sábado, 19 de dezembro de 2009
eléctricos de Lisboa
Fotografias: MC
Gosto dos eléctricos de Lisboa. Os antigos, antes dos rápidos "forrados" a Coca-Cola ou a qualquer perfume.
Os eléctricos representam a memória e o vagar que o dia-a-dia, especialmente numa grade urbe, tem de cultivar.
Há inúmeras representações de eléctricos - azulejos, pinturas, aguarelas, pequenas réplicas - algumas delas muito bonitas. Embora vão escasseando, são um ícone da cidade, e vale a pena demorar o olhar neles.
Um amigo meu comprou uma vez um eléctrico velho, à Carris, e colocou-o na Praia do Baleal, fazendo dele a sua "casa de férias". Outro amigo meu colecciona tudo o que tem a ver com eléctricos. É um fenómeno bonito, e o museu da Carris mostra bem a evolução desde o "americano".
Bom fim de semana!
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13 comentários:
Também gosto imenso de eléctricos. Fazem-me lembrar histórias, como aquelas que se contavam da Casa do Ardina. Lembro-me de andar de eléctrico com o Avô para a Sociedade de Geografia, avanida abaixo. E também me lembro de dormir em cada deles e à noite se ouvirem os eléctricos a descer a Alexandre Herculano, em correria (!).
Aqui tb há os históricos que fazem a Baixa portuense e descem até à Foz. Andam sempre vazios, apesar de serem esplendidos.
Com efeito, Lisboa era, em tempos, uma cidade invdida de eléctricos - mais sustentável portanto. Acontece que toda a gente andava de transportes públicos e por isso, os elétricos abarrotavam de lisboetas, ainda por cima quando os hábitos de higiene não tinham a mesma significcação que têm hoje ( é a minha ideia )
A minha " voltinha dos tristes", fi-la inúmeras vezes com a minha avó, para passear: era o pecurso do eléctrico 25/26 que fazia a chamada " circulação" , isto é passava a Campo de Ourique ( capital de Lisboa :) ) dava a volta à cidade e passava de novo no mesmo sítio, digamos que era um eléctrico sem destino. Velhos tempos...
Também me recordo, com muita saudade, do barulho dos eléctricos a descer a Alexandre Herculano, e eu, quentinho, a dormir no escritório do Avô...
São ecológicos, bonitos, mansos, e é engraçado as cumplicidades que se estabelecem entre os utilizadores "do costume".
É uma pena Lisboa não acarinhar os seus eléctricos... faz dó ver os carris que ainda sobram em ruas onde eles já não passam. Se algo consola, é saber que há outras cidades que aproveitam o que a minha desperdiça.
...e o gozo que dava andar na "pendura" só pela reguilice da pendura?
O que eu andei de eléctrico!
Todos os dias, do Bom Sucesso ou de Belém até Santos ou ao Conde Barão, às vezes, porque antes das 7.30 horas da manhã, nos chamados 'Carros Operários' nos quais uma ida-e-volta custava oito tostões (0,004 Euros!!!), sempre cheios (cheguei a ir pendurado na porta de trás e, uma vez caí para rua mas, por sorte, não fui atropelado e 'escapei' só com alguns arranhões que, mesmo assim tive dificuldade em justificar aos Pais...) mas, às mesmas horas, sempre as caras do costume, chegando mesmo a haver cumplicidades quando se conseguia ir à frente, na cabina do Guarda-Freio, onde se discutia apenas futebol (nesse tempo, apenas contavam o Benfica, o Sporting e o Belenenses...). E os eléctricos que tinham um pára-choques grande e curvo/bambeado, com bancos de correr e apenas com uma lonas a servirem de resguardos nos lados, entrando chuva a granel sempre que era soprada pelo vento...
Que saudade!...
Eu também apanhava o "carro operário" de Belém, para S.Amaro para depois ir a pé para a Francisco de Arruda, e mais tarde até ao Calvário, para ir para a Marquês de Pombal.
Por sorte nunca caí nas minhas penduras...
Nunca andei à pendura, mesmo quando os meus colegas andavam - já nessa altura andava preocupado com a segurança infantil, "raios me partam". Perdi uma experiência inolvidável, decerto, mas agora já estou um bocado tosco para essas aventuras...
(a última foi há seis meses, a andar sobre um muro com 15 cm de largura, ao lado de uma ravina de 3metros com pedregulhos no chão, à procura de uma bola de futebol dos meus filhos...).
E aquelas fantásticas peças de museu que eram os lindísimos bilhetes ( o do 25 eram de trezes tostões )multicolores, muito pequeninos, que eram obliterados no número correspondente à àrea em que nos encontrávamos?
O museu da Carris é realmente fantástico, adorámos lá ir da 1ª vez e voltamos entretanto já mais 2. Moramos numa rua de LX onde passa o 28, que volta e meia apanhamos, sem ser à pendura, claro, embora venha sempre "à pinha". Nunca vi ainda um 28 vazio ou meio vazio, nem mesmo à noite. Também gostamos todos de adormecer a ouvi-lo passar, embora por vezes a casa trema, só um bocadinho, mas treme. O meu filho gosta em especial da buzina do eléctrico: - olha, lá está mais um carro mal estacionado... diz ele. E acerta sempre. A vida dos eléctricos, do "28 Prazeres", nem sempre é fácil na minha rua. Mas é um mimo, ainda assim, isso é.
Quanto a carros mal-estacionados, li que foram agredidos funcionários da EMEL, em Campo de Ourique.
Os Lisboaetas têm anti-corpos estranhos. Alguns deles " atacam " , institivamente funcionários da EMEL. Esses anti-corpos têm também efeitos ao nível do comportamento: geram uma atitude que transforma " o ser contra" os referidos funcionários, em uma espécie de moda ou determinante social, o que por sua vez transforma quem com eles simpatiza numa espécie de " avis rara" perigosa e provocadora.
Eu pertenço a esta espécie de " avis-rara" e com muito orgulho...
Também sou avis rara, Miguel. Concordo que o trânsito (e os condutores) tem de ser disciplinado e regulamentado. Como peão lisboeta, posso dizer que, comparado com há dez anos... não há comparação.
Claro que, por vezes, são demasiado rigorosos: 10 minutos de atraso e, pimba. Por outro lado, o que também irrita alguns condutores é ver carros em cima de passadeiras ou em segunda fila, a atrapalhar o trânsito, e a EMEL passa por eles, e depois vem arengar com quem passou da hopra um bocadinho.
Todavia, acho que é a única maneira de "civilizar" as pessoas (leia-se: condutores, a espécie mais selvagem do mundo animal).
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