terça-feira, 7 de julho de 2009

como se pronuncia Belgais no Brasil? Béugáis?


Os meios de comunicação anunciaram que a espantosa pianista, ao que consta, ia optar pela nacionalidade brasileira. Surgiram depois alguns avisos "atenuantes" (não verdadeiramente desmentidos): a pianista só teria visto de permanência, a filha ignoraria...

Devo dizer que... quero lá saber! Acho Maria João Pires uma intérprete fabulosa. Mas se ela é portuguesa, brasileira ou ucraniana, confesso que me é indiferente. Acho ridícula a mania de viver das glórias nacionais como se isso representasse um engrandecimento das pessoas. Lembram-se do que se falou quando foi do caso da descendente de portugueses que coseu a bandeira que Neil Amstrong cravou na Lua, em 1969, ou mais recentemente o facto do presidente da Comissão Europeia ser tuga.

É que, se ficamos tão chocados por Maria João Pires querer ser brasileira, então deveríamos interditar a nacionalização de Nikias Skapinakis, Jorge Listopad, Deco ou de Francis Obikwelu. Ou não?

PS: gostava que me dissessem o que é que Belgais produziu, em termos reais, quanto gastou, quanto custou a formatura de cada aluno, que gestão foi feita... porque chamemo-nos Maria João Pires ou Joaquina das Osgas, tem de haver um escrutínio rigoroso das verbas públicas subsidiadas, e que não foram poucas, não senhor...

10 comentários:

Anónimo disse...

100% de acordo. E esta, mano?

Só gostava que a MJP tivesse 80.000 pessoas a aplaudirem-na como ao Cristiano Ronaldo...que nem sequer jogou futebol, só fez sorrisinhos para a multidão.

Virginia

zé disse...

Subscrevo a Virgínia!
No entanto, discordo quando diz que o Ronaldo não jogou: ele ainda fez um "solo", aquelas habilidades com a bola que, num jogo, não servem para nada...

Miguel e Rita Clara disse...

Ora Ora pois que assim atacam a minha dama...
Bem, não pensem que é a MJP, por muito que goste admire e aprecie/ frua ( acho que existe...).
É a EDUCAÇÃO ARTÍSTICA!!!!
Arre, perdoem o palvreado popular mas é no mínimo maçador ( para ser mais agradável) ver que sempre que o dinheiro vai para artistas todos se pronunciam como se fosse garantido que se transformaria em farras e excentricidades improdutivas..
A ARTE NÃO É PRODUTIVA!!!! ( nunca esperem dela batatas ou componentes electrónicos...)
É mais ou menos como a história do Chapéu tem 3 bicos... Se a Arte produzisse batatas entaão não era Arte!!!
Tenho dito.
A EA (educação artística) em Portugal passou por vários momentos desde os tempos em que no conservatório se ministrou o curso de educação pela arte, pós 25 de Abril, nesse tempo a arte era uma forma de passar ideologia, de catequizar (este vocábulo aqui fica mal...) depois com a sedimentação do trabalho do CAI / Drª Natália Pais/ Gulbenkian, numa forma muito pertinente mas algo elitista ( Além de geográficamente reduzido a Lx) mas sempre vista como um extra destinado a poucos e dispensável.
Educar para a Criatividade é essencial então em tempos de crise deveria ser obrigatório"!!! Como o Latim, a Astronomia...
Os Artistas não tem que ser bons gestores... Ajudem-nos a gerir, disponibilizem Gestores de Arte e projectos quando atribuirem apoios, por exemplo....
Choquem-se com o Tiago Monteiro que levou aos milhões e nem se inscreveu nos campeonatos...
Levemos A ARTE E A CULTURA A SÉRIO!!! A produção dos Artistas é o que fica de um momento civilizacional, saibamos honrá-lo!!!
Como sempre perdoem os exageros....

Mário disse...

