O Arts Council de Inglaterra pagou o equivalente a 15.500 euros a uma bailarina epiléptica para que suspenda provisoriamente a sua medicação e sofra um
ataque em cena.
A actuação de Rita Marcalo, que ficará 24 horas sem dormir, tem em vista estudar os "interfaces físicos entre a dança, o movimento e a epilepsia".
The Times.
Valerá mesmo tudo? Designadamente expôr a fragilidade particular para gáudio da multidão, colocar a vida em risco e explorar a doença? E eu,ingenuamente, a pensar que a exibição-espectáculo dos homens-elefante e dos anões de circo tinha deixado de existir.
Para quando um psicopata assassino em palco, para liquidar à bala quem toma estas medidas? Pena é misturarem a nobre arte da Dança com uma exploração ignóbil. E o vil metal sempre presente, claro...
7 comentários:
É-me incompreensível como algo tão belo como a dança, pode ser manchado pela demonstração pública da vitória do dinheiro sobre a razão.
Porque não utilizar o mesmo tempo e dinheiro a estudar algo que realmente importe, que dignifique esta arte?
Mónica Oliveira
Mónica
Absolutamente de acordo. E os que irão ver o espectáculo são tão cúmplices como os outros.
E se há coisas para ensinar aos nossos filhos é o valor da ética.
Lembra-me o filme: OS Cavalos também se abatem " que vi nos anos 60 e tanta impressão me causou. Gozar com a miséria ou a necessidade dos outros é humilhante, é dacadente, é baixo. Até na TV se vêem programas destes, duvidosos e chocantes.
Há tantas coisas belas - e a dança é uma delas - porque estragar uma performance que pode ser tão rica quando interpretada por verdadeiros artistas, submetendo doentes a uma exposição vergonhosa?
Não sei, este mundo tem dois lados e o obscuro assusta-me mesmo na minha idade.
As melhoras, mano! Do coração!
São fronteiras que me aterrorizam.
Quando não há nada para expôr deveremos exibir as quebras, as falhas...?
Há uns anos um jovem actor que tinha uma atrofia de um dos membros inferiores aparecia em cena exibindo-a ostensivamente.
Na altura debati-o com pares e sei que me consideraram quase defensora da eugenia...
Claro que não era nada disso, apenas a inquietação perante a questão ética de tranformar uma deformação, doença, num motivo de foco. Quanto a mim é descriminação, é não dar verdadeiro espaço aquela pessoa para se projectar para além do defeito...
E não em Arte, não vale tudo, a própria Arte em conjunto com o temmpo/escultor, se encarregarão de não deixar perdurar tal episódio. O dinheiro pode pagar a projecção imediata mas não ultrapassa o filtro da História...
A Senhora que danse mas sem se atacar!!!
Talvez fosse bom procurar de novo o Belo!!!!
Isto é, no mínimo, assustador... que loucura! O pior é que vai haver muita gente a pagar para ver...
Entre isto e os Cristão atirados aos leões, venha o Diabo e escolha...
O que vale é que estas aberrações são excepções, e a Dança continua, nas suas diversas expressões, uma Arte nobre e formidável.
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