quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Estado laico ou confessional?

O Tribunal Europeu dos Direitos Humanos condenou a Itália por insisitir em colocar crucifixos nas salas de aula dos estabelecimentos do Ensino Público. O Vaticano reagiu - como sempre faz -, mas para mim a questão é pacífica: se o Ensino Público é laico, como é o caso em Portugal, não deverão estar, nas salas de aula, quaisquer elementos figurativos religiosos, salvo os que se encontrem em quadros ou outros elementos de decoração ou relativos à aprendizagem.

Será tão difícil a Igreja entender isto, ou continuará per omnia saecula saecolorum a tentar impor as crenças religiosas a uma sociedade que deve ser livre nas suas opções?

7 comentários:

Virginia disse...

Concordo em absoluto. Para já os crucifixos nas salas de aula são obsoletos numa escola pública e recordam-me a antiga senhora. Deviam ter era trabalhos dos alunos, posters, cartazes, coisas bonitas para decorar cubos cinzentos de betume com luzes fluorescentes.

PS. Adoro essa pintura de Paul Cornoyer ao lado. Lindíssima.
E o GOLO do Falcão, não foi glorioso?????

Elisete disse...

Também concordo. Acho que os italianos têm que fazer uma visita à nossa escola, não acha, Pai Mário?

Larose disse...

os católicos deviam era preocupar-se com outro tipo de coisas .....

Mário disse...

Actualmente, em Portugal, os símbolos religiosos só são retirados se houver queixa por parte dos pais - é errado, quanto a mim.

Deveriam estar ausentes e, quanto muito, se algum pai quisesse, proporia á escola e seria admitido se nenhum dos outros pais ou professores se opusesse.

Como é que uma instituição que tanto apregoa a humildade pode ser às vezes tão arrogante?

disse...

Em vez de ensinarem o hino a escola, ensinem os miúdos a rezar! É útil para quando crescerem e forem ao futebol: em lugar de se pancadearem, rezam todos para que a sua equipa vença.

A figura de Jesus - perdão pela linguagem - toda esmurrada é aceite e normal apenas porque sim. Porque é uma imagem que cresceu connosco, porque há muito que ela própria é uma instituição, etc.
No entanto uma parede de uma escola ostentando, por exemplo, a figura de Salomé decapitando S. João Baptista (também este um episódio bílbico), uma belíssima pintura de Caravaggio, seria inaceitável:)

Mário disse...


Concordo, embora até ache que os crucifixos têm o seu quê de místico. José Régio coleccionava-os e a sua casa de Vila do Conde tem uma excelente amostra. Há crucifixos que são obras de arte, e gosto deles assim como detesto a arte sacra, roupas de bispos, tiaras, bácolos e sei lá mais o quê. Só penso que, tudo derretido, dava para pagar as vacinas a todas as crianças do mundo, mais os programas de dessalinização da água em Cabo Verde, vencer a malária e mais uma data de coisas... mas enfim...

disse...

eheheheh! Muito bom!:)
Curioso é que acabei agora mesmo de ler um livro de José Régio: O Príncipe com Orelhas de Burro.
Estou a fazer noite na clínica, os doentes dormem e vá lá encontrar-se sono no reino de Traslândia...
Que este computador sirva, de vez em quando, para coisas bem mais agradáveis do que para fazer apenas relatórios de radioterapia...