Rita
A Educação artística é fundamental. Mais: deveria ser uma presença constante nas casas, nas escolas e nas ruas.
A minha Entrada referia-se a outras coisas:
1 - o facto de a MJP, uma das intérpretes que mais aprecio, usar e abusar da chantagem do "vou para o Brasil" ou "deixo de ser portuguesa". Ainda há uns tempos afirmava que se vivia em Portugal pior do que na Idade Média (sic), o que parece tonto demais para vir de uma cabeça como a dela. Artistas, sim; comportamentos de primadonas, não. Aliás, para mim, a nacionalidade é indiferente, porque me acredito como cidadão do mundo e partilho das riquezas da Humanidade, venham elas de onde vierem;

2- quando falei do que é que Belgais produziu, é porque não sei, mesmo. Sei que a MJP se fartou de pedir, fazer birra, chorar, exigir. Mas não sei, nem acho que alguém saiba, quantos cursos foram dados, quantas pessoas se formaram, o que se fez. Não basta chamar-se MJP para ter a certeza de que um projecto destes tem sucesso. E, por causa dele, muitos outros projectos culturais ficaram a ver navios.
Se acho mal o patrocínio de corridas de automóveis? Acho. Muito mal. E considero muito mais profícuo investir em "n" pequenos projectos do que só em meia dúzia de grandes.

Não vejo, pois, em que é que a minha Entrada choca com o seu comentário. Também defendo a Arte como posso, e não é por acaso que o ESCA tem exposições desde que abriu, promovendo artistas que, a maioria, nunca tinha exposto. Ou que divulgamos livros e eventos musicais. Sem subsídios estatais.

Gostava de publicar dois romances e dois livros de poesia que tenho - as editoras cortam-se e não há subsídios. Mas não é por isso que ameaço com transofmar-me em zulu...

Miguel e Rita Clara disse...

Pois então perdoe o empolgamento...
Bem sei que a questão da Nacionalidade é usada como chantagem por alguns que o podem fazer, se nós ameaçássemos ir para algures talvez nos desejassem boa viagem ou nem isso...
Belgais talvez não tenha sido bem sucedido, talvezaté fruto da volátil personalidade da MJP, talvez porque quem apenas olha não compreende que os frutos da EA demoram anos a medrar, talvez n hipóteses.
Acredite que acho que não seria mal pensado existir uma bolsa de Gestores das Artes que acompanhassem os projectos.
Falo de experiência pp.
E já agora não se transforme em Zulu, pois não seria nada fácil para nós levarmos os nossos filhos ao curandeiro no Zimbabué..
O meu comentário era mais no sentido de dizer que de facto no pós Carrilho não houve projecto político para a Arte e a Cultura, gastam-se avultadas somas em manobras de fachada
estrangulando de disseminação da EA de forma pertinente e persistente ( pois a esporádica não deixa raízes)

Mário disse...

Rita
Absolutamente de acordo que a formação artística não tem preço. Se a formação custa caro, quanto custará a ignorância?
No entanto, Rita, será duvidoso que, com os actuais políticos (de todos os partidos) e com a ditadura da Economia, da Gestão e das Finanças, com a ajuda dos construtores e engenheiros, se consiga um interesse mínimo pela Arte, expresso no OGE.

Portugal tem políticos profundamente incultos e, mais, completamente desinteressados de se "cultivarem". Ainda por cima a Arte - da que estamos a fala, pelo menos -, não rende. Se for aos gabinetes e às salas das casas dos governantes verá quadros e esculturas, mas adquiridos como investimento financeiro e não por razões estéticas.

Em Veneza fui ao Museu Peggy Guggenheim, e aquilo é que é ser mecenas das artes. Infelizmente, os nossos mecenas são borjeços, torpes e videirinhos. São Berardos até prova em contrário. Muita massa e pouco sentido estético. Será assim por todo o lado, mas cá é-o também.

A MJP teve a possibilidade de subir. Mereceu-o, mas também teve os apoios necessários. É por isso que não se entende a atitude de desprezo e de uma certa arrogância que exibe. Belgais nunca foi revelado como uma escola de Arte, mas como "o domínio da MJP e o exemplo da sua luta contra o poder".

Eu e a Catarina andamos há muito tempo a pensar numa Escola de Arte e Cultura. Vocês vivem isso em Torres Novas. Sabemos todos as dificuldades e o desinteresse, mesmo dos pais. Em alguns capítulos estamos (ou continuamos) sub-saharianos...

Virginia disse...

