terça-feira, 22 de dezembro de 2009

momentos alentejanos

Recuerdos de um passeio ao Alentejo. As imagens dizem da beleza desta Região.
Frio e sol = excelente combinação.

Fotografias: MC





16 comentários:

Anónimo disse...

Foi um dia muito bem passado e o Alentejo continua lindo e inspirador, o suficiente para inspirar tão bom fotógrafo.

Catarina

Mário disse...

Obrigado. A companhia é que motivou o fotógrafo...

Virginia disse...

Excelentes fotografias....não sei se a inspiração veio da companhia, se da paisagem que é mesmo idílica...ou das duas.
Belos passeios!

joaopedrosantos disse...

Deu-me vontade de passar por lá, de facto. Que belas paisagens. Uma terra que transpira tranquilidade.

miguel disse...

Diria mesmo mais...que belas paisagens; que belas fotografias.

Temos, de facto um país bonito, paisagisticamente falando. Mesmo no verão, o contraste do Alentejo com a aridez andaluza é flagrante. Que o diga quem vem de Sevilha, por exemplo, durante o mês de Agosto ( entrando por V. V
Ficalho)

Sevilha, essa, é belíssima.

Elisete disse...

Adoro a paisagem alentejana. Recentemente passámos um fs em Mértola e aproveitámos para explorar o Parque Natural, para ver pássaros e ir ao Pulo do Lobo. Lindo! Quanto às gentes alentejanas, confesso que já não posso dizer que gosto. Prefiro as de Lisboa para cima.

miguel disse...

Elizete: Os alentejanos são boa gente mas quiçá por via do clima e da imensidão dos campos a trabalhar, têm a fama de ser um pouco preguiçosos. Juntamente com esta característica , ou talvez por causa dela, conjugam os mais íntimos momentos no colectivo.

Todos sabemos, por exemplo, que no momento da concepção são precisos 5 alentejanos e uma alentejana. Esta, espera,como lhe compete, no leito conjugal. Um deles ( o conjuge ) simula o coito. Os outros 4 abanam o referido leito. :))))

p.s.- desculpem, não resisiti. Peço desculpa, em particular, ao editor. Se quiser retirar o comentário retire, mas, por favor, não se aborreça comigo!

Anónimo disse...

Boa!...

Mas para constratar, e pelo muito apreço que tenho pelo Alentejo (não fui para lá viver porque a saúde o não permitiu), deixo aqui um poema da maior poetisa alentejana - Florbela Espanca - sobre o 'seu' Alentejo:

No meu Alentejo

Tudo é tranquilo e casto e sonhador...
Olhando esta paisagem que é uma tela
De Deus, eu penso então: Onde há pintor
Onde há artista de saber profundo,
Que possa imaginar coisa mais bela,
Mais delicada e linda neste Mundo?

Virginia disse...

Gosto do Alentejo....mas já estou aqui a puxar a brasa à minha sardinha...olhem que Trás os Montes não lhe fica atrás - e em relação às pessoas então não vos digo nada, são mesmo fixes, simpáticas e inteligentes, fiuzeiras, mas não como no Minho.
A paisagem é um espanto, dos montes aos vales, as amendoeiras em flor, as flores pelas encostas adentro, o ar puro, tudo é belo em Trás-os-Montes. Vivi lá dois anos e sei do que falo. O Alentejo é bonito para se ver, mas não tem o dramatismo do Gerês, do Douro ou do nordeste.
Não estou a minimizar a grandeza das planícies, mas a lembrar outras maravilhas deste Portugal profundo!

Anónimo disse...

Não há dúvida que Tràs os Montes também tem o seu 'quê'. Estive lá em Setembro e isso pude constatar. Parece-me difícil comparar o Alentejo e a Província Transmontana tal a diversidade entre ambas. As duas são parte de um Portugal belíssimo que, infelizmete, não é muito conhecido.

Como homenagem a Tràs os Montes, deixo aqui um escrito de Miguel Torga sobre esta região:

Miguel Torga - Um Reino Maravilhoso (Trás-os-Montes)

Vou falar-lhes dum Reino Maravilhoso. Embora muitas pessoas digam que não, sempre houve e haverá reinos maravilhosos neste mundo. O que é preciso, para os ver, é que os olhos não percam a virgindade original diante da realidade, e o coração, depois, não hesite. Ora, o que pretendo mostrar, meu e de todos os que queiram merecê-lo, não só existe, como é dos mais belos que se possam imaginar. Começa logo porque fica no cimo de Portugal, como os ninhos ficam no cimo das árvores para que a distância os torne mais impossíveis e apetecidos. E quem namora ninhos cá de baixo, se realmente é rapaz e não tem medo das alturas, depois de trepar e atingir a crista do sonho, contempla a própria bem-aventurança.
Vê-se primeiro um mar de pedras. Vagas e vagas sideradas, hirtas e hostis, contidas na sua força desmedida pela mão inexorável dum Deus criador e dominador. Tudo parado e mudo. Apenas se move e se faz ouvir o coração no peito, inquieto, a anunciar o começo duma grande hora. De repente, rasga a crosta do silêncio uma voz de franqueza desembainhada:
- Para cá do Marão, mandam os que cá estão!...
Sente-se um calafrio. A vista alarga-se de ânsia e de assombro. Que penedo falou? Que terror respeitoso se apodera de nós?
Mas de nada vale interrogar o grande oceano megalítico, porque o nume invisível ordena:
- Entre!
A gente entra, e já está no Reino Maravilhoso.

