Tenho uma pequena pedra, com um "certifi-
cado" que a autentica como "genuína pedra do Muro". Trouxe-ma um amigo, de Berlim.
Tenho-a na minha sala, bem visível, ao pé dos livros que mais prezo, os de Poesia, porque a Liberdade está na Poesia e está entre as coisas que mais prezo... como a Poesia
Lembro-me de, um dia, o denominado "sectário-geral" do PCP, Mário Castrim, comentador de televisão, ter escrito esta coisa formidável: "o Muro tem de existir, para evitar que os alemães de Berlim ocidental passem para a RDA, tal a inveja que têm da qualidade de vida e da democracia que se vive no Leste".
O comunicado do PCP, emitido na 5ª feira passada, retoma este tom e continua a dizer que, desde há 20 anos, a Europa está menos livre e menos democrata. Já haviam louvado a Coreia do Norte, não esqueçamos...
O Muro caíu. Era o símbolo da ignomínia. E mesmo sabendo que existem muitos muros semelhantes, da Palestina ao México, a queda deste é um facto incontornável na História. A Hungria, o Papa Karol Woytila, Gorbachov, os EUA, Willi Brandt, Helmut Kohl, entre outros e, claro, os alemães, todos eles, foram os vencedores. Os comunistas, o comunismo e a União Soviética, os derrotados. E com eles todos os seguidores desta política ignóbil, injusta e ditatorial, que empobreceu tantos países, reduziu a liberdade a escombros e é responsável por milhões de mortes, e tantas e tantas outras injustiças.
Notável, também o enorme esforço dos alemães para reunificarem o país e conseguirem aplainar as desigualdades sociais e económicas entre o Oeste e o Leste.
Heute, Ich bin ein Berliner!
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
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10 comentários:
Conheci vários alemães de leste através de contactos com os meus filhos e professores do Colégio Alemão, onde eles andaram. Uma das professoras viveu vários anos no andar acima do nosso e era muito amiga da Luisa, minha filha. Também tenho um amigo que lá viveu - por cima da minha casa e casou com uma rapariga de leste, há uns doze anos, vivem em Trier e ainda são felizes, embora as mentalidades e modos de vidas fossem totalmente diferentes.
Os alemães de leste, na sua maioria tiveram uma educação esmerada, são humildes, confiam facilmente e esperavam do ocidente algo mais, que não veio a acontecer. Tb é preciso notar que na antiga RFA, o sistema é totalmente diferente, com bundeslander - estado federado - e que a RDA era um bloco, um país comunista, o mais própero, mas mesmo assim já decadente.
Ontem vi um doc fantástico da BBC na SIC Notícias. Falava de uns e outros. Há nostalgias que eles não conseguem superar e muitos deles sentem algum desapontamento.
Claro que a Alemanha é um país extraordinário em educação e sobretudo como sociedade civil, trabalham todos para a comunidade e com a comunidade. Falamos do seu materialismo, mas acho os portugueses muito mais materialistas, comprando coisas supérfluas sem terem dinheiro para as pagar. Ninguém na Alemanha tem segundas casas e às vezes nem primeira, vivem em casas alugadas, antigas, restauradas. O novoriquismo cá é insuportável.
Admiro-os muito e mais ainda depois de reunificação.
Aconselho todos a ver : "Goodbye Lenine", um filme magnífico sobre este tema.
Também vi o documentário. O que seria se dividissem Lisboa ao meio? Como nos habituaríamos? Quais os factores protectores que desenvolvíamos?
Fica a imagem daquela senhora que dizia: "do lado ocidental havia 30 variedades de queijo; aqui só três, e delas só uma comestível. Mas, naquela altura, o que interessava isso?"
Um dia foi convidado na nossa escola um professor da Universidade de Aveiro, alemão, cujoa pais tinham resolvido fugir para ocidente ainda em 1961, antes do Muro se ter erguido. Ele descreveu as horas infindáveis de comboio que tinham percorrido e contava com lágrimas nos olhos, que , tendo 6 anos apenas, só chorava por ter deixado o ursinho e outros brinquedos em casa, perguntando aos pais quando os poderia ir buscar e os Pais, extremamente angustiados, sem saber se iriam ser presos ou impedidos de partir, respondiam que o ursinho já estava do lado ocidental á espera dele.
Os alunos ficaram especados nas cadeiras a ouvi-lo e nem conseguiam fazer perguntas ( em alemão), acabaram por faze-las em português e eu traduzi.
Hoje as escolas que pudessem deviam convidar um prof alemão que fosse contar aos alunos o que se passou, de viva voz.
Era o que eu faria, se ainda fosse professora.
Impressionante!
É a palavra que melhor descrve Berlim. Pela sua dimensão (maior da Europa), pela sua beleza, por ser imperial, por se sentir e respirar História, por nos emocionar, por nos fazer sentir pequenos e esmagados, mas ao mesmo tempo por no fazer sentir grandiosos e humanos. Adorei Berlim, e tenho uma admiração muito especial pelo povo alemão.
Um povo que vive para o desenvolvimento, para o progresso, para o bem-estar comum, para o próximo, para o mundo, ou seja, um povo generoso e altruísta; e, ao mesmo tempo, um povo simples na maneira de viver, afável, honesto, e preocupado com o essencial da vida.
Parabéns por esta data única e tão marcante na História!
PS: Aconselho também o filme "A vida dos outros".
Catarina
Fisrt we take Manhanat, then we take Berlin! - e, portanto, seguindo o que aconselha o nosso amigo Leonard Cohen - vamos tomar Berlin. Quando?
Dislexia! Manhatan!!!
Take Berlin....and take it with me!
Pois eu cheguei 3 semanas antes à Alemanha para iniciar o meu doutoramento e no fim-de-semana anterior à queda do Muro decidi ir passear a Berlim!Ninguém podia imaginar que daí a uma semana tudo iria acontecer! Foi incrível! Uma semana antes eu fixava angustiada as marcas simbólicas de jovens - como eu - que procuravam desesperadamente a liberdade...Nunca pensei que a mudança fosse possível em tão pouco tempo. Uma experiência inesquecível todos os meses que depois vivi na Alemanha, assistindo ao confronto de culturas e identidades.
Helena Freitas, Coimbra
também tenho uma pedrinha dessas :)))
lembro-me da emoção que senti, quando ma deram, tinha eu uns insignificantes 18 aninhos, mas que vibravam de todo o poder contestatário da prateleira... :D
é giro passear no seu blog :)))
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