a sexualidade, - em poemas íntimos e por vezes extremos bem como a sua paixão pela poesia oriental têm-no levado a escrever haikus em língua portuguesa com assinalável perfeição. Incansável leitor de poesia verteu para português poemas de Jorge Luis Borges, Matsuo Bashô, Li Po, Guillaume Appolinaire, entre muitos outros. Acaba de publicar o livro de poemas Porto de Abrigo, na Assírio & Alvim.

Ainda bem que gostaste.

Abraço

Virginia disse...

No wook tem todos os livros de JS Braga com 20% de desconto. E são mesmo bons.

Não, não tenho comissão da PE!!!:)))

Leonor disse...

Estou a adorar este espaço de partilha,e sinto um privilégio enorme por o seu autor ter cruzado o meu caminho e tanto me ter ajudado a mim e aos meus 3 filhos...c a sua sensibilidade...é bom conhecer pessoas bonitas...faz-nos bem! E como tb sou apaixonada por flores e por palavras aqui vai:

Cada palavra q escreves
é um fruto já maduro
q cai da árvore das palavras
e tem sabor de futuro