Um mundo! Um nunca acabar de terra grossa, fragosa, bravia, que tanto se levanta a pino num ímpeto de subir ao céu, como se afunda nuns abismos de angústia, não se sabe por que telúrica contrição.
Terra-Quente e Terra-Fria. Léguas e léguas de chão raivoso, contorcido, queimado por um sol de fogo ou por um frio de neve. Serras sobrepostas a serras. Montanhas paralelas a montanhas. Nos intervalos, apertados entre os rios de água cristalina, cantantes, a matar a sede de tanta angústia. E de quando em quando, oásis da inquietação que fez tais rugas geológicas, um vale imenso, dum húmus puro, onde a vista descansa da agressão das penedias. Mas novamente o granito protesta. Novamente nos acorda para a força medular de tudo. E são outra vez serras, até perder de vista.
Não se vê por que maneira este solo é capaz de dar pão e vinho. Mas dá. Nas margens de um rio de oiro, crucificado entre o calor do céu que de cima o bebe e a sede do leito que de baixo o seca, erguem-se os muros do milagre. Em íngremes socalcos, varandins que nenhum palácio aveza, crescem as cepas como os manjericos às janelas. No Setembro, os homens deixam as eiras da Terra-Fria e descem, em rogas, a escadaria do lagar de xisto. Cantam, dançam e trabalham. Depois sobem. E daí a pouco há sol engarrafado a embebedar os quatro cantos do mundo.
A terra é a própria generosidade ao natural. Como num paraíso, basta estender a mão.
Bata-se a uma porta, rica ou pobre, e sempre a mesma voz confiada nos responde:
- Entre quem é! Sem ninguém perguntar mais nada, sem ninguém vir à janela espreitar, escancara-se a intimidade duma família inteira. O que é preciso agora é merecer a magnificência da dádiva.
Nos códigos e no catecismo o pecado de orgulho é dos piores. Talvez que os códigos e o catecismo tenham razão. Resta saber se haverá coisa mais bela nesta vida do que o puro dom de se olhar um estranho como se ele fosse um irmão bem-vindo, embora o preço da desilusão seja às vezes uma facada.

Virginia disse...

Lindíssimo texto. Andei à procura de poemas do MT e tu acabas com uma prosa maravilhosa. É isto mesmo a província mais remota de Portugal. Quem a não conhecer, que venha em Fevereiro ou na Primavera...ou no inverno se for para uma estalagem aquecida. Neste momento está tudo branco e neva. Que mais lindo há para ver?

miguel disse...

E a respeito dessa belíssima zona ( ou ali perto), da sua solidão, das suas fragas e mistérios , além de MT, destaco também a forma estranhíssima de escrever do Aquilino Ribeiro ou a sensibilidade sem limites do Virgílio Ferreira. Ambos escreveram também sobre as terras para lá do Marão...ou não?

Mário disse...

Esgive em Trás-os-Montes algumas vezes, a última há cerca de quinze anos, a fazer sessões para os médicos e enfermeiros do distrito de Bragança, e a dar a "boa-nova" do então novo Programa Nacional de Vacinação.

Na altura, a LAR fazia descontos para os profissionais do Ministério da Saúde (50%!!!), pelo que viajávamos de avião - viagens magníficas, a baixa altitude, só que ainda não tinha máquina digital... mas recordo-me de sobrevoar a barragem da Aguieira, ou de ver a Serra da Estrela bem perto.

A chegada ao aeroporto de Bragança era muito gira: parecia que nos íamos esmagar contra uma serra, mas depois o avião fazia uma volta e aterrávamos no aeroporto. Era um Dormier de 18 lugares.
Um dia, ao chegarmos a Vila Real, o avião tardou em pousar na pista - ora eu tonha acabado de ler um artigo em que diziam que, se falhasse a aterragem na primeira metade, mal seria se tocasse porque não poderia levantar e esmagar-se-ia. Lá vi passar a pista, a rezar (naquela altura tudo servia!) para que o piloto subisse... e só quando vi que estávamos outra vez sobre a Casa de Mateus é que vi que não morria ali.
Noutra, depois de parar em Vila Real e tomarmos um café no aeroporto, arrancámos e... a meio da pista, travagem de pé, brusca, com regresso ao início da pista: o piloto tinha-se esquecido de pôr o motor do lado direito a rodar, e com um só haveria de ser complicado...

Boas recordações, mas principalmente a beleza de Vila Real e de Bragança, o gozo de Rio/Ryo de Onor, a paisagem de centeio, milho e trigo em Junho, a melancolia e sossego da vista da varanda da Pousada, com um livro na mão e um gin a aboborar, e finalmente a posta mirandesa comida ao ar livre com cantares trasmontanos. Boas recordações.

Mário disse...

Belos textos - Filipe, o de Torga é maravilhoso, como o título.

Mário disse...

Só mais uma coisa: nestas andanças, a Catarina conduz e eu fotografo: todas elas foram tiradas em andamento... em bom andamento, diga-se... valha a opção "desporto" da minha máquina.

carla santos disse...

ai ai o alentejo, a calmia, a tolerancia com a diferença, o equlibrio, a minha alma !
boas viagens por lá...
carla santos