Penso que a verdadeira educação para a Arte deveria ser iniciada na Escola Publica como parte integrante da educação, a par da EF ou da EV. O povo português é pouco artístico porque não lhes deram - penso que as novissimas gerações já estão a ter - nenhuma educação musical, nem teatral, nem dança, nada. Só os filhos de pais com algum dinheiro acabam por ter tudo isso, mas a maioria passa anos e anos na escola, sem ouvir nada que não seja os seus MP3. Lembro-me de ter usado música clássica nas aulas - Bach - enquanto eles faziam trabalho de grupo e eles adoravam. Mas já tinham 16-17 anos.
No Colégio Alemão Música é obrigatório até ao 12º ano, todos os anos fazem peças de teatro, musicais, jornais, etc. Isso transforma a mentalidade das crianças, leva-as a apreciar melhor e a exigir mais no futuro.

Quanto à MJP, concordo em tudo com o Mário, acho que ela nunca divulgou nada do que fez - sei duma alemã amiga dos meus filhos que esteve umas semanas na Escola de Belgais e gostou muito - e foi um projecto demasiado fechado sobre si mesmo. Deveria ter sido apoiado e divulgado, mas tb avaliado.

miguel disse...

Considero-me um tipo relativamente culto. Mas tenho um problema com as políticas culturais que, de vez em quando, são pretexto para comunicados, abaixo-assinados e , não poucas vezes, troca de insinuações e insultos . O problema é: incapacidade em compreendê-las na sua formulação.

A sério: percebo aguma coisa quando se fala de educação, de economia, de trabalho e até um pouquinho quando se fala de finanças.

Mas as elites que tutelam ou querem tutelar a coisa cultural têm dificuldade em se fazer compreender ou, então, não se querem fazer compreender de todo. Não sei. O debate vai sempre ter a São Carlos, aos apoios do estado ao teatro e ao cinema - tudo isto com uma complexidade quase intangível - e raramente ultrapassam o âmbito geográfico da capital e dos seus protagonistas.

Cá para mim o " espaço Berardo " , sendo marginal ao debate e ao universo das elites, ou até por isso, foi e é uma lufada de ar fresco. Parece-me que tem democratizado a cultura ... e isso é o que se pretende. Ou não é?

Mário disse...

Miguel
O "comendador" tinha um problema: comprou quadros sobre quadros, e precisava de um local para os armazenar. Criou uma Fundação, que até dá para ter benefícios fiscais, e conseguiu os vários espaços do CCB.

A exposição é visitável de borla - excelente. Mas à conta disso, todas as outras exposições, temporárias ou residentes, do CCB foram encerradas. Durante os próximos anos, ou Berardo ou nada.

A CML, felizmente, acudiu ao Museu do Design e conseguiu incluí-lo na renovação do Espaço do ex-BNU, na Baixa.

Pessoalmente, não defendo subsídios a torto e a direito, muito menos por anos e anos. Depois de um eventual impulso inicial, os projectos têm de se auto-financiar e adquirir autonomia. E verificar a eficiência, ou seja, a mistura da eficácia (mais valia) e da relação custo/benefício.

Não pensemos em "apoio à cultura" como apenas "as madamas de casacos de peles do São Carlos ou da Gulbenkian" mas, para referir coisas recentes: "Saia-curta ou consequência" e "Vamos fazer uma Ópera", de Paulo Matos, "Gota de Água" do Chico, e outros, que têm andado por todo o país. Isso sim. Isso é levar a cultura e os bons espectáculos a toda a gente.

Anónimo disse...

Lisboa tem subsidios na cultura que nunca mais acabam, está cheia de evntos de todo o género, concertos, expos, actividades, etc. Não me parece que se possa queixar minimamente de falta de apoio. Tanta queixa por causa da derrapagem da CdM, mas foi o unico espaço no Porto que recebeu algum carinho da parte da Câmara e do País em geral. Aqui tudo o que é feito é a custa dos próprios artistas e passa muito por pequenos bares, livrarias, espaços de expo e cafés que animam a cidade sem receber subsídios. Felizmente tem havido muita gente nova que trabalha de modo q transformar locais antigos em espaços adoráveis - por exemplo a Papa Livros, que organiza eventos para ciranças todos os sábados ou a Salta Folhinhas, idem.
Os grande cantores ou bandas não vêm ao Porto....

V

A MJPires tem agendado um concerto para o qual comprei assinatura, espero que não a substituam pelo Sequeira Costa